Anos atrás
Dylan
Sempre escolhi os presentes que dou a Emma com muito carinho, pois ver o seu sorriso aberto é o meu maior vício. Além disso, os nossos aniversários são os únicos dias do ano que posso agir com os meus sentimentos, assim, ficou acertado com a minha mãe. Então, principalmente por esse motivo, faço de tudo para desfrutar das vinte quatro horas do dia perto dela, uma vez que seria desperdício passar um minuto sem ela. Começamos no café da manhã e depois seguimos um cronograma que a ruiva fazia questão de planejar.
Meus olhos pousavam mais uma vez sobre a nossa foto no parque, tirada no aniversário de Emma. Eu me lembro bem daquele dia. Meu pai insistia que o jogo, o qual nós seguíamos a caminho de outra cidade, seria imperdível, mas a cada quilômetro da viagem, a angústia apertava mais forte no peito. A única saída que enxerguei foi inventar uma desculpa para escapar e aproveitar o dia ao lado dela.
E lá estávamos nós, em meio às risadas e ao vento leve daquele fim de tarde, enquanto o jogo ficava para trás, distante e insignificante.
Mas isso tudo agora está no passado, e eu e Emma finalmente teremos uma chance. Não irei depender de dois dias do ano para ter momentos especiais com a ruiva, pois desde que a minha mãe me informou da possível cura da mãe da garota, eu venho me aproximando muito dela. E ontem... eu finalmente beijei ela como gostaria, e tive a prazer de tê-la a noite inteira por perto, de poder passar a mão em seu cabelo e distribuir pequenas caricias em suas bochechas – gostava da tonalidade que minhas digitais causavam nelas, aquele tom vermelho é tão delicado.
Coloquei a foto no bolso da calça assim que Luiz se aproximou, batendo em minhas costas e me chamando para ir em uma festa que ia ter na casa dele, mas logo recuso, então, o garoto dá de ombros e vai embora. Estava ansioso, e minhas mãos parecem querer tremer cada vez mais, e por isso, enterro elas nos bolsos do moletom. Ainda tenho que passar no mercado para comprar alguns doces para a ruiva, pois como a sua mãe viajou para cuidar da saúde, Emma estava esses dias na minha casa.
Porém, quando finalmente saio da quadra, com o término do treino, o meu celular toca, é a minha mãe.– Oi, Dylan – a voz da minha mãe soou pelo telefone, baixa e pouco amistosa, como se já soubesse o que estava por vir.
— Oi – respondi, com um nó no estômago, já antecipando a conversa que se desenrolaria a seguir. Minhas mãos, que antes tremiam de ansiedade, finalmente se aquietaram.
— Sei o que você está pensando em fazer, filho, mas por favor, não faça isso — disse ela, com aquele tom grave, como se conhecesse cada detalhe da minha noite anterior.
— Mas por que? – rebati de imediato, sentindo o coração apertar. Eu sabia que essa conversa não terminaria bem.
— A doença de Lya é imprevisível, Dylan, e já falamos sobre o resto — sua voz agora tinha um peso que me atingiu em cheio.
— Eu posso ser mais do que um amigo da Emma — retruquei, tentando me justificar, me agarrando à última gota de esperança. — Por que você não confia no seu próprio filho?
— Porque eu sei muito bem onde isso vai dar, meu filho — respondeu, suavizando as palavras, mas sem aliviar o impacto.
— Eu não consigo! — exclamei, a frustração transbordando enquanto balançava a cabeça, sentindo a parede invisível de sua resistência.
— Você vai conseguir. Eu não quero que a história de Lya se repita com Emma. É doloroso demais... Lya adoeceu de amor, da angústia que sentia.
— Eu nunca faria isso com a Emma! Confia em mim! — minha voz agora estava mais alta, quase uma súplica.
— Filho... as coisas mudam com o tempo —ela repetiu a mesma frase de sempre, como se fosse a resposta definitiva para qualquer argumento.
A verdade é que, às vezes, me pergunto se minha mãe pensa que está criando um monstro, que o meu amor por Emma não fosse intenso. Talvez porque ela mesma vive um casamento infeliz com meu pai, assim como a mãe de Emma também vivia. A diferença é que os pais de Emma nem se davam ao trabalho de disfarçar. Eles deixavam a mágoa transbordar. .
— Mudam? E como ainda amo a Emma? — questionei, com uma energia que parecia sair do fundo do peito, quase como um grito de desespero. —Me explica! — exigi, esperando uma resposta que não veio. Do outro lado da linha, o silêncio dela era ensurdecedor. Só me chamava pelo nome, sem dizer mais nada.
Frustrado, desliguei o celular com força e, sem pensar, descarreguei a raiva chutando a parede ao meu lado. A dor física era mínima comparada ao caos dentro de mim. Em questão de minutos, todo o paraíso que eu estava construindo em minha mente se desfez. Bastou uma ligação para destruir o que parecia tão real, tão possível.
Eu não sei se vou aguentar machucar Emma de novo. Já é difícil o suficiente encarar a verdade, e nem sei qual desculpa darei para ela da próxima vez. Será que estamos destinados a não ficar juntos? Será que algum dia terei coragem de desafiar minha mãe, ir contra seus avisos e pedir Emma em namoro?
Essa dúvida me consome. Ao mesmo tempo, o medo de minha mãe estar certa cresce dentro de mim, se espalhando como uma sombra. E se, no fim, eu acabar fazendo com Emma o que ela tanto teme? E se eu destruí-la ainda mais? O medo é constante, como uma chama que nunca se apaga, queimando devagar, mas sempre ali, cada vez mais forte.
Semanas atrás
— Precisamos conversar, Dylan — ela fala em um tom rígido.
— Eu não quero — cabeça, pois os anos se passaram e pude notar que os meus sentimentos não são facilmente mudáveis. E nesses dias a minha cabeça está a mil, pois nesses anos tudo que fazia era machucar a garota para parar de gostar de mim, porém, eu também não me conformava em ser esquecido, então, que se foda o medo de tudo der errado, até porque eu vou fazer o máximo para dar certo.
— Vamos conversar mesmo assim — ela gesticula em direção ao sofá. Apenas aceito e me sento.
— Dylan, você anda muito estressado.
— Eu estou perdendo a Emma , mãe, você acha que eu vou andar sorridente? Se eu não tivesse seguido as suas ordens – ela permaneceu calada, pressionando os lábios –Nisso tudo, você não pensou em mim? A felicidade não importa para você? – questiono, diminuindo os olhos.
— É claro que importa, não diga bobagens — negou a cabeça.
— Eu irei reconquistar a Emma, e irei pedir ela em namoro, com você aceitando ou não. E se não der certo, parabéns para você — não consigo permanecer naquele ambiente por muito tempo, e por isso subo as escadas. Vou ser um homem diferente para a ruiva.
*****
Como disse para uma florzinha, eu postei um pedaço de capítulo apenas para n ficar sem nada. Quando eu desapareço é porque tenho muita coisa da faculdade, e como ja disse, esse período eu estou pagando muita matéria de cálculo pesada, por isso quase n tenho tempo, pq sempre estou estudando para uma prova ou fazendo algum trabalho. Obrigada pelas mensagens. Amo vcs❤️❤️
Essa semana q vem vai ter mais capítulos da visão do Dylan.
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Não Somos Irmãos
Roman pour AdolescentsEmma, aos 10 anos de idade, nutre sentimentos pelo filho da melhor amiga de sua mãe. Porém, o mesmo a rejeita na época, por considera-la uma irmã. Eles crescem no meio de muitas brigas e confusões, até que Emma começa a sair e conhecer outros garot...