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Não sei onde eu estava com a cabeça de não ter trancado a porta, sabendo que a qualquer momento mamãe iria chegar e a primeira coisa que ela faz e vim me ver no quarto.
Mas por uma parte, não é culpa minha. Gustavo me faz perder a linha de raciocínio toda vez que começa a me beijar e eu fico totalmente entregue as sensações e a ele, e ele sabe muito bem disso. Portanto, a culpa e dele!
—Oi, gu. Não sabia que estaria em casa. — Ela parecia querer rir da situação.
E eu só desejava enfiar a minha cabeça dentro de um buraco.
— Foi de última hora, sogra. Vim ajudar a Ana Flávia com a matéria de química. — Explicou. Minha mãe me olhou.
— Ah, to vendo. Pelo visto, vocês agora estavam indo estudar anatomia humana. — Ela ri.
Ótimo, alguém tem um buraco para eu me enfiar e nunca mais sair?
— Mãe! — Reeprendi a mais velha.
— Ok, me desculpa! — Ela ainda ria. — Vou preparar algo pra vocês comerem, juízo e usem camisinha. — Saiu do meu quarto.
Minha mãe nunca foi protetora, sempre foi muito liberal e até demais. Então, eu e ela temos uma relação muito boa, ela é praticamente minha melhor amiga e isso é ótimo para nois. Consigo conversar sobre tudo com ela, sem medo ou receio algum e isso permite que ela faça piadinhas sem graça toda vez que eu e Gustavo estamos no quarto juntos, principalmente depois que ela descobriu que eu perdi a virgindade.
— Ana Flávia. — Gustavo me chamou.
— Eu quero entrar num buraco e nunca mais sair de dentro dele! — Resmunguei como uma criança e praticamente pulei no colo dele, na tentativa de me esconder.
— Só foi uma piada, pare de drama. — Começou a rir. Sua mão acariava a minha cintura da forma mais calma que existia. — Aliás, você sabe que ela é desse jeitinho.
— Consequências de ter uma ótima relação com a mãe.
— Não é uma consequência. É otimo pra vocês duas. — Tentou me contrariar, mas eu bufei em negação ao seu comentário e escondi meu rosto em seu pescoço. — Ela tá tentando ser uma boa mãe, você sabe muito bem disso. Era você que vivia me dizendo que depois da morte do seu pai, ela mudou muito.
— Ela mudou! Durante meses até a gente se mudar pra cá, era um inferno conviver com ela! — Desabafei.
— E agora? E muito melhor, né?
Sua pergunta me fez pensar.
Quando meu pai morreu, minha mãe se viu perdida no mundo. Não tínhamos família e muito menos dinheiro, tinhamos apenas dívidas e a nós mesmas. Minha mãe era insuportável em relação a tudo e só mudou depois que mudamos definitivamente para Washington, ela arrumar um emprego bom e eu começar o ensino médio. Tem sido tudo ótimo, perfeito.
