22.

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Estava na minha sala, cercada por pilhas de documentos e a tela do laptop ainda aberta, mostrando o fluxo de trabalho que eu tinha planejado terminar hoje. Tudo parecia estar em ordem, mas meu foco estava dividido; uma parte de mim se perguntava como Rora estava, imaginando-a provavelmente treinando com as meninas do grupo. Desde que tínhamos assumido nosso relacionamento, me sentia mais centrada, mas também mais alerta a cada notificação que surgia.

E então, o inesperado. Um alerta vermelho brilhou na tela do meu celular. Era uma notificação de emergência, do sistema de segurança que eu mesma tinha desenvolvido para monitorar ameaças de alta prioridade. A invasão estava acontecendo em uma instalação confidencial do governo. Só de ver o nível de segurança envolvido, soube que seria um chamado urgente.

Por um instante, me peguei desejando que fosse algo menor. Que eu pudesse apenas terminar o que estava fazendo, voltar para casa, e ter uma noite tranquila. Mas, ao mesmo tempo, eu sabia que esse tipo de desejo era improvável. Essa era a vida que escolhi, e essa missão — por mais arriscada que fosse — fazia parte de quem eu era.

Rapidamente, enviei uma mensagem para Rora: "Emergência. Preciso ir agora." As palavras pareciam frias na tela, distantes, mas sabia que ela entenderia. Confiava nela, e de alguma forma, isso me deu forças enquanto me preparava para a missão.

Levantei-me, fechei o laptop e dei uma última olhada ao redor. Eu me sentia como duas pessoas vivendo em um só corpo: Asa, a CEO dedicada, e Nyx, a heroína que respondia aos chamados mais sombrios da cidade. A linha entre essas duas vidas parecia ficar cada vez mais tênue, mas eu estava mais determinada do que nunca.

E com um último ajuste no comunicador e uma respiração profunda, me preparei para sair.

POV.NARRADOR

No momento em que Asa chegou ao local, uma sensação de tensão pairava no ar. O prédio onde os ladrões de informações estavam era uma instalação abandonada, repleta de sombras e corredores vazios, a cena perfeita para uma emboscada. Ela já estava ciente de que o trabalho não seria fácil — o fato de terem escolhido justamente aquele lugar indicava que conheciam o território e estavam preparados para qualquer um que tentasse interferir.

Ao entrar silenciosamente, Asa ativou os sensores em seu traje, tentando captar qualquer sinal de movimentação. Cada passo era calculado, e cada som ecoava nas paredes escuras, como um sussurro. "Preciso ser rápida," pensou, sabendo que qualquer segundo a mais aumentava o risco de as informações serem comprometidas.

Assim que localizou os invasores em uma sala de controle improvisada, notou que eram bem organizados. Estavam trabalhando em sincronia, e um deles mantinha a vigilância na porta de entrada. Asa se concentrou, respirando fundo antes de dar o primeiro passo para dentro da sala.

— Olá, pessoal. Espero que não se importem se eu interromper — ela disse com a voz firme, atraindo a atenção de todos.

O grupo se virou para ela, e em um segundo de hesitação, Asa percebeu que teria que agir rápido. Um dos ladrões, um homem alto e forte, avançou para cima dela sem pensar duas vezes. Asa desviou com agilidade, girando e aplicando um golpe certeiro em sua costela, o que o fez cambalear para trás.

— Vocês realmente achavam que isso ia ser fácil? — Asa murmurou, mantendo os olhos fixos nos demais.

Os outros três começaram a cercá-la, cada um segurando uma arma diferente. Um deles brandia uma faca longa, enquanto o outro segurava um bastão de choque. O terceiro, o mais recuado, parecia estar pronto para ativar algum tipo de dispositivo — provavelmente um alarme para chamar reforços. Asa sabia que precisava detê-los antes que conseguissem chamar mais ajuda.

Com um movimento rápido, ela lançou uma de suas lâminas retráteis contra o bastão de choque, desarmando o homem. Ele gritou de dor ao ser atingido no braço e recuou, mas logo voltou para o confronto, agora com mais raiva do que antes.

Asa sentia cada músculo do corpo em tensão, o peso das horas de treino e das lutas passadas lhe dando a precisão necessária para enfrentar os oponentes. Ela esquivou-se dos golpes, alternando entre ataques rápidos e defensivos, e a sala parecia um turbilhão de movimentos e sons. Mas mesmo assim, sentia que algo estava estranho; eles eram mais fortes e mais rápidos do que havia previsto. Era quase como se tivessem algum tipo de treinamento especial.

