BLOOD SAMPLE | JK + Tae + S/N

chapter 31 ✔

A voz de ambos é suave, quase um murmúrio distante, abafado pela parede grossa, mas o suficiente para que eu perceba que discutem algo importante. Não consigo distinguir o conteúdo da conversa, o que somente aumenta minha inquietação.

Estreito os olhos e me inclino um pouco mais para dentro da sala, tentando capturar qualquer fragmento da conversa, uma palavra, um gesto revelador. Mas tudo o que vejo é a tranquilidade quase inquietante que permeia Taehyung, com os ombros relaxados, as mãos gesticulando lentamente, como se nada fora do comum estivesse acontecendo.

Eliza, por sua vez, parece confiante e satisfeita. Ela sorriu de um jeito que me faz estremecer, e algo sobre esse sorriso é profundamente errado. Como se houvesse um segredo entre eles que me excluísse completamente. Quando ambos saem momentaneamente do meu campo de visão, sinto uma urgência quase instintiva de descobrir o que está acontecendo, de confrontar essa realidade que não faz sentido.

Me movo alguns passos para dentro da sala, o chão frio sob meus pés descalços é um choque sutil em contraste com o calor do meu corpo nervoso. Mas, no instante em que avanço, Taehyung se vira lentamente em minha direção, seus olhos caindo sobre mim com uma calma exasperante. Não há surpresa em seu olhar. Absolutamente nada.

Ele simplesmente me observa, como se já soubesse que eu estava ali o tempo todo. Eliza também percebeu a minha presença, e, ao contrário de Taehyung, ela sorriu abertamente, como se minha aparição fosse parte de um jogo planejado por ela. Aquele sorriso. A frieza dele faz minha pele arrepiar. Eu estou confusa, completamente desorientada.

— Bom dia, ursinha — Taehyung diz, com a sua voz grave e envolvente, tão casual como se estivéssemos discutindo algo banal. Ele não se move, apenas me observa com aquela tranquilidade perigosa — Vejo que acordou cedo.

Aperto o lençol contra o corpo, protegendo-me da exposição, tentando me recompor, mas sinto a ansiedade subindo como uma maré. As palavras engasgam na minha garganta, mas eu as forço a sair, minha voz um pouco mais firme do que eu esperava.

— O que está acontecendo aqui, Taehyung? — Meu olhar oscila entre ele e Eliza, que permanece a alguns passos de distância, como se ela fosse um fantasma materializado de meus pesadelos — Ela está viva? — Tento não soar desesperada, mas minha mente luta para fazer sentido disso. Taehyung olha de relance para Eliza, e então, como se fosse a coisa mais natural do mundo, ele dá um leve sorriso de canto.

— Eliza, querida, você se importaria de nos dar um momento? — Ele não pergunta, ele simplesmente dá a ordem disfarçada em sua cortesia impecável. Eliza, com aquele mesmo sorriso perturbador de antes, apenas faz um aceno leve com a cabeça.

— Claro, Taehyung — Sua voz é suave, quase melódica, enquanto ela se move em direção à saída, sem me olhar diretamente. Seu perfume, algo doce e envolvente, porém muito intenso, flutua no ar por onde ela passa, aumentando minha náusea.

A sensação de irrealidade continua a me envolver, como se eu estivesse flutuando em um sonho distorcido, onde as peças não se encaixam de forma alguma. Meu corpo está rígido, coberto apenas pelo lençol que me envolve precariamente, e minha mente corre tentando processar o que está acontecendo. Antes que Eliza saia, ela para bem à minha frente, bloqueando minha visão de Taehyung por um momento. Ela é mais alta que eu, o que apenas faz com que eu me sinta ainda menor, mais vulnerável, naquela situação surreal.

Seus olhos me encontram, e por um segundo, algo indescritível passa pelo olhar dela, uma mistura de curiosidade e algo mais, algo que eu não consigo definir. Sem dizer uma palavra, Eliza estende os braços, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e me envolve em um abraço firme, mas delicado, tomando o cuidado de não deslocar o lençol que está entre mim e sua pele. O calor do contato me surpreende, é um gesto íntimo e desconcertante, como se ela estivesse tentando estabelecer uma conexão que não faz sentido.