Capítulo 2: Ecos do passado

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Dylan conduziu Amélia para mais fundo na mansão, enquanto os ecos dos trovões ainda rugiam lá fora, como se o mundo externo estivesse em um estado de caos, contrastando com a calma enigmática que envolvia a casa. Os outros amigos hesitaram, trocando olhares preocupados, mas a curiosidade de Amélia parecia ter criado um laço invisível entre ela e o misterioso estranho.

"Espere," Clara disse, interrompendo a crescente tensão. "Precisamos sair daqui. Isso não está certo."

"Não, Clara, você não entende," Amélia respondeu, com sua voz firme, mas ainda carregada de um nervosismo subjacente. "Eu sinto que há algo mais aqui, algo que precisamos descobrir."

Dylan olhou para os amigos dela, um sorriso enigmático nos lábios. "A verdade está ao alcance de vocês, mas somente Amélia pode compreendê-la plenamente. Os outros devem decidir se vão se juntar a nós ou se afastar da história que está prestes a se desenrolar."

"História?" Marco repetiu, com seu olhar fixo em Amélia. "Isso não é uma brincadeira, Amélia. Precisamos ir embora!"

"Não posso simplesmente ignorar isso," ela respondeu, já se sentindo mais próxima de Dylan do que de seus amigos. Ele tinha uma aura que a atraía, e as sombras ao seu redor pareciam dançar em resposta à sua presença. "Preciso saber o que está acontecendo."

Com uma mistura de temor e determinação, Amélia se virou para Dylan, que a observava com interesse. "O que você quer me mostrar?"

"Venha comigo," ele disse, estendendo a mão. Quando Amélia hesitou, ele acrescentou: "Você está destinada a entender os segredos da casa e do que aconteceu aqui há muito tempo. Esta noite, os véus do passado se levantarão."

Os amigos estavam prestes a protestar novamente, mas Amélia tomou a decisão. Ela pegou a mão de Dylan, sentindo um calor inexplicável se espalhar por ela. Assim que o fez, uma corrente de energia percorreu o ambiente, e as lanternas dos amigos começaram a piscar, como se a casa estivesse reagindo à conexão deles.

Eles atravessaram um corredor decorado com quadros de familiares esquecidos, cujos olhares pareciam seguir Amélia e Dylan enquanto passavam. O ambiente era pesado, carregado de histórias não contadas, e Amélia podia quase sentir os sussurros da mansão, implorando para que ela ouvisse.

"Você sente isso?" Amélia perguntou, virando-se para Dylan.

"Sim," ele respondeu, com um brilho de aprovação em seus olhos. "A casa quer que você conheça sua história. Ela não é apenas um lugar; é um símbolo de tudo que já aconteceu aqui."

Dylan a levou até uma porta grande e imponente no final do corredor. A madeira estava desgastada, e o cheiro de mofo e umidade pairava no ar. "Aqui é onde tudo começou," ele disse, seus olhos se fixando na porta. "Aqui dentro, você encontrará o que procura."

Dylan empurrou a porta com facilidade, revelando uma sala ampla e escura. Com uma única janela, coberta por cortinas grossas, que deixava passar uma pequena quantidade de luz da tempestade lá fora. No centro da sala, uma grande mesa estava coberta de objetos antigos e empoeirados, como se o tempo tivesse parado ali.

Amélia entrou, com os olhos se arregalando ao ver um grande diário de couro em cima da mesa. Ela se aproximou e, com um gesto hesitante, abriu o diário. As páginas estavam cheias de anotações, desenhos e histórias, todas conectadas à antiga família Hillcrest.

"Essas são as histórias daqueles que viveram aqui," disse Dylan, olhando por cima dos ombros dela. "Eles também tinham segredos, assim como você."

"O que aconteceu com eles?" Amélia perguntou, com seu coração acelerando ao ler as anotações que falavam de amores perdidos e tragédias, de pessoas que haviam desaparecido sem deixar rastro.

"Eles foram consumidos pela casa," Dylan respondeu, com a voz baixa e séria. "A energia aqui é poderosa e, quando não é respeitada, pode devorar aqueles que não entendem seu passado."

"Mas eu não quero ser consumida," Amélia disse, com seu olhar se fixando no diário. "Eu quero entender."

"E é exatamente isso que você fará," Dylan afirmou, seu tom agora era mais suave. "Mas você precisa estar preparada para encarar a verdade. A noite apenas começou, e cada revelação trará novos desafios."

Enquanto Amélia folheava as páginas, uma tempestade de emoções a envolveu. As histórias da família Hillcrest estavam entrelaçadas com as dela de uma forma que ela nunca poderia ter imaginado. Os sussurros que a cercavam começaram a formar palavras, cada vez mais claras em sua mente.

"Eu não posso fazer isso sozinha," Amélia admitiu, sentindo a solidão do peso que a história carregava. "Meus amigos-"

"Eles têm suas próprias jornadas," Dylan interrompeu suavemente. "Mas você está prestes a se tornar parte de algo muito maior. E se decidir que eles devem saber, você pode levá-los com você."

Amélia olhou para a porta, onde Clara, Lucas e Marco estavam parados, as expressões mescladas entre medo e preocupação. Ela sabia que tinha que escolher: continuar explorando as profundezas da mansão com Dylan ou voltar para a segurança dos amigos.

"Vamos fazer isso juntos," Amélia disse, com sua voz cheia de determinação. "Eu não posso fazer isso sem vocês."

A expressão de Dylan se endureceu, mas ele assentiu. "Se essa é a sua escolha, a casa se adaptará a isso. Mas prepare-se, pois as revelações que virão serão profundas e desafiadoras."

Amélia fechou o diário e virou-se para os amigos. "Eu quero que vocês venham comigo. Esta casa tem segredos que precisamos descobrir juntos."

Os amigos hesitaram, mas a determinação de Amélia e a presença intrigante de Dylan pareciam convencê-los. Eles se aproximaram, formando um círculo em torno da mesa.

"Então, o que fazemos agora?" Lucas perguntou, a bravura que antes tinha agora estava misturada a uma leve hesitação.

"Agora, vamos abrir a porta para o passado," Dylan respondeu, com um sorriso enigmático. "E quem sabe, talvez possamos mudar o destino da velha mansão de Hillcrest."

Com os corações pulsando e a tempestade rugindo lá fora, o grupo se preparou para o que viria a seguir, cientes de que suas vidas estavam prestes a mudar para sempre. A noite estava apenas começando, e os ecos do passado esperavam para serem revelados.

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