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O amor não morre, ele se transforma.

Essa frase fez todo sentido pra mim quando olhei no fundo dos olhos de Saint naquela tarde de sexta feira

_ Me desculpe Perth... eu não queria...

_ Não! - engoli seco - não me peça desculpas!

_ Eu não queria...

Levantei da mesa e acabei fazendo um barulho alto chamando atenção dos demais

_ Vamos parar com isso agora!

_ Não, você não pode...

_ Pois então observe!

Fui em direção a sala do CEO, já que falar com P'Nan não estava surtindo efeito, vou falar com quem resolve.

A semana toda foi um completo caos, eu já não estava conseguindo dormir direito e pra completar aquele Earth todos os dias levou e buscou Santa na empresa, sendo assim não tive oportunidade de trocar uma palavra com ele, até mesmo no almoço ele ia comer com aquele garoto, eu já estava chegando no meu limite, mas o que eu poderia fazer? Realmente eu e Santa não temos nada, e aquele garoto cuida dele com tanto zelo que não tenho o que reclamar, mas... porque mesmo assim ele não parecia feliz? Pra completar tinha Saint que fazia questão de sentar entre nós dois o dia todo, mesmo eu me afastando ele fazia questão de tocar no meu braço, teve alguns ataques de choro nos dois últimos duas quando estávamos finalizando alguns detalhes sobre a casa, ele insistiu em fazer um tipo de santuário com as fotos dos pais, três quartos, uma sala enorme, dois banheiros fora a suíte, ele ia casar e ter filhos para algo tão grande? Mas essa sexta ele passou de todos os limites que imaginei... ele saiu chorando em direção ao banheiro enquanto todos os observavam

_ Deveria ir vê-lo...

Olhei para o lado e a voz de Santa me fez sorrir

_ Santa, eu queria...

_ Se você não for, vou eu!

Ele ameaçou levantar, mas tomei a dianteira e sai, mesmo não querendo, eu já estava realmente exausto com todo esse drama desnecessário de Saint

_ Você está bem?

Abri a porta do banheiro e ele estava sentado no chão, encolhido

_ Eu não quero ficar sozinho Perth... não me deixa sozinho...

Ele levantou a cabeça, os olhos vermelhos já começavam a ficar inchados, as lágrimas escorriam livre pelo rosto, as palavras saíram cortadas já que os soluços atrapalhavam

_ Saint, você deveria voltar para onde estava melhor...

_ Eu não quero Perth... eu quero ficar aqui...

Ele levantou o corpo tão rápido e grudou os braços no meu pescoço que eu não tive reação, ele chorava tão, mas tão alto que fiquei com receio de alguém aparecer questionando se eu estava o agredindo

_ Saint... se acalme...

Respirei fundo e levei uma mão até suas costas, fiz um carinho leve, dessa forma ele ia acabar passando mal de tanto chorar

_ Porque Perth... porque não me quer mais?

Ele estava quase me enforcando de tanta força que fazia com os braços

_ Saint... só acabou... é isso...

_ Não Perth... não acabou... eu não aceito... não quero acabar...

_ Saint...

_ Eu amo você mais quer tudo Perth, você é a única coisa boa que me sobrou!

Senti uma pontada no peito, ele estava jogando baixo

_ Por favor Perth... não me deixe... não de novo...

Levei a mãos aos braços dele e tirei do meu pescoço, afastei nossos corpos a ponto de conseguir olhar seu rosto vermelho

_ Saint... você precisa entender...

_ Eu não quero Perth... - ele soluçava segurando meus pulsos - eu preciso de você, entende...

Pisquei devagar

_ Saint, eu já...

_ Você está namorando outra pessoa?

Ele me cortou enquanto olhava por cima dos meus ombros

_ Você sabe que não Saint...

_ Então, por que não me dá uma chance, uma chance para nós dois?

_ Saint...

Não tive tempo de dizer mais nada, ele puxou meu corpo e uniu nossos lábios tão depressa que com o susto senti a língua dele quase invadir minha garganta, vi ele sorrir olhando por cima dos meus olhos e empurrei seu corpo no mesmo instante que ouvi a porta do banheiro se fechar

_ Santa!

Olhei para Saint novamente que estava paralisado com um olhar assustado

_ Não quero mais te ver. Nunca mais!

Sai correndo pra fora do banheiro, mas só foi quando cheguei na minha mesa que percebi que tudo tinha sido em vão, ele não estava mais lá, Santa não estava em sua mesa, na nossa mesa, as pessoas me olharam com um olhar decepcionado e eu senti o peso da culpa todo nas minhas costas

_ Termine esse rascunho hoje senhor Tanapon, preciso entregar ao setor responsável para dar continuidade...

Concordei com P'Nan, ainda cheguei a questionar se não poderia passar para outra pessoa, mas recebi uma negativa, e isso tudo me trouxe até o agora, até esse momento parado em frente a essa porta enorme, eu não aguento mais

_ Senhor Tanapon, vai entrar ou ficar parado ?

Ouvi a voz de Khun Nontapat e me assustei, como ele sabia que...

Me virei pra trás e lá estava ele com Prem ao seu lado

_ Desculpe senhor, eu só...

_ Se for sobre o projeto finalize e se livre desse seu pequeno incômodo...

Ele deu um passo à frente e abaixou um pouco a cabeça e o tom de voz

_ Agora se for sobre meu filho, espero que você resolva isso agora, porque se algo acontecer a Santa...

Ele respirou fundo e deu dois tapinhas no meu ombro

_ Acredito nas suas boas intenções com Santa, então demonstre isso a ele de uma vez por todas, porque nem mesmo um apaixonado como ele pode aguentar tudo isso!

_ Desculpe Senhor!

Juntei as mãos em forma de respeito e abaixei a cabeça

_ Não é a mim que deve desculpas jovem! - ele respirou fundo - agora vá, por que pelo que andei investigando alguém está cuidando tão bem do meu filho, que posso ser capaz de entregar a mão dele a outra pessoa que não é você!

Juntei as mãos em respeito novamente e sai correndo, não esperei elevador, desci as escadas a passos largos, segurei com força no corrimão já que quase caí várias vezes

" Por favor Santa, me espere... "

Não lembrei da moto, táxi, só corri em direção ao seu condomínio, o ar cortava meus pulmões mas isso não importava no momento, eu ia atrás de Santa, do meu Santa, e dessa vez ninguém ia me impedir de tomá-lo em meus braços.

The Ceo's SonOnde histórias criam vida. Descubra agora