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Rosalie Bell

Eu sou corna.

Nunca imaginei que diria isso depois de dois anos completos de namoro. Promessas tinham sido feitas, planos...E agora estou aqui, encarando a tela, assistindo um vídeo dele agarrando outra mulher em uma festa. No mesmo dia em que me disse que não podia sair comigo porque estava treinando para o próximo jogo. Inacreditável.

O pior de tudo? Esse vídeo foi enviado pela minha melhor amiga, que estava na mesma festa que ele. Ela viu tudo, enquanto eu acreditava na desculpa do "treino".
Meu namorado, com quem eu dividia minha vida, meus segredos. Eu confiei nele, cegamente. Quem sabe há quanto tempo eles estão juntos, e eu nem fazia ideia. A sensação era de levar uma facada no peito, uma dor que queimava e não tinha fim.

Abro as portas do colégio com o rosto inchado, olheiras tão profundas que denunciavam noites sem dormir. Meu cabelo, preso em um coque desleixado, e a roupa... apenas a primeira que encontrei jogada no armário. Conforme eu andava pelos corredores, sentia os olhares sobre mim, como se cada um carregasse um julgamento silencioso. "Essa é a menina que foi traída pelo jogador de hóquei, né? Tadinha." Ou pior ainda: "Um homem tão bonito como ele? Claro que largou, quem perdeu foi ela." Cada palavra, uma nova facada.
Tento correr o mais rápido possível para chegar ao meu carro, querendo fugir de tudo e todos. Mas Tobias é mais rápido. Ele surge na minha frente antes que eu tenha a chance de escapar, me encarando com aquele olhar de quem sabe o estrago que causou. Não bastava trair a namorada e agora, tem que me ver sendo humilhada em meio a essas pessoas me observando com cara de pena.

Antes que eu possa reagir, ele começou a se justificar.

— Por favor, me escuta — ele pede, as palavras saindo rápidas e desesperadas. — Eu não queria que fosse assim. Eu cometi um erro, foi um momento, estupidez, eu nem sei o que aconteceu. Você precisa acreditar em mim. Me perdoa, por favor.

As desculpas soam vazias, como se tentassem cobrir um buraco impossível de fechar.
Eu fico ali, olhando para ele, tentando processar cada palavra, mas tudo parece distante, como se estivesse em câmera lenta. Respiro fundo, sentindo o nó na garganta apertar.

— Perdoar? — Minha voz sai baixa, mas firme. —Você quer que eu perdoe você, Tobias? Depois de tudo que eu vi, tudo o que você fez? Eu confiei em você. Dois anos... jogados fora por uma 'estupidez', como você diz.

Dou um passo à frente, mantendo o olhar firme no dele.

— Você parecia estar sabendo bem o que fez quando estava com ela naquela festa e a trouxa da sua namorada estava te esperando em casa.

Eu queria terminar logo aquele assunto, encerrar de uma vez por todas. Sem nem olhar para trás, me virei de costas e comecei a andar. Mas, antes que pudesse dar dois passos, senti uma mão mais forte me puxar. Meu corpo travou, e o sangue subiu ao rosto, fervendo de raiva.

— Solta. — disse entre dentes, sem me virar. O ódio pulsava em cada palavra.

— Você vai acabar se arrependendo de terminar tudo assim. — ele disse, quase suplicante. — Não se esquece que eu sou a única pessoa que conhece e se importa com você. Não jogue fora tudo o que temos por causa de um erro. Pense bem, você vai achar alguém que te ame como eu amo?

— Você chama isso de amor, Tobias? — perguntei, a voz cortante e carregada desprezo.

— Se isso é amor para você, então você nunca soube o que é amar de verdade. Agora some da minha frente e nunca mais olhe na minha cara.

Tobias olhou para mim com um olhar cheio de ódio e, de repente, agarrou meus braços com força, pressionando suas unhas contra minha pele.

— Você não tem ideia do quanto eu estou tentando consertar isso. — ele disse, a voz tremendo de frustração. — Você não pode simplesmente me ignorar e jogar tudo fora. Eu cometi um erro, mas você pode me dar uma chance de corrigir isso. Não jogue tudo para o alto por causa de um momento de fraqueza.

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