Capítulo V - Floresta Lharas

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Já estava na hora de partir. Salrah, Elara e Xen estavam prontos para partir em sua jornada até Rahalun, a "cidade dos ancestrais".

— Então vamos partir? — questionou Xen, animado para a viagem.

— O que aconteceu com ele para estar tão animado? — questionou Salrah a Elara.

— Nyx disse que vai treiná-lo durante as noites em nossa jornada.

— O que estão esperando? Salrah, Elara, vamos!

— Espere, Xen. Não é tão simples — disse Salrah.

— Por quê? O que está acontecendo?

— Ninguém sabe onde fica Rahalun. Sabemos que precisamos atravessar a floresta de Lharas.

— Que floresta é essa? — perguntou Xen bastante curioso.

— É a mesma floresta em que te encontramos.

— Aquela floresta...

Sua animação desapareceu no instante em que ouviu aquelas palavras. A lembrança daquela floresta, onde se encontrara perdido, sem esperanças e gravemente ferido à beira da morte, voltou com força. Aquele não era um lugar ao qual desejava retornar. Na verdade, ele sequer entendia como havia chegado lá da primeira vez, mas a simples ideia de reviver aquela experiência o preenchia de inquietação.

— Eu recomendo que você não vá — disse Salrah. — É muito perigoso.

— Eu... Eu... — Xen não tinha forças para falar e sua mente estava embaçada como numa neblina.

Ele ficou amedrontado só de pensar em entrar naquela floresta assustadora novamente e ser, possivelmente, morto.

— Você vai sim conosco — disse Nyx, assumindo o controle do corpo de Elara. — Como vou te treinar se você não vier?

— Nyx, é muito perigoso para ele que não manipula zar!

— Eu protejo ele, Salrah. Você não precisa nem coçar a cabeça.

— Você é mais imprudente que a Elara!

Nyx se aproximou de Xen com passos firmes, sua expressão transbordando indignação. Sem hesitar, ela levantou a mão e desferiu um tapa sonoro em seu rosto, deixando no ar o eco da raiva contida.

— Presta atenção no que eu estou lhe dizendo, garoto — continuou ela: — Vai continuar sendo um fracote covarde que não consegue lutar ou vai se tornar um verdadeiro guerreiro?

— Nyx... eu não posso...

— Achei que você fosse diferente, Xen.

— Eu... não consigo...

— Então continue essa vida sem propósito, sem memórias, sem ninguém.

Diante das palavras duras de Nyx, até Salrah desviou o olhar, incomodado com o impacto emocional que Xen sofria. Nyx era uma mulher de convicções inabaláveis, mentalmente impenetrável, e, para ela, o medo não passava de uma fraqueza a ser superada. Na noite em que Xen implorou para ser treinado por ela, ela enxergou algo raro: um potencial grandioso e uma força de vontade admirável. No entanto, ver aquele mesmo jovem agora sucumbindo ao medo parecia inconcebível para Nyx.

Embora sua habilidade, Zuran-Tharn, lhe permitisse manipular o medo dos outros como uma arma, a própria Nyx nunca havia experimentado esse sentimento. Ela não conseguia compreender o quão paralisante o medo poderia ser, e sua incompreensão a deixava ainda mais frustrada diante da hesitação de Xen. Para ela, desistir não era uma opção, muito menos por algo tão abstrato quanto o temor.

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