De repente, um dos ladrões conseguiu atingi-la na lateral, e ela sentiu uma dor aguda no abdômen. Não era uma ferida profunda, mas a dor era intensa o bastante para deixá-la alerta. Asa rangeu os dentes, tentando ignorar o desconforto enquanto continuava a lutar.

— Vocês não vão sair daqui com nada, ouviram? — ela disse, sua voz mais baixa agora, quase um rosnado.

Os três ladrões restantes começaram a recuar ligeiramente, percebendo que ela não iria ceder. Mas Asa sabia que aquilo era apenas uma tática para ganhar tempo. Quando o homem com a faca avançou novamente, ela bloqueou seu ataque com um chute firme, fazendo-o cair para trás. Aproveitando a oportunidade, ela lançou outra lâmina na direção do dispositivo que um dos ladrões tentava ativar. A lâmina acertou em cheio, destruindo o aparelho e eliminando a chance de eles chamarem reforços.

Porém, um dos homens conseguiu atingi-la de surpresa no ombro, e Asa sentiu a dor irradiar pelo braço. Ela deu alguns passos para trás, tentando manter o equilíbrio enquanto seu traje ajustava a proteção para minimizar o impacto da dor. "Concentre-se," pensou ela, repetindo para si mesma, enquanto a adrenalina percorria seu corpo.

Com uma determinação renovada, Asa usou uma combinação de golpes para desarmar os dois últimos ladrões restantes, cada movimento executado com precisão. O último ladrão, percebendo que estava em desvantagem, tentou fugir pela porta lateral, mas Asa foi mais rápida. Com um último golpe, ela o derrubou, deixando-o desorientado e fora de combate.

A sala estava silenciosa novamente, exceto pela respiração pesada de Asa e pelo som dos ladrões se recuperando no chão. Ela prendeu cada um deles com algemas de contenção antes de finalmente permitir-se um momento para respirar.

Depois de garantir que todos estavam devidamente imobilizados, soltei um suspiro pesado. A dor no meu ombro e no abdômen insistia em me lembrar do quão perto aquela luta havia sido de dar errado. Eu precisava aprender a deixar as coisas mais... sutis, mas dessa vez a situação pedia uma abordagem mais direta. Cada um daqueles homens estava amarrado e fora de combate, deitados no chão frio do galpão, enquanto eu me certificava de que os dispositivos de contenção funcionavam perfeitamente.

Retirei o pen drive com as informações confidenciais que eles tentaram roubar e o guardei de volta no compartimento seguro do meu traje. Agora só faltava um detalhe: avisar as autoridades. Peguei o comunicador no meu traje e disquei o número direto da delegacia, algo que raramente uso. Afinal, não precisava deixar rastros, mas fazia questão de que aqueles sujeitos fossem tratados pela justiça.

— Polícia Central? — uma voz atendeu, formal e direta.

— Aqui é a Nyx. Estou deixando um grupo de suspeitos no antigo prédio 32. Eles tentaram roubar informações confidenciais. Sugiro que venham buscar logo — expliquei, sem me estender muito. Meu objetivo era claro, e não tinha paciência para dar mais detalhes.

— Entendido. Uma equipe será enviada imediatamente. Obrigado pela assistência, Nyx.

Desliguei, já satisfeita em saber que, em breve, aqueles ladrões estariam bem longe de qualquer acesso à informação confidencial. Verifiquei o local pela última vez para garantir que não havia deixado nenhum vestígio meu ali. Com tudo em ordem, finalmente estava pronta para sair. Mas, antes de qualquer coisa, uma imagem insistente me veio à mente: o rosto de Rora.

Por mais que tentasse me concentrar no trabalho, era como se uma parte de mim estivesse sempre pensando nela, preocupada se ela estava bem, imaginando seu sorriso, seus olhos... tudo nela parecia me puxar para perto. Era como se, cada vez que a deixava, uma parte de mim permanecesse com ela.

Com o coração acelerado e o desejo de vê-la aumentando a cada segundo, eu não hesitei mais. Ativei meu teletransporte, focando na imagem do apartamento dela.

E num piscar de olhos, estava lá.

Whispers of Reality │RORASA.Onde histórias criam vida. Descubra agora