Pernas bambas!

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Naquela tarde sentada junto dos meus colegas no auditório onde as reunioes semestrais e palestras aconteciam, eu ouvia com pesar meu antigo chefe discursar sobre sua saída da empresa, nos deixando tristes porque ele fora um ótimo chefe, justo e bondoso com todos. E apresentava o filho ao seu lado, meu novo chefe.

Mesmo querendo ouvi-lo mais, eu olhava o relógio a cada minuto e implorava aos céus que o discurso não levasse mais tempo que o necessário. Já eram quatro e quarenta da tarde e eu esperava que meu novo chefe não fosse de falar demais, porque eu tinha vinte minutos para sair e ir para casa.

Tentei focar em meu antigo chefe e não reparar em como o corpo de Saulo não mudou muito comparado a dois anos atrás, ou no quanto aquele terno de três peças se agarrava ao seu corpo como uma segunda pele. Moldando os músculos e os deixando mais apetitosos. O terno era negro, a calça, o colete, o paletó e gravata, e uma camisa social branca agarrava seu peitoral delicioso.

A calça estava agarrada em suas coxas grossas e musculosas, assim como a camisa e o colete. O homem estava divino. Mais lindo do que eu me lembrava, mais gostoso do que eu gostaria e seria um martírio conviver com ele todos os dias. Primeiro porque ele não podia descobrir sobre Helena jamais, segundo porque eu ainda me lembrava do gosto dele. Do cheiro, dos suspiros, da forma como ele gemia em meu ouvido enquanto se enfiava em mim.

Ele é comprometido, Laura, lembre-se disso!

Sim ele era, mas eu não era cega, e além disso, nada aconteceria entre nós, ele já deixou claro. Por isso me deixei explorar o homem lindo e apetitoso, olhar nao arranca pedaço, mesmo que eu quisesse muito.

Subi meus olhos devagar por seu corpo musculoso, apreciando cada pedaço de tecido bem moldado que cobria a pele que eu já provei do gosto, senti contra mim e cheguei ao rosto. Primeiro a pele lisa do queixo, sem barba, masculino e bem desenhado que tinha, uma boca em uma linha fina e séria, deliciosa, os dentes pareciam apertados e furiosos.

Foi inevitável não sentir uma fisgada ao lembrar dela em mim, me beijando, sugando, lambendo, gemendo em meu ouvido.

Me ajeitei direito na cadeira, apertando as pernas uma contra a outra com força, segurando o gemido vergonhoso que queria escapar, e subi meus olhos pelo nariz, grande, mas não exagerado. Era um nariz masculino e lindo, um pouquinho torto para a esquerda, quase imperceptível, e que dava um charme a mais ao rosto bonito. Então encarei os olhos, e percebi que ele também me encarava. Senti meu corpo acender e arrepiar, os seios ficarem duros e pesados. Os olhos dele estavam azuis escuros, talvez devido a distância em que estávamos, mas pude perceber que ele parecia irritado, tenso.

Eu passei um tempo me perguntando onde aquela mulher linda e decidida tinha ido parar depois de fugir de um noite quente, e olhe só você, acabou vindo até mim!

Ele achou que eu vim atrás dele? Senti vontade de rir. Bem, se eu fosse ele pensaria assim também, a mulher com quem ele transou em outro país, deu seu nome verdadeiro, trabalhando bem na empresa dele? Era muita coincidência.

Talvez tenha achado que eu dei um jeito de descobrir quem ele era e o segui até aqui, e forcei essa situação. Eu parecia uma stalker, obcecada e que começou a trabalhar na empresa da família dele só para chegar perto, dar um golpe talvez, ou uma tentativa de seduzi-lo e fazer dele meu marido troféu.

Senti minhas bochechas esquentarem com violência ao imaginar que era isso que ele achava de mim, então baixei a cabeça e fitei meus sapatos. Eu deveria tentar outro emprego, com certeza não seria fácil trabalhar com ele depois do que houve entre nós. Apesar de ser muita pretensão da minha parte achar que não conseguiríamos trabalhar só por que transamos.

Ele não estava apaixonado por mim, só me perguntou porque eu fugi por orgulho ferido, era ele quem deveria me deixar ali naquele quarto sozinha, não eu. Era dor no ego, somente isso.

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