Ayla pegou seu casaco preferido e saiu pela porta sem fazer barulho. As ruas estavam iluminadas pelas luzes amarelas dos postes, e o ar da noite era fresco, trazendo uma leve sensação de alívio ao peso que ela sentia no peito. Desde a última conversa com Erick, as coisas haviam ficado estranhas. Três dias sem falar com ele era um recorde para os dois. Ayla tentou afastar os pensamentos, mas eles continuavam voltando.
Caminhando sem rumo, ela decidiu passar em um café 24 horas que costumava ir quando queria pensar. Pediu um cappuccino e se sentou em uma mesa ao lado da janela, observando as poucas pessoas na rua. Enquanto mexia distraidamente na xícara, sua mente divagava sobre os últimos acontecimentos. Sabia que algo havia mudado entre eles, mas não tinha certeza de como lidar com isso.
O aroma do café a reconfortava, mas não o suficiente para afastar a inquietação. Ela se perguntava o que Erick estaria fazendo, se também estava pensando nela ou se havia seguido em frente sem dificuldades. Tentando se convencer de que um pouco de distância poderia ajudar, Ayla olhou para o lado e viu um casal rindo juntos, o que fez seu peito apertar ainda mais.
Ela estava prestes a sair quando seu celular vibrou em cima da mesa. Era uma mensagem de Milena: “Está tudo bem? Não falo com você há dias”. Ayla respirou fundo e começou a digitar uma resposta, tentando evitar a tentação de mencionar Erick. Afinal, ela precisava, mais do que nunca, colocar seus sentimentos em ordem.
"Está tudo uma bagunça"Ayla digitou.
Milena leu a mensagem de Ayla e não pensou duas vezes. Ela sabia que, quando Ayla dizia que estava tudo uma bagunça, era um sinal claro de que algo estava errado. Sem perder tempo, pegou sua chave e saiu de casa, enviando uma rápida resposta: “Onde você está? Estou indo até aí.”
Ayla hesitou, mas acabou enviando a localização do café. Minutos depois, Milena chegou e a encontrou sentada em um canto, de cabeça baixa e mexendo no celular. Com um sorriso reconfortante, Milena puxou uma cadeira e se sentou em frente a ela.
“Então, o que tá acontecendo?” perguntou Milena, com aquele tom de preocupação que só uma amiga de verdade consegue ter. Ayla levantou o olhar e ficou em silêncio por um instante, como se estivesse reunindo coragem para falar. Ela sabia que Milena não a pressionaria, mas também sabia que não conseguiria segurar tudo para si por muito mais tempo.
—Eu e Erick… não nos falamos há três dias, Ayla finalmente soltou, a voz um pouco trêmula. Milena inclinou-se para frente, ouvindo atentamente, pronta para apoiar Ayla, mesmo sem saber o que havia acontecido.
—Por que vocês brigaram?Milena pergunta.
— Eu acho que sempre fui paciente com ele, sabe? — comecei, sem saber se estava fazendo sentido. — Mas, depois que Clara apareceu de novo, tudo mudou. Ela falou que estava começando a namorar o Erick, e que nós dois não poderíamos mais ser tão próximos. Eu fiquei com isso na cabeça, só que tentei deixar pra lá. Achei que era besteira, mas não era…
Milena me olhava com aquele olhar compreensivo, sem me julgar, só esperando eu terminar de desabafar. Continuei:
— O problema é que ele não vê o quanto me machuca quando parece que sou a última opção. Eu nunca reclamei disso porque achei que não tinha o direito. Afinal, ele sempre foi meu amigo e sempre esteve ali. Mas eu também não aguento mais as crises de ciúmes quando eu falo com alguém. É como se eu estivesse sempre pisando em ovos perto dele, tentando não fazer nada que o incomode.
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O despertar do amor
RomanceDesde a infância, Ayla e Erick mantiveram uma amizade marcada por travessuras e implicâncias. Quando tinham 18 anos, um vínculo especial surgiu entre eles, mas, ocupados com questões pessoais, nunca perceberam a profundidade dos sentimentos que comp...