CAPÍTULO – 3
S/n
Fiquei parada por um tempo, tentando assimilar tudo. A ideia de deixar Londres, ainda que temporariamente, me parecia um grande passo. Sempre fui muito apegada à rotina que construí aqui, ao trabalho no Café Royal, aos meus estudos, e claro, às amizades que conquistei, especialmente com Jack. E agora, meu pai estava me oferecendo uma chance de explorar algo completamente novo, em um país que eu mal conhecia, mas que fazia parte da minha história.
Enquanto caminhava pelas ruas de Londres, o ar fresco me ajudava a organizar os pensamentos. Ir para a Coreia poderia abrir portas que eu jamais teria considerado por mim mesma. Meu pai tinha razão em uma coisa: a carreira artística é instável, e talvez conhecer pessoas novas, ter outras experiências culturais e profissionais, pudesse me ajudar a expandir meu repertório. Mas, ao mesmo tempo, havia tanto medo.
Era um salto no escuro.
E se eu fosse e não conseguisse me adaptar? E se ficasse para trás em relação às oportunidades aqui? E se, no final das contas, essa mudança me fizesse perder quem eu sou agora, nessa fase da minha vida?
Por outro lado, a ideia de passar mais tempo com meu pai era tentadora. Desde que ele se mudara para a Coreia, nossas interações eram esporádicas e superficiais, quase sempre por mensagens rápidas ou breves encontros. Essa seria uma oportunidade de nos reconectar, de finalmente entender melhor o homem que sempre pareceu tão distante, tanto emocional quanto fisicamente.
Mas havia também a questão de Jack. Eu sabia que ele se importava comigo de uma forma mais profunda, e nossa amizade estava em um ponto delicado. Partir agora poderia mudar nossa dinâmica de uma forma irreversível, especialmente depois da conversa que tínhamos tido recentemente.
Enquanto essas perguntas ecoavam na minha mente, o caminho até em casa pareceu longo, como se o tempo estivesse se arrastando. Quando finalmente entrei em meu apartamento, a familiaridade do lugar trouxe uma sensação de conforto, mas também um peso de decisão.
Sentei no sofá e olhei pela janela, a vista de Londres me trazendo uma sensação de pertencimento. Eu precisava de tempo para processar, para realmente entender o que aquela proposta significava para mim.
O que eu deveria fazer?
S/n caminhou em direção ao quarto, seus passos lentos refletindo o turbilhão de pensamentos que a acompanhava. Ao entrar no banheiro, ela decidiu que um banho quente seria a melhor maneira de acalmar a mente e o coração. Enquanto a água escorria por sua pele, sentiu como se cada gota estivesse levando embora, ao menos temporariamente, o peso da indecisão e da proposta do pai.
Depois do banho, com o corpo relaxado, ela se jogou na cama. Pegou o celular, esperando apenas ver as notificações rotineiras, mas logo percebeu que o grupo de mensagens dos seus irmãos estava bombando. Eram tantas mensagens não lidas que ela se perguntou o que poderia estar acontecendo.
Ao abrir o grupo, se deparou com uma discussão acalorada entre seus irmãos mais velhos. Jôh estava comentando sobre uma viagem de trabalho que faria em breve, Henri parecia estar reclamando de algo relacionado ao trabalho, e Rael sugeria que todos se encontrassem no próximo mês para um "reencontro de irmãos." As mensagens seguiam entre eles, com Alice também fazendo comentários esporádicos sobre como todos estavam ocupados demais e nunca conseguiam se reunir.
Ela leu as mensagens com um leve sorriso, achando engraçado como todos estavam sempre tão cheios de compromissos, mas, ao mesmo tempo, sentiu a falta que eles faziam. Seus irmãos, embora protetores e, por vezes, controladores, eram a única constante em sua vida. E, mesmo com as discussões e o caos típico da família, havia sempre uma sensação de segurança nas conversas entre eles.
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Eu AMO você, mas eu [não] preciso de VOCÊ?
Romance"Amor" - uma palavra tão pequena, mas que carrega um peso imenso. Ao ler essa palavra, sentes uma onda de emoções conflitantes? Para muitos, o amor é um laço indestrutível, um motivo que leva a ações impensáveis. É o que faz pessoas comuns realizare...