Eu AMO você, mas eu [não] preciso de VOCÊ?

✨ Palco de Incertezas: Equilibrando Emoções e Sonhos ✨

CAPÍTULO – 1

S/n

Acordei com o coração acelerado, as mãos suando e um frio intenso na barriga. Era o meu primeiro dia de trabalho na cafeteria do Hotel Royal. E se eu tropeçasse logo no primeiro pedido? Não conseguiria tirar da cabeça a expressão séria do meu chefe, e o medo de não conseguir atender às expectativas dele — e, principalmente, dos clientes — cresceu em mim. Levantei antes mesmo do alarme tocar e corri até o banheiro. Liguei o chuveiro e tomei um banho quente, tentando amenizar o nervosismo e a ansiedade. No entanto, ao sair e pegar o uniforme, percebi que a tentativa havia sido em vão. Respirei fundo, vesti-me e prendi o cabelo em um coque, como era exigido no visual dos atendentes — um estilo que, por sinal, eu odiava. Mas até que ficou bom em mim. Em seguida, desci para preparar o café da manhã. Fiz algumas panquecas, fritei um ovo e passei um café forte. Quando estava quase pronta para sair de casa, senti meu celular vibrar. Olhei para a tela: era uma ligação da minha mãe. Atendi imediatamente.

— Oi, mãe, que saudades. — A voz saiu embargada antes mesmo de eu conseguir controlar. Senti meus olhos começarem a arder, e uma pequena bolsa de lágrimas se formou no canto dos meus olhos, que eu tentei piscar de volta.

— Oi, meu amor, também estou morrendo de saudades. — A voz suave da minha mãe do outro lado da linha fez meu peito apertar. Ela percebeu meu tom hesitante e continuou, como se quisesse me acolher à distância. — Está nervosa para o seu primeiro dia de trabalho? Já tomou café? Conseguiu organizar as coisas direitinho? — Perguntas rápidas, típicas dela, e eu sorri ao ouvir. Ela me conhecia de um jeito que poucas pessoas conhecem, e era quase como se pudesse me ver através do telefone. O cuidado em sua voz me envolveu como um abraço invisível, e por um segundo, o nervosismo quase cedeu.

Olhei pela janela da cozinha, onde o sol tímido da manhã começava a iluminar as ruas ainda meio vazias. O movimento lá fora contrastava com a minha inquietação interna.

— Na verdade, estou um pouquinho ansiosa, mãe. — Quis parecer mais tranquila, apesar do nó que sentia no estômago. — Levantei um pouco mais cedo para tomar café e chegar logo, conhecer melhor o lugar. — Disse, inventando na hora uma desculpa que soava terrível até para mim. A verdade era que eu estava fugindo do nervosismo.

Houve um breve silêncio, daqueles cheios de compreensão.

— Que bom, filha. Então, não vou te segurar mais. Ligo para você mais tarde, não quero que se atrase. E não se esqueça — o tom dela ficou mais firme, mas sempre carregado de carinho —, não há nada que você não possa fazer. Beijo, meu amor. Se cuida e tenha um bom trabalho. Te amo. — Ela sempre sabia como dizer as palavras certas. Era como se ela soubesse que eu estava me segurando para não desabar. E foi direta, sem enrolar, me oferecendo a força que eu precisava.

Respirei fundo, tentando absorver aquele encorajamento.

— Obrigada, mãe. Estarei esperando sua ligação. Também te amo muito e estou morrendo de saudades. Pode deixar, vou tomar cuidado. Tchau. — Ao desligar, guardei o celular na bolsa e olhei ao redor da cozinha. As panquecas esfriavam no prato, o café ainda soltava um leve vapor.

O apartamento estava quieto, exceto pelo tique-taque do relógio, que parecia ficar mais alto quanto mais eu prestava atenção. Aquele silêncio me envolveu por um instante.

Senti uma onda de gratidão por ter falado com minha mãe. Ela sempre sabia o que dizer para transformar minha insegurança em coragem. O que era um frio na barriga agora parecia apenas uma leve inquietação. Sorri para mim mesma, mais determinada. Chequei mais uma vez se tinha pego tudo — chaves, celular, carteira — e saí de casa, fechando a porta com um clique suave. O dia estava só começando, e eu estava pronta para enfrentá-lo.