Faltavam poucos dias para o tão esperado passeio da escola. Iríamos visitar um antigo arquipélago, um local repleto de fauna exótica e uma natureza quase intocada. No entanto, eu sabia bem que a maioria dos alunos não estava tão interessada em aprender sobre a flora ou em estudar os animais do lugar, o verdadeiro atrativo era a praia próxima, e o plano de todos parecia ser aproveitar o mar e o sol.
Mas, para eu poder ir, precisava da autorização da minha mãe, e isso significava que teria que estar pronta para uma negociação.
—Mãe, posso ir no passeio da escola? — perguntei, tentando não parecer ansiosa demais.
Ela ergueu o olhar e, em vez de uma resposta direta, soltou.
— Passeio? Podemos fazer um passeio juntas se você quiser.—
—Não, mãe, é um passeio da escola — reforcei, enquanto tentava evitar um tom de súplica.
Nesse momento, Dai se aproximou da gente, olhando com curiosidade para nós enquanto balançava o rabo. Minha mãe, sorrindo, jogou um pedaço de carne que ele pegou no ar com agilidade.
— Por favor, mãe! Eu só tiro notas boas, já ganhei troféu e medalha de melhor aluna na sala. — Aquelas eram minhas melhores cartas, então tentei usá-las com convicção.
Ela me lançou um olhar pensativo e disse:
— Isso não é meio que sua obrigação? As medalhas são só um reconhecimento disso. Vou pensar no seu caso. Pra quando é o passeio?—
— Daqui a duas semana. —
Ela apertou minhas bochechas levemente, sorrindo.
— Bem, até lá eu vou pensar.—
Era evidente que ainda não tinha conseguido convencê-la, e, suspirando, me levantei.
— Vou dar uma caminhada, então — avisei.
— Vai com cuidado, Mei, e não se esqueça de voltar antes do almoço — disse ela, enquanto acenava e se concentrava novamente em Dai.
Descendo as escadas do prédio, notei que Dai descia logo atrás de mim, decidido a me acompanhar. Parecia que agora ele estava empenhado em ser meu fiel escudeiro, em todos os momentos.
Enquanto caminhava, acabei passando pelo beco onde havia visto aquela figura estranha antes. Estava prestes a entrar para explorar mais quando senti Dai puxar minha roupa com os dentes, como se quisesse me impedir.
— O que foi, garotão? Você também viu a criatura aquele dia? — Perguntei, me abaixando e olhando nos olhos dele.
Se ele realmente enxergava o que eu via, era uma leve esperança de que eu não estivesse sozinha naquela experiência, ainda que meu único confidente fosse um cachorro. Dai me observava atentamente, mas, sem uma resposta clara, começou a seguir em outra direção, como se quisesse me afastar daquele lugar.
No entanto, algo dentro de mim, um impulso incontrolável, me fez correr para dentro do beco. Logo ouvi o latido de Dai, que veio em disparada atrás de mim, como se tentasse me acompanhar. Conforme me aproximei do centro do beco, o ambiente começou a mudar; o brilho do dia se apagava rapidamente, como se a noite houvesse caído de repente.
O ar parecia pesar, e uma escuridão densa engolia as paredes ao redor. Olhei em volta, tentando entender o que estava acontecendo, e ao dar meia-volta, bati em algo invisível, como uma parede que bloqueava minha saída.
— Eu sabia que você voltaria! — A voz fria e arrastada da criatura cortou o silêncio, ressoando pelo beco.
Meu coração acelerou, mas mantive a postura firme.
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Rastro dos Antigos Terror imensurável
ParanormalA pequena Liu Mei Huang, uma estudante comum do ensino fundamental, vê sua vida transformada em caos ao começar a enxergar monstros que só ela pode ver. Com suas visões perturbadoras, Liu Mei busca respostas desesperadamente, tentando entender por q...