Acordei cedo, antes mesmo do despertador tocar, e fiquei olhando para o teto, tentando encontrar algum sentido no turbilhão que girava na minha cabeça. O quarto estava silencioso, o tipo de silêncio que só vem depois de uma noite cheia de emoções conflitantes. Respirei fundo e senti o desconforto no meu corpo, pequenas dores que serviam como um lembrete do que tinha acontecido. Levantei devagar, com cuidado, como se meu corpo estivesse prestes a desmoronar a qualquer momento.
Tomei um banho longo, deixando a água quente escorrer pelas costas e lavar a tensão que ainda parecia grudada na minha pele. O calor era reconfortante, mas não conseguia apagar a sensação incômoda das marcas deixadas por Roberto. Passei a mão pelo pescoço, onde a pele ainda estava sensível, e fechei os olhos, tentando afastar as lembranças da noite anterior.
Depois de me secar, fui até a gaveta e encontrei a cartela da pílula do dia seguinte. Peguei também um remédio para dor, lembrando de como o corpo ainda doía, resultado do jeito bruto com que ele me tocou, como se precisasse me marcar para ter certeza de que eu era dele. Engoli os comprimidos com um copo de água, tentando não pensar muito sobre isso, mas as imagens continuavam a se repetir na minha cabeça.
Me sentei na cama, ainda me sentindo um pouco entorpecida, como se meu corpo não estivesse realmente presente. Passei as mãos pelos braços, tentando aquecer a pele arrepiada, mas era mais do que o frio da manhã. Era um tipo de vulnerabilidade que eu não sabia como lidar.
Eu não conseguia parar de pensar no jeito como ele me olhou, com aquela mistura de raiva e desejo, e como tudo tinha escapado do controle tão rapidamente. Por um momento, achei que ele fosse me machucar de verdade, mas então tudo mudou. Eu me sentia dividida, confusa. Uma parte de mim queria odiá-lo por ter sido tão agressivo, por ter me tratado como se eu fosse apenas um objeto para descarregar sua frustração, enquanto a outra parte, a parte que ainda podia sentir o calor dos toques dele, se lembrava de como meu corpo reagia mesmo quando minha mente dizia para parar.
Passei os dedos pelos cabelos molhados, puxando-os para trás, e me deitei na cama, encarando o teto. O que eu estava fazendo? Por que eu deixava isso acontecer? Eu sabia que não era normal, que não era certo o jeito como ele me tratou, mas por que, então, eu ainda me sentia tão atraída por ele? Por que uma parte de mim ainda desejava sentir o toque dele?
"Medo e desejo se misturaram de um jeito perigoso", pensei, deixando as palavras ecoarem na minha mente. Era isso. Eu estava presa em algo que não sabia explicar, como se estivesse andando em uma linha tênue entre o que eu sabia ser certo e o que meu corpo insistia em querer. E era perigoso, porque o medo fazia com que cada gesto dele se tornasse mais intenso, mais urgente.
Levantei da cama, ainda tentando sacudir a sensação de peso que me esmagava o peito, e fui até a janela. Olhei para fora, observando a luz suave da manhã começar a iluminar as ruas. "Eu tenho que ser mais forte", pensei, tentando me convencer de que era capaz de fazer isso. De que eu poderia me afastar se realmente quisesse.
Mas a verdade é que eu não tinha certeza. A intensidade que existia entre nós era viciante, e eu sentia que, de alguma forma, estava me afundando cada vez mais, incapaz de escapar.
***
O cheiro de café fresco pairava no ar, e eu podia ouvir o som suave da cafeteira terminando de preparar o café enquanto descia a escada. Entrei na cozinha, tentando ignorar o cansaço e a dor que parecia não querer me deixar e vi Roberto de costas para mim, servindo o café. Ele estava vestido com a mesma camisa de ontem, amassada, e seu cabelo parecia desarrumado, como se tivesse tido uma noite inquieta.
— Bom dia — murmurei, hesitante, tentando sentir o clima antes de qualquer coisa.
Ele não se virou imediatamente. Ficou parado por um momento, segurando a xícara com firmeza, e depois respondeu, sem olhar para mim:
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Conexão Obscena
Ficção AdolescenteQuando Marina, a cunhada de Nascimento, vem passar um tempo na casa deles para se preparar para um concurso, ele a vê apenas como uma responsabilidade extra em sua já tumultuada vida. No entanto, a proximidade diária e as conversas inesperadas revel...