26 - Fantasia

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Rafaela gargalhava na sala, apontando para o tio, que tentava se equilibrar na fantasia de Robin

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Rafaela gargalhava na sala, apontando para o tio, que tentava se equilibrar na fantasia de Robin. O traje vermelho o deixava mais parecido com um pimentão do que com o ajudante do Batman. Eu mesmo não era exatamente um Batman exemplar, tropeçando na capa a cada passo e ajustando a máscara que parecia mais uma armadilha do que um acessório.

— Deixa que eu atendo! — Rafaela gritou, correndo até a porta, enquanto eu ajeitava os docinhos na mesa da festa.

Humberto, ou melhor, Robin, veio até mim, puxando a roupa que parecia um tamanho abaixo do necessário. Ele ajeitou a cueca que insistia em aparecer, e eu tive que conter a risada.

— Nem começa! — ele me avisou, e levantei as mãos em rendição, segurando o riso.

Não demorou muito até que os gritinhos animados de Rafaela e suas amigas enchessem a casa. Logo, Stefany e Julia estavam diante de nós, e eu não pude evitar franzir o cenho. As fantasias delas eram... ousadas para uma festa de crianças.

Julia estava com um vestido curto, orelhas de coelhinho e um olhar tímido, enquanto Stefany, com um vestido tomara-que-caia preto, exibia orelhas de gatinho e uma coleira com um brilho exagerado. Ambas pareciam ter passado meio quilo de maquiagem, cada uma mais carregada que a outra.

Troquei um olhar com Humberto, que também franzia o cenho, mas ele logo suavizou o rosto, provavelmente para não estragar a empolgação das meninas.

— Boa noite, meninas — cumprimentei, tentando soar amigável.

— Oi, tio Beto! — elas responderam em coro, com sorrisos de orelha a orelha.

Rafaela sorriu com orgulho e puxou as amigas para fora, já cheia de planos. Eu só pude balançar a cabeça, onde enfiaram o juízo desses pais?

Meia hora depois, minha casa estava tomada por uma multidão de jovens, todos com fantasias das mais variadas, e muitas que eu nem conseguia identificar. Estava prestes a desistir de tentar entender cada uma, quando vejo Carlos entrar, trajando uma combinação inusitada: uma camisa verde e calças bege.

— Que diabos é isso? — Humberto pergunta, confuso, encarando Carlos de cima a baixo.

— Scooby-Doo, meu filho! Cadê você? — ele responde, fazendo uma voz arrastada e ridiculamente caricata.

— Cara, não faz isso de novo, ou eu juro que te dou um murro — aviso, sério. Ele imediatamente desfaz o sorriso, mas logo se distrai ao lado da mulher que o acompanha.

— Oi, Thai — digo, sorrindo para ela. Vestida como Velma, Thai tinha o corte de cabelo e os óculos perfeitos para o papel. Dou um beijo amigável em sua bochecha, e ela sorri.

— Ah, trouxe mais um, espero que não se importe — Carlos comenta casualmente, e levanto as sobrancelhas, curioso.

Antes que eu possa responder, meus olhos encontram a "pessoa extra". Parado ao lado de Carlos, Caio estava vestido com uma camisa vermelha vibrante e usando chifres patéticos de plástico, uma tentativa um tanto desajeitada de se transformar no "Diabo".

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora