Capítulo 12: O impostor

4 1 0
                                    

A batalha parecia interminável. Amélia e Dylan canalizavam cada gota de energia, a luz emanando deles em ondas brilhantes que ricocheteavam contra a criatura. Marco, paralisado pelo medo, observava enquanto os dois enfrentavam a entidade sombria com tudo o que tinham.

A criatura rugia em desafio, mas com cada feixe de luz lançado por Amélia e Dylan, ela enfraquecia. As paredes da casa tremiam, como se resistissem à captura iminente da criatura.

“É agora! Força total!” gritou Amélia, suada e exausta, mas determinada. Dylan assentiu e, juntos, concentraram sua energia em um último ataque.

Com um estrondo, a criatura foi sugada para dentro do espelho, suas garras arranhando o vidro enquanto soltava um grito agudo e furioso. O espelho brilhou por alguns instantes e, em seguida, se apagou, selando a entidade do outro lado.

A exaustão tomou conta deles. Amélia caiu de joelhos, respirando com dificuldade. “Conseguimos...” sussurrou, olhando para Dylan com um sorriso cansado.

“Finalmente,” respondeu ele, colocando a mão sobre o ombro dela. Marco se aproximou lentamente, com o rosto ainda pálido pelo choque. “Então.. acabou mesmo?”

“Sim,” disse Dylan, com a voz pesada de alívio. “Mas precisamos sair daqui antes que algo mais aconteça.”

Porém, assim que começaram a se mover, algo estranho surgiu no ar. Amélia franziu a testa. O ambiente ao redor parecia diferente — frio demais, mesmo sem a presença da criatura. E então ela percebeu: que não havia qualquer sensação de alívio real. A escuridão, de alguma forma, ainda os envolvia.

“Espera...” Amélia sussurrou, seus olhos percorrendo cada canto da sala. “Tem algo errado.”

Marco recuou, inquieto. “Errado como?”

Dylan também olhou ao redor, franzindo a testa. “A casa ainda está nos prendendo... Mas como? A criatura está dentro do espelho!”

Foi então que Amélia sentiu um arrepio percorrer sua espinha. “E se...” ela começou, hesitante. “E se não era só a criatura? E se há mais alguém... entre nós?”

Os três se encararam, o ar pesado com suspeitas. Cada olhar parecia uma lâmina afiada, tentando cortar a verdade escondida.

“Você quer dizer... um de nós?” Marco perguntou, incrédulo.

Amélia assentiu lentamente. “Algo está errado desde que voltamos do espelho.” Ela se aproximou de Dylan e Marco, com o coração acelerado. “Um de nós pode ser um impostor.”

O silêncio caiu sobre eles como uma pedra. Ninguém se movia, ninguém ousava respirar alto. Amélia tentava controlar os pensamentos que corriam pela sua mente. Eles estavam juntos o tempo todo…?

Dylan foi o primeiro a quebrar o silêncio. “Isso é loucura, Amélia. Somos nós. Não tem como...”

“Não podemos ter certeza,” Marco murmurou, a voz carregada de dúvida. “As sombras brincam com nossas mentes. E se uma delas tomou o lugar de alguém?”

Amélia estreitou os olhos, tentando ler cada expressão. Algo dentro dela dizia que eles estavam à beira de uma revelação perigosa. “Precisamos descobrir agora, antes que seja tarde demais.”

Dylan deu um passo à frente, seu rosto estava sério. “E como vamos saber quem está dizendo a verdade?”

“Existem coisas que só nós sabemos,” Amélia respondeu rapidamente. “Segredos que compartilhamos antes da criatura aparecer.” Ela olhou para Dylan, com o olhar firme. “Quem você me prometeu proteger, custe o que custar?”

Dylan hesitou por uma fração de segundo, mas respondeu: “Você. Eu prometi proteger você.”

Amélia assentiu, mas a dúvida ainda estava ali. Ela se virou para Marco. “E você? Antes disso tudo, qual foi o medo que você admitiu para nós?”

Marco engoliu seco, nervoso. “Eu... eu disse que tinha medo do que a casa escondia.”

Tudo parecia certo, mas algo ainda não encaixava. Então, em um instante gelado, Amélia percebeu: alguém estava mentindo. A hesitação de Dylan não havia passado despercebida por ela.

“Eu quero ver seu braço,” Amélia disse subitamente, sua voz estava fria e cortante.

Clara franziu a testa, confusa. “Meu braço?”

“Sim. Quando você foi correr pra ajudar o Lucas a criatura te mordeu Amélia lembrou. “Mostre o ferimento.”

Clara hesitou, e foi o suficiente para a tensão explodir. Marco recuou, pegando algo improvisado como arma. “Ela não é a Clara...” murmurou Marco, apavorado.

Clara deu um sorriso perturbador, que não tinha nada de humano. Seus olhos ficaram opacos por um segundo, revelando a escuridão que se escondia ali. “Vocês são mais espertos do que eu imaginava.”

De repente, ela avançou em um ataque rápido. Amélia gritou e empurrou Marco para o lado, enquanto o impostor — a criatura disfarçada — tentava agarrá-los. A verdadeira Clara na verdade estava lá fora… ou presa em algum lugar.

Agora, eles sabiam: o espelho não havia prendido tudo. A escuridão ainda estava com eles, disfarçada como um amigo. E pior, eles não sabiam quanto tempo ainda tinham antes que a verdadeira Clara desaparecesse para sempre.

Sussuros na noite Onde histórias criam vida. Descubra agora