| Denver, Colorado
30 de Novembro, 2021
Às 04h00.ㅗ
ㅡ Por quê não quer me dizer como foi com o As? ㅡ Fui questionada assim que passei pela porta da cozinha após enfrentar a imensa clientela no salão. Aquela altura da tarde sempre enchia, principalmente no início do inverno, onde as pessoas acham a Confeitaria aconchegante e quente demais.
ㅡ Mãe... ㅡ Neguei com a cabeça, torcendo meus lábios quando me aproximei do mural dos pedidos. Colei a folha que está entre meus dedos. ㅡ Não rolou nada demais.
ㅡ A Ária me disse que você dormiu ao lado do As.
Minhas bochechas automaticamente ficaram quentes quando fui pega, com minha mãe abrindo um sorriso muito grande em seguida quando percebeu que tinha mencionado aquele ponto específico do assunto.
ㅡ Ária!
ㅡ Desculpa. ㅡ Minha irmã riu, balançando a cabeça negativamente.
ㅡ Beijou ele?
Voltei a olhar para minha mãe, soltando um suspiro pesado com sua pergunta. Era claro que ainda tinha uma barreira enorme posta entre mim e o Asafe, posta especificamente por ele e que claramente iria demorar para desfazê-la. Como o Rapha disse, o Asafe é tímido e não sabe reagir, o que complica bem mais minha situação.
Claro o sábado estava chegando, mas ainda sim eu queria ter alguns poucos minutos de conversa. Uma conversa simples que nos aproxime um pouco mais, ou melhor, que quebre a barreira de uma vez.
ㅡ Não, mãe, eu não beijei ele. ㅡ Caminhei em direção ao balcão, puxando de lá os pratos com morangos. Eu tinha lavá-los e fazer a torta de morango. ㅡ Nem chegamos a ter uma conversa, na verdade.
ㅡ Como assim?
ㅡ O Asafe tá fugindo da Florence, mãe.
ㅡ Ária! ㅡ Grunhi, podendo ver ela abrir um sorriso inocente para mim enquanto erguia a bandeja com os cookies prontos e saindo da cozinha no segundo seguinte.
ㅡ Fugindo?
ㅡ O Raphael disse que ele não tem experiência alguma com garotas, o que faz com que ele não saiba reagir em certos momentos comigo. ㅡ Expliquei, me direcionando a pia. Abri a torneira, despejando aqueles morangos no recipiente que tinha ali. ㅡ Então... É. A parte do beijo vai ter que esperar.
Minha mãe ficou em silêncio por alguns segundos, parecendo tentar absorver o que eu tinha explicado.
ㅡ E como você se sente com isso?
ㅡ Me sinto estranha. ㅡ Admiti, soltando um suspiro pesado quando voltei ao balcão com os morangos lavados. ㅡ Às vezes eu tenho a sensação de que o Asafe não tem um pingo de interesse, mesmo que o Rapha garanta que ele tenha. Mas, do que adianta o melhor amigo dele garantir e ele não mostrar? Faz com que eu me sinta uma idiota que só tem paixões platônicas.
Minha mãe riu.
ㅡ Não fala assim, Flor. ㅡ Repreendeu-me, aproximando-se do balcão. ㅡ Esse é o primeiro impasse que está enfrentando com alguém, não é? As coisas são assim mesmo. Você não o conhece direito, filha, então é claro que vai ser um pouco difícil de enfrentar isso.
ㅡ Só difícil? ㅡ A encarei com à sobrancelha erguida, notando ela balançar a cabeça negativamente.
ㅡ Olha... ㅡ Ela riu, tocando em meu ombro. ㅡ Você vai dormir hoje lá de novo, não é isso?
Concordei, em silêncio.
ㅡ Então, tenta conversar com ele. Sutilmente e inocentemente, Flor, por favor, nada de indiretas. ㅡ Exigiu com um tom sério, que me arrancou uma risada. ㅡ Os flertes funcionam de algum jeito? Sim, mas cada um tem seu próprio jeitinho de enfrentar essas situações. O Asafe é diferente, né?
ㅡ Muito.
ㅡ Então, Flor. Seja inocente e sutil, mas sem esconder suas verdadeiras intenções, mesmo que ele já saiba quais. ㅡ Aconselhou, passando a mão pela minha bochecha enquanto abria um sorriso carinhoso. ㅡ Entendeu, princesa?
ㅡ Sim, mãe, obrigada.
ㅡ Te amo. ㅡ Deixou um beijo na minha testa, antes que eu sussurrasse "eu te amo" também, se afastando de mim e me deixando sozinha na cozinha.
Voltei a cortar os morangos, focando minha atenção completamente em terminar aquela torta.
Ok, eu seguiria o conselho da minha mãe. Temos que ouvir a voz da experiência, né? Como uma boa entendedora de romances, duvido muito que se eu seguir o conselho da minha mãe, exista chances de da errado.
ㅡ Inocente e sutil. ㅡ Repeti, levando a assadeira com a massa pronta ao forno, fechando-o em seguida. ㅡ Ok, acho que consigo.
... ... ...
ㅡ O que tá rolando entre você e a Ally? ㅡ Questionei Ottis assim que entrei no quarto sendo agraciado pela sua presença em cima da minha cama, brincando com uma bolinha.
ㅡ O que tá rolando entre você e o Asafe? ㅡ Repetiu á pergunta, com um tom nítido de deboche, curvando seus lábios em um sorriso presunçoso. ㅡ Só falo se falar primeiro.
ㅡ Argh... ㅡ Revirei meus olhos, indo até meu guarda-roupa. Puxei meu conjunto de moletom, sabendo que entrentaria um congelante vento lá fora. ㅡ Ainda não está rolando nada, porque sabemos que o Asafe é tímido. É isso que queria saber?
Ouvi a risada do Ottis antes dele continuar.
ㅡ Eu e a Ally estamos no conhecendo. ㅡ Virei-me em direção ao Ottis assim que sua frase ecoou pelo quarto. ㅡ Depois que fomos apresentados na floricultura, senti que estava faltando alguns minutos a mais de uma conversa entre nós. E... Bum! Começamos a conversar.
Cruzei meus braços.
ㅡ Não foi você que disse que garotas são esquisitas e complexas?
ㅡ A Ally não é esquisita. ㅡ Retrucou, torcendo os lábios. ㅡ E muito menos complexa. E se ela for, eu posso gostar assim, até porque nada de bom vem com um processo fácil.
Mordi meu lábio inferior assim que as palavras do Ottis me atingiram em cheio, como se estivessem sido exatamente proferida para mim. Até porque meu "lance" com o Asafe estava sendo tudo, menos fácil, porque ainda tinha aquela maldita barreira quase inquebrável.
No entanto, eu não estava nenhum pouco afim de desistir. E usar aquela tática de "inocente e sutil", era meu próximo passo agora.
•••
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Coração Rebelde | Vol.3
RomanceAsafe estava completamente ansioso para suas férias de fim de ano, pronto para descansar depois do último ano exaustivo que enfrentou. Ainda indeciso sobre seus próximos passos no mundo acadêmico, tudo que o Asafe queria era descansar tranquilamente...