0 - O Início.

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"No principio era a mãe, o verbo veio depois"

      Lunare, esse era o nome da terra, a Deusa mãe, aquela que até mesmo criou os outros Deuses que hoje conhecemos. Desde o começo a terra foi a mãe dela todos vieram e há ela todos voltariam um dia.

    A Deusa vendo tamanha beleza que possuía por todos os cantos da terra coberta de amor e generosidade não queria toda essa beleza apenas para ela, então dividiu-se em energias abrindo mão do plano físico para viver no espiritual e poder ver seus filhos apreciarem toda a beleza que ela poderia lhes dar.

    O dragão, Lumier o primeiro filho e o considerado mais sábio entre todos, aquele que viu a terra antes de ela ser tocada ou modificada, por tanto o que mais sabe sobre a criação e o mais próximo de sua mãe, porém sua aparência - não muito bem esculpida graças a falta de prática de sua mãe na época - não era a mais agradável e por isso o conhecido dragão Lumier, Senhor da sabedoria se isolou em montanhas desconhecidas e nós pés delas onde habitam seus templos hoje em dia.

    A Lotus, a segunda filha Kinari esta Deusa que habitava na terra dançando e vivendo sobre as flores belas, frutos suculentos e plantas com propriedades de cura que criava, porém há ela de nada valia as deliciosas frutas que poderia gerar se não tinha fome, parecia apenas estar desperdiçando algo tão bom. Querendo compartilhar da doçura, beleza e dons do que era capaz de fazer trouxe seus próprios seres que nasceram do desabrochar de uma flor, do caroço de uma fruta e até mesmo um velho caule de árvore que se desprendeu dando início a o que hoje conhecemos como os animais que pelas matas vagavam sobre sua proteção e é nas aberturas da matas onde se estende os lindos e floridos templos da deusa.

    Em seguida, como terceiro e quarto filhos, vieram os gêmeos Luon e Lien, a jovem Lien gostava de passar seus dias brincando nas águas e se divertindo com a lama que poderia ser usada para criar qualquer coisa que sua imaginação fértil desejasse, já seu irmão corajoso e inquieto passava os dias desbravando as matas de sua irmã mais velha buscando por algo novo, até o dia em que se perdeu em uma escura caverna e cercado por lobos deu inicio ao fogo onde os afugentou e correndo retornou aos rios para mostrar a irmã o que havia descoberto. Encantados não só com o mundo que já possuíam, mas com o que haviam descoberto juntos os gêmeos decidiram que deveriam haver mais seres vagando sobre a terra e Luon deu a vida usando fogo aos bonecos de lama de Lien fazendo assim a raça humana surgir. Seus templos são encontrados dentro de cavernas com cachoeiras ou em lagos cobertos por vegetação.

    O quinto filho, o senhor da justiça, Sagnari se manteve em silêncio e escondido por muito tempo, apenas observando as atitudes de seus seis irmãos, observou todas as falhas, decisões e ações, desde as que melhoraram a terra até as que a destruíram, mas foi o sexto filho que fez com que Sagnari tivesse alguma atitude sobre o mundo.

    O sexto filho, aquele ao qual o nome se é desconhecido e até mesmo é dito que seu nome pode vir a trazer destruição e aniquilação do povo e mundo humano como conhecemos hoje, o filho que fez com que Sagnari resolvesse consultar Lumier para decidirem o que deveria ser feito para para-lo.

   O filho que virou as costas para a mãe e família, o que se conta é que o sexto filho não via sentido em compartilhar qualquer um de seus dons ou de seus irmãos com os seres que agora dividiam a terra com os deuses, eram superiores, sempre foram. Por que deveriam fazer algo para eles que sequer davam valor ao que possuíam?

    O ódio cultivado pelo sexto filho deu início a guerras pois os humanos não conseguiam entender o que se passava, os deuses os estavam abandonando? Precisavam de respostas, então unidos os cinco irmãos tomaram uma drástica decisão, deixariam o plano material e passariam a existir apenas em plano espiritual renascendo em corpos humanos como uma forma de mostrar que assim como os humanos precisavam dos deuses os deuses necessitavam da raça que haviam criado tanto quanto.

     Obviamente o sexto filho cheio de ódio não aceitou a decisão de seus irmãos, mas Lumier muito sábio como sempre, o enganou e o aprisionou em um corpo humano onde por séculos ele passaria aprisionado, Sagnari - único que concordou com a decisão de Lumier sabendo que certas coisas eram necessários apesar de erradas - se pois a disposição a deixar de retornar ao mundo humano para vigiar seu irmão, adormecido, mas perigoso.

     E dessa forma os deuses deixaram o mundo humano, dizem que Lumier continua sobre as montanhas, porém seus outros quatro irmãos renascem como os filhos dos reis dos quatro reinos que regem nosso país. Lugmare é o país onde moramos, sendo dividido por Valencia, a cidade cercada por árvores e montanhas que todos os mais velhos dizem esconder segredos dos quais não devemos descobrir sobre o topo. Nigiram, a cidades dos lagos com os mais belos peixes e vida marinha, o lugar de onde o fundo do mar possui uma quantidade exorbitante de estatuas de todas as filhas dos reis de lá. Kami, a cidade das luzes, escondida dentro de uma montanha onde suas ruas se assemelham a labirintos para aqueles que não vivem lá, tochas esculpidas com aquele que acreditam ser Luon iluminam tudo por onde passar e a cidade principal; Liana, regida pela deusa Lotus, cidade conhecida por sua riqueza e valorização, tudo florescia em Liana, tudo prosperava em Liana, a cidade sagrada, por isso, a família superior a todas as outras três.

     Por algum motivo os nobres de Liana decidiram festejar mandando parte de suas riquezas a outras províncias, ninguém sabia ao certo o motivo de os mesmos até mesmo resolverem caminhar por entre o reino, tudo o que sabíamos era que agora os reis e a princesa Lotus estavam a caminho de Kami e após passar por Nigiriam - províncias perto graças ao fato de serem regidas pelos gêmeos - logo estariam logo em Valencia.

    No rosto de todos se podia se ver felicidade e animação, mas sinceramente, algo em mim se incomodava ao extremo em saber que reis que nunca sequer colocaram seus pés para fora de seu mundo perfeito repentinamente decidiram que viajariam todas as províncias do reino.

   De qualquer jeito, não era algo do qual eu deveria me importar, os reinos estavam em paz a séculos, havia algo bem pior do qual eu deveria estar pensando em vez de reis extravagantes; Os malditos sonhos.

   Desviei minha atenção do centro e das pessoas e virei meu corpo para a fonte de água onde estava sentado observando a grande estátua do dragão que estava no centro de Valencia e me levantei encarando os grandes olhos verdes do animal de escamas, um arrepio percorreu todo meu corpo quando senti um forte vento e - como se fosse uma visão - a montanha logo atrás do grande símbolo por um segundo pareceu receber um raio em seu ápice e está foi a última coisa que vi antes de desmaiar.

Inevitable endingOnde histórias criam vida. Descubra agora