Eles prosseguiram caminhando, com Joca a observar os rastros dos inimigos, e Leon o seguindo logo atrás.
À medida em que venciam distância, o céu foi se tornando mais escuro e cheio de estrelas, que mais se pareciam pequenos diamantes jogados sobre um véu negro.
Os dois continuaram, preocupados com o que poderiam encontrar quando alcançassem os gigantes.
Imaginavam se as pobres crianças já não estariam cozidas, picadas ou digeridas pelos monstros malignos.
Foi quando ouviram um barulho alto de chamas, bem próximo deles.
Leon guardou a Espada na bainha e agachou-se junto de Joca, apertando os olhos para a súbita luminosidade que apareceu à frente.
Os dois foram andando silenciosamente, ansiosos, os nervos duros.
— Ouço vozes — sussurrou Joca, levantando a lança. — Devem ser eles.
Continuaram avançando, até que enxergaram uma cena aterrorizante através dos arbustos. Um casal de gigantes misturando um imenso caldeirão de ferro, o qual borbulhava, soltando boas baforadas de fumaça.
— Está quase no ponto — disse um dos monstros, voltando-se para o companheiro, que parou de misturar brevemente, a fim de analisar o ensopado.
— Sim — disse ele. — Logo poderemos cozinhar os sapinhos.
Eles riram, mostrando os dentes amarelados, que brilharam à luz da fogueira que estava abaixo do caldeirão.
Leon e Joca detiveram-se por um momento naquelas figuras terríveis, seres altos com mais de três metros, ombros largos, orelhas grossas e ásperas...
Então, procuraram com os olhos pelos sapinhos, vendo-os recostados numa árvore. Eram pequenos homens-sapos, envoltos numa rede de pesca, debatendo-se e choramingando.
— Como vamos chegar até eles? — perguntou Leon, com o coração cheio de agonia, a face drenada de cor.
Depois dessa breve conversa, os dois puseram-se a discutir um plano, falando um no ouvido do outro. A cada segundo em que eles planejavam o que fariam, os gigantes soltavam exclamações animadas e perversas, por vezes acrescentando novos temperos à sopa (ervas e estranhos vegetais que traziam nos bolsos das túnicas sujas).
Após alguns minutos, um dos monstros finalmente disse:
— Hora de acrescentar o ingrediente principal. — Seus beiços abriram-se num sorriso perverso.
Leon e Joca gelaram, parando imediatamente de falar, engolindo em seco.
— Temos que agir agora — disse Joca, num murmúrio desesperado.
Leon assentiu, e juntos, desapareceram em meio às árvores.
Na pequena clareira em que estavam os gigantes, um dos monstros estalou os lábios e pôs-se a caminhar na direção da rede de pesca.
Os pobres sapinhos debateram-se, berrando de terror, tentando escapar das cordas que os envolviam, mas sem obter sucesso.
— Socorro! — gritaram. — Socorro! Por favor, não nos comam!
O gigante gargalhou, estendendo os dedos para a rede e a agarrando. Alguns sapinhos teriam sido esmagados se não tivessem se jogado para os lados da prisão de cordas, escapando por pouco da pressão do aperto.
Balançando a "sacola" com as crianças, a criatura moveu-se na direção do caldeirão, onde seu companheiro o esperava, esfregando as mãos.
Foi quando a lança voou pelo ar, caindo direto no olho esquerdo do gigante que levava a arapuca. O bicho berrou, largando os filhos de Rogério, que caíram com tudo no chão, ainda mais agitados e desesperados, sem entender o que acontecera.
— Meu olho! — exclamou o gigante, levando os dedos ao órgão ferido, do qual brotava um longo e volumoso filete de sangue.
O outro monstro rosnou, cerrando os punhos e olhando os arredores.
— Quem fez isso? — gritou ele. — Quem feriu o meu amigo?! Apareça, sua peste!
VASH! — outra lança voou pelo vento, silvando, cantando, até fincar-se ao outro olho do gigante.
Desta vez, a arma cravou-se tão profundamente no monstro, que alcançou seu cérebro, fazendo-o dar um último berro antes de tombar morto no chão, sob as árvores.
— Não! Não! — exclamou seu companheiro, agachando-se sobre o cadáver, o rosto contorcido de raiva. Ele cerrou os dentes e continuou olhando ao redor, agitado. — Onde?! — Então parou, subitamente enxergando duas figuras escuras num arbusto, iluminadas por uma luz amarelada e forte.
— Achei vocês!!! — O monstro ergueu os punhos, dando um salto na direção de Joca e Leon.
Os dois pularam para o lado no último instante, e as mãos pesadas da criatura bateram no solo, afundando-o.
— Agora, Leon! — gritou Joca.
Avançando num urro furioso, Leon golpeou com a Espada, estocando bem no flanco direito da besta, perfurando seu corpo até o coração.
O gigante arregalou os olhos, olhando incrédulo para a lâmina que o feriu, até que, tremendo, tombou, completamente derrotado.
Leon puxou a Espada do corpo do inimigo, surpreso que nenhuma gota de sangue a manchara.
Os dois homens se encararam, sorrindo pelo sucesso do plano que fizeram juntos.
DING! DING! — Mas de repente, um som intenso tolheu o silêncio agradável, fazendo as pupilas de Joca dilatarem de terror.
— É o sino da vila! — esperneou ele. — Estamos sob ataque!
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OS DEFENSORES DA FLORESTA MÁGICA
FantasyPara proteger o Cristal Vital, Tiffo, Matilde e Leon têm que dar o seu melhor!