capítulo 1

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             Como começo a falar sobre a minha vida?
Ela é totalmente resumida em desastres e decepções,todas elas cometidas por mim. O mesmo erro sempre,o desgosto e a sensação de desespero e tédio,o ar que falta em meu peito toda vez que te vejo passando pela sala,sem olhar em meus olhos e  sem ouvir o som e a melodia que é ouvir a sua voz,Aubrey...Eu nos afastei por questões pessoais nossas e por achar que isso seria melhor para nós,para nossa família. Sei que é difícil de lidar com isso e de conviver(muito mais para mim do que para você,talvez),então decidi por conta própria e pela consideração e amor que tenho por vocês,que seria melhor aceitar o seu pedido,o pedido de que eu me retirasse de casa e encontrasse outro "lar temporário" para mim. Tudo isso levei em conta com suas palavras:"você está causando insegurança em nosso relacionamento e transtornos em nosso filho, seria melhor se déssemos um tempo" e depois "você é literalmente uma causa perdida, não consigo mais suportar o peso de ter que te olhar e te suportar todo dia dentro dessa casa...só queria que você sumisse,que sumisse da porra das nossas vidas Kathryn!".E bom,eu pensei muito e chorei muito,mas eu não vim me vitimizar,apenas concordo que seja bom que déssemos um tempo,isso seria bom para Nicholas também.

      Deixo essa carta por não ter coragem de encarar isso e dizer pessoalmente e que talvez você não iria me escutar, apenas fechar a porta na minha cara.Provavelmente irão acordar amanhã de manhã  e não vão me ver mais,talvez fiquem felizes com isso ou preocupados mas não se preocupem,eu darei o meu jeito como sempre dei.
   Eu amo vocês,por mais que me achem literalmente uma merda de esposa,e mãe.
                         
                                                      com amor
                                                               ~hahn.

23:30

Me encontro sentada na calçada de um hotel barato,com duas bolsas grandes que contém apenas:roupas,meias, cachecóis, calças comprimidas e três maços de cigarros com um esqueiro velho no bolso do meu casaco.
  Abandonei minha casa após uma discussão com a minha esposa.Ela estava tão irritada que literalmente me expulsou de casa, não com palavras no início,mas no final ela disse que seria melhor se eu sumisse da vida deles,então eu fiz. Agora estou na rua com quarenta dólares e sem um colchão para me deitar,não posso nem pagar esse hotel barato pois para  mim 30 dólares não é tão barato assim.
  
   Como vim parar aqui?O que eu fiz de errado? Estou me perguntando diversas vezes a mesma pergunta constantemente na minha cabeça. Meu filho provavelmente me odeia,por ter uma mãe que bebe fora de casa e chega bêbada sem querer dar explicações sobre onde estava e com quem,eu literalmente não suporto o olhar de raiva que ele tem sobre mim todos os dias que me vê pela casa. Aubrey não liga mais para mim. Nas consultas com a psicóloga ela mal olha para a minha cara. Talvez ela tenha nojo de mim,raiva, arrependimento de ter criado uma família com uma escritora alcoólatra e fracassada.Esse sentimento parece tão sufocante,as vezes não consigo respirar fundo e me acalmar, apenas aceito a dificuldade de respirar com a esperança de que de uma vez,eu pare de respirar.Talvez eu só queira que as pessoas que eu olho com tanto amor,olhassem para mim e sentissem o mesmo.

-Moça?- Um homem alto e pálido para na minha frente me tirando a antenção dos meus pensamentos

-Pois não?-Perguntei um pouco receosa

-Você teria trinta dólares?-Ele se agachou na minha frente e pode sentir o hálito de álcool barato-eu precisou dormir e preciso que seja em uma cama, você sabe?uma cama não sabe? Eu posso soletrar pra você olha: C A M...-Antes que ele pudesse continuar eu o impeço o cortando

-Olha moço,você está fedendo e está bêbado-Me levanto e me aproximo de um uber compartilhado que pedi enquanto ele apenas falava besteira-Eu não tenho a porra de trinta dólares para te bancar um conforto que é ter um colchão,eu não tenho nem pra mim, não tenho nem família mais, não tenho carro e não tenho nem uma porra de um teto-Abro a porta do Uber com lágrimas presas nos olhos-espero que encontre uma cama.-Entro no carro e bato a porta com força,deixando que as lágrimas caíssem sobre meu rosto.

  Sigo sem saber o meu caminho, não sei aonde e como me reencontrar. Me sinto sozinha e gelada dentro desse Uber barato e compartilhado,uma escritora sem perspectiva nenhuma, sem ideias e sem ninguém. Frequentarei a psicóloga que Aubrey sugeriu,mas não acho que isso ira nos ajudar.
Apenas queria o abraço quente da minha esposa e o "eu te amo" do meu filho.

                                  
                                                          (continua??)🖤

Como devo recomeçar?Onde histórias criam vida. Descubra agora