Promessa Perigosa

CAPÍTULO 16 - Outono

POV OLÍVIA.

Os dias estavam passando lentamente em minha mente, o outono chegou com a umidade, o frio extremo e as folhas secas caindo por todo o lado. Estou me olhando no espelho nesse exato momento, estão notáveis minhas olheiras e o olhar pesado. Eu não tenho dormido muito bem, e estou esperando também ligações de algo promissor e isso está me deixando frustrada e extremamente triste, eu não consigo viver em paz ou ter o mínimo de sossego.

Eu queria ver o sol nesses dias nublados, em todos os sentidos.

Em tempos frios eu sou mais suscetível a ficar doente, sinto muito frio e vivo à base de remédios a maioria das vezes em épocas frias, dá pra contar nas mãos às vezes que fiquei bem em tempos assim. Eu peguei uma gripe fortíssima e para minha infelicidade, Cristian percebeu obviamente e vem comprando remédios de origem russa que ele diz ser bom para curar resfriados, hoje mais cedo eu tive febre mas eu não contei a ele já que estava indo trabalhar por nós dois depois que expliquei o que tinha que ser feito na empresa, mas pedi que me ligasse em caso de dúvidas.

E devido a situação eu deveria ter ficado totalmente distante como eu vinha fazendo, mas ele disse que não ficaria longe mais e realmente não ficou, entretanto não houve nada entre nós dois depois do que houve na empresa, mas eu fiquei tão pensativa, eu queria muito saber se ele me odiava, mas eu não tinha tempo para isso, eu precisava também achar alguma coisa sobre ele mas ele grudado em mim não consegui nada.

São oito horas da noite, ele ainda não chegou pois disse que tinha coisas acumuladas por conta desses dias que não fui trabalhar, saí do banheiro e fui para o quarto indo em direção a cômoda e pegando remédio para dor no corpo e febre, pois estava querendo voltar outra vez, tomei os comprimidos com uma garrafinha de água que estava sempre comigo e fui andando devagar até a minha cama me sentar.

Sentei-me ali sentindo dor e desconforto, Cristian vem cuidando de mim da maneira dele, é estranho, ele está agindo totalmente diferente, é como se eu fosse quebrar a qualquer momento para ele e eu sequer posso respirar errado. Ele tem dormido agarrado comigo esses dias como se eu fosse fugir dele, e bom, não é mentira, eu pensei nisso muitas vezes mas sei que ele me acharia, eu sinto isso mesmo sem nunca ter tentado. Eu sinto a intensidade nas palavras não ditas, no seu olhar e seus gestos, mas sinto contradição disso com as suas palavras e suas atitudes, e muitas vezes parece que estou me iludindo. Ele está cuidando de sua esposa da forma que pode, meio desajeitado mas está, e ele tem que fazer isso se não ficaria estranho para outras pessoas, mas porque quer dormir comigo sempre emaranhado?

Eu fico confusa, será que ele está fazendo isso por eu ter dito que gostava dele? Eu queria tanto saber o que se passa na cabeça dele, mas toda vez que ele me olha com aqueles olhos azuis e confusos eu fico tão confusa quanto ele, eu tenho a sensação de que ele também tenta me entender mas uma voz em minha cabeça me diz que não é isso, Cristian não gosta de mim, é apenas carnal... físico. Ele teve tantas outras e nunca amou, porque eu seria a primeira? O que de especial eu tenho? Só estamos unidos pelas circunstâncias, não é nada e nunca vai ser.

O quarto estava parcialmente escuro, apenas com a luz vindo do closet iluminando um pouco ali o quarto, uma ideia surgiu em minha mente vagarosa como uma pequena faísca de repente prestes a botar fogo em tudo: E se ele guarda algo nas suas coisas ali e não no escritório dele? Me ergui devagar, sentindo meu corpo ainda quente e pesado e fui até lá, abri a porta e ali dentro era como outro quarto, enorme e espaçoso com nossas roupas penduradas em cabides e as outras guardadas em gavetas. Andei devagar e fui até onde ficava as coisas dele e olhei com cuidado, suas roupas estavam perfeitamente arrumadas por tons do mais claro ao mais escuro e estavam muito cheirosas, comecei a mexer ali em busca de algum papel, eu não sei exatamente ainda, esses dias não tive mais notícias de Vincent e sobre a investigação e eu não tive tempo e nem liberdade de ir ao escritório de novo.