𝓟𝓻𝓸́𝓵𝓸𝓰𝓸

43 8 3
                                    

Agora eu sei que você me ama

Você não precisa me lembrar disso

Eu deveria deixar tudo isso pra trás

Não deveria?

WILDFLOWER - Billie Eilish

Sinto os braços do meu namorado em volta do meu corpo, apertando-me contra ele

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Sinto os braços do meu namorado em volta do meu corpo, apertando-me contra ele. Seu toque deveria me trazer conforto, mas não é isso que sinto. Ele inala o meu perfume, e o calor de sua respiração se espalha sobre minha pele enquanto apoia o queixo no meu ombro.

— Veja como combinamos — murmura Daniel, com um sorriso leve, quase possessivo, antes de beijar meu pescoço.

Um arrepio percorre meu corpo, mas não de amor. É um arrepio de repulsa, de memórias que eu daria tudo para esquecer. Eu fecho os olhos, e uma onda de ódio cresce dentro de mim, misturada com mágoa e raiva que mal consigo controlar. Daniel não percebe o quanto me machucou, ou talvez, escolhe não perceber.

— Não acho — murmuro, tentando me afastar minimamente de seu toque. Ele me olha sério, os olhos escuros e frios.

Você não tem esse direito — diz, com a voz cortante — Não depois de tudo o que vivemos.

"Depois de tudo"... As palavras ecoam em minha cabeça. Ele não tem ideia do que significam para mim. Depois de tudo que ele me fez passar... a angústia, a dor, o sentimento de invasão. A minha inocência arrancada à força, o peso de um segredo que eu carrego sozinha. Sinto minha respiração acelerar, e tento engolir o nó que se forma em minha garganta.

— Daniel, não... — minha voz falha, quase um sussurro. Eu queria dizer mais, queria gritar, mas as palavras se engasgam. — Não deveria ter sido assim...

Dentro de mim, uma sensação amarga e sufocante toma conta. Me sinto suja, como se o meu próprio corpo não me pertencesse mais. Como ele pode achar que eu o amo, que há qualquer resquício de sentimento positivo, depois de tudo que ele me fez? Tento me soltar de seu abraço, mas ele me segura com força, suas mãos apertando meus braços, me obrigando a encará-lo, como se eu fosse um brinquedo sem vontade própria.

— Você precisava disso, Carolina! — ele diz, com um tom de certeza fria que faz meu estômago revirar. Suas mãos se fecham em torno do meu queixo, segurando-me firme. — Foi para o seu próprio bem. Eu estou fazendo isso por você.

O desespero cresce dentro de mim, uma sensação de afogamento que parece me sufocar. Cada fibra do meu ser implora para escapar, para correr e deixar tudo para trás, mas ele está ali, me mantendo presa, me encarando com aqueles olhos que não mostram nada além de controle e domínio. Eu reúno toda a força que tenho, cada gota de coragem que resta em mim, e consigo me soltar. Num impulso, corro em direção à porta, sem pensar, apenas desejando estar longe dele, longe desse quarto, dessa sensação.

Mas antes que eu alcance a saída, sinto sua mão agarrar meu braço novamente, puxando-me para perto com brutalidade, me prendendo contra ele mais uma vez. Sua boca se aproxima do meu ouvido, e o tom da sua voz é um sussurro ameaçador.

— Onde você pensa que vai? — ele diz, cada palavra carregada de uma frieza calculada — Seremos eu e você até o final de tudo, Carolina. Não há mais escapatória.

O peso de suas palavras cai sobre mim como uma sentença, e percebo o quanto estou presa. As paredes do quarto parecem se fechar, e a única coisa que sinto é desespero. Tento, desesperadamente, encontrar uma saída, uma resposta, mas tudo que me ocorre é o mesmo pensamento

 o que eu faço?









 o que eu faço?

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
HeathensOnde histórias criam vida. Descubra agora