O sol de final de tarde banhava a cidade com um tom dourado, e as ruas de São Paulo pareciam ainda mais vivas naquele fim de semana prolongado. Santa Cecília tinha um charme único, com seus prédios antigos e lojas alternativas, e era o cenário perfeito para o começo de mais uma história. Jeongin respirava o ar quente e seco, sentindo um nervosismo crescente no peito, um sentimento que vinha acompanhando seus dias há algum tempo.
Tudo em volta parecia sinalizar o que seu coração já sabia, mas que ele ainda hesitava em admitir para si mesmo. Kim Seungmin. Aquele nome ocupava sua mente de uma maneira inexplicável. Desde que se conheceram no café da esquina, entre conversas sobre música e risadas espontâneas, algo entre eles havia mudado. Era como se a cada encontro, cada conversa, o universo gritasse que eles pertenciam um ao outro.
No começo, Jeongin se negava a acreditar, achava que era apenas a solidão falando mais alto. Mas, não. Havia algo mais. Algo que o fazia sentir que aquilo não era só mais uma paixão passageira. E, de fato, não era.
Jeongin suspirou, olhando ao redor. Ele estava sentado em uma das praças da região, os olhos vagando entre as pessoas que passavam e os detalhes do bairro. O som de uma moto ao longe fez seu coração acelerar. Ele sabia quem estava se aproximando. Seungmin sempre chegava pontualmente, e sua moto amarela era inconfundível no meio do tráfego.
Quando o rapaz parou em frente a ele, o sorriso que iluminava seu rosto era tudo o que Jeongin precisava para afastar qualquer dúvida que ainda existia. Seungmin tirou o capacete, sacudindo o cabelo desarrumado, e estendeu a mão para Jeongin.
- Preparado para explorar Santa Cecília? - perguntou, com aquele tom de voz tranquilo e reconfortante.
Jeongin sorriu de volta, seu coração disparado.
- Com você? Sempre.
Subindo na garupa da moto de Seungmin, sentiu o calor do corpo dele contra o seu. O vento batia em seu rosto, enquanto as ruas desfilavam ao redor, em uma mistura de cores e sons. A sensação de liberdade que sentia com o Kim era única, como se o mundo ao seu redor desaparecesse e só eles dois importassem. O braço de Jeongin se apertou em volta da cintura de Seungmin, e ele fechou os olhos por um momento, se permitindo sentir o momento por completo.
Já fazia um tempo que as coisas entre eles vinham mudando. Desde aquele primeiro encontro casual, passando pelas conversas longas ao telefone e os passeios descompromissados pela cidade. Jeongin percebia que, a cada dia, Seungmin se tornava mais essencial em sua vida. Não era só a companhia, mas a conexão que eles tinham. Algo que transcendia o físico, algo que parecia... de alma.
Assim que chegaram ao destino, Seungmin estacionou a moto em frente a uma sorveteria pequena e aconchegante, em uma rua tranquila de Santa Cecília. O aroma doce de casquinhas recém-assadas flutuava pelo ar, e o som de risadas de crianças brincando por perto trazia uma leveza àquele fim de tarde.
- Essa é a minha sorveteria favorita. - Seungmin comentou, segurando a porta para que Jeongin passasse. - Já veio aqui?
- Não, nunca estive aqui antes. - Jeongin respondeu, surpreso com o quanto o lugar era encantador. - Mas acho que vou começar a frequentar agora.
Os dois se sentaram em uma mesa de canto, as janelas de vidro oferecendo uma bela vista da rua movimentada. Eles escolheram seus sorvetes e logo voltaram a rir de assuntos aleatórios, como sempre faziam. Mas, naquele dia, havia algo diferente no ar. Uma tensão leve, quase palpável, como se ambos soubessem que algo estava prestes a ser dito, mas nenhum tinha coragem de começar.
- Seungmin... - Jeongin começou, tentando encontrar as palavras certas, mas sendo interrompido pelo sorriso sereno do outro.
- Eu sei o que você vai dizer. - murmurou, sua voz suave, mas firme. - Eu também sinto isso.
Jeongin o encarou, surpreso.
- Sente?
- Sinto. - Seungmin confirmou, estendendo a mão por cima da mesa e entrelaçando seus dedos aos de Jeongin. - Tudo em volta tem me confirmado isso, sabe? Eu e você... Parece que somos coisa de alma. O jeito que nos conectamos, o quanto é fácil estar com você, como se fosse o mais natural do mundo. Não tem nada forçado, nada complicado.
Jeongin sentiu o coração disparar. Ele não estava sozinho naquele sentimento. O universo realmente estava alinhando seus caminhos.
- Eu também sinto isso. - Ele confessou, sua voz um pouco trêmula, mas cheia de certeza. - Cada vez que a gente se encontra, parece que o universo está gritando para mim: "É ele."
Seungmin riu baixo, apertando levemente a mão de Jeongin.
- Que bom que estamos na mesma sintonia. - Ele disse, seus olhos castanhos encontrando os de Jeongin com uma intensidade que fez o mais novo quase perder o fôlego.
Depois de tomarem o sorvete e aproveitarem a leveza daquele momento, Seungmin sugeriu um passeio pelas ruas da região. Eles caminharam de mãos dadas pelas calçadas, explorando as lojinhas locais e tirando fotos de cada cantinho que achavam interessante. Não era nada planejado, mas tudo parecia se encaixar perfeitamente.
O pôr do sol tingia o céu de tons alaranjados e rosados, e os prédios ao redor criavam um cenário quase cinematográfico. Em um momento, Seungmin puxou Jeongin para perto, o envolvendo em um abraço firme, como se quisesse guardar aquele instante para sempre.
- Você muda tudo, sabia? - sussurrou, os lábios próximos ao ouvido de Jeongin. - Desde que você entrou na minha vida, tudo ficou... melhor.
O Yang sentiu o calor subir ao rosto, seu coração batendo mais rápido do que jamais pensou ser possível.
- Eu sinto o mesmo. - Ele murmurou de volta, sem se afastar. - Tudo com você parece tão certo. Tão... fácil.
Eles permaneceram ali por mais alguns minutos, aproveitando a quietude do bairro, o calor dos corpos próximos e o som distante da cidade ao redor. Não havia necessidade de pressa, nem de palavras complicadas. Eles apenas sabiam que estavam exatamente onde deveriam estar.
Mais tarde, quando a noite finalmente caiu sobre São Paulo, eles voltaram para a moto de Seungmin, prontos para encerrar aquele dia perfeito. Mas antes de colocarem os capacetes, o Kim segurou o rosto de Jeongin com ambas as mãos, seus olhos se fixando profundamente nos dele.
- Vamos explorar o mundo juntos? - Seungmin perguntou, sua voz baixa, mas carregada de significado. - Não só Santa Cecília, mas... a vida?
In sorriu, sentindo seu coração transbordar de felicidade. Ele já sabia a resposta.
- Com você, sempre. - Ele respondeu, e então, sem pensar duas vezes, selou aquela promessa com um beijo doce e cheio de amor.
Enquanto a moto amarela cortava as ruas iluminadas pela noite paulistana, Jeongin soube que aquela não seria apenas mais uma história de amor. Era o começo de algo muito maior. Algo de alma.
Fim.
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coisa de alma - seungin
Fanfiction◇ • "- Vamos explorar o mundo juntos? - Seungmin perguntou, sua voz baixa, mas carregada de significado. - Não só Santa Cecília, mas... a vida?"