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Min Hee

A faxina não estava fácil, e eu já estava perdendo a paciência com Yoongi. Ele insistia em contratar alguém para fazer o serviço, mas não deixei. Ele tinha que aprender a fazer as coisas por conta própria!

Peguei a vassoura e comecei a varrer cada canto. No meio do processo, encontrei um colar velho, mas bonito, que chamou minha atenção. Fui pegá-lo, mas Yoongi foi mais rápido, pegou o colar e o guardou numa caixa destinada ao senhor Kim.

— Você não tem dinheiro para comprar um colar novo, não? — ele provocou, com o tom ácido de sempre.

— Aish, mas não tem à venda um igual a esse! — retruquei, irritada.

— Não importa! — ele finalizou, sem dar chance para mais discussão.

Continuei a limpeza com ainda mais determinação.

No final do dia, já era noite, e a casa finalmente estava impecável. Nem paramos para comer. Cansada, mas faminta, fiz uma sugestão.

— Que tal comermos ramen?

— Você só sabe comer isso? — ele provocou.

— Não! — respondi na defensiva. — Eu sei cozinhar, mas gosto muito de ramen!

— Então, eu posso fazer bulgogi. Está satisfeito? — eu disse, desafiadora.

— Hmm... E se você me envenenar? — brincou, e o  empurrei de leve, mas ele se esquivou com um sorriso.

O sorriso dele era lindo, e, sem querer, me peguei sorrindo junto. Mas minha expressão logo mudou quando ele recebeu uma ligação. Olhei de canto enquanto ele atendia.

— Jisoo? — a voz dele suavizou ao falar com ela. — Você está bem? Eu também senti sua falta.

Aquela troca me incomodou profundamente. Antes que ele pudesse notar minha reação, saí de lá e fui para o carro, tentando me acalmar. Enquanto eu estava lá, sozinha, meu celular vibrou com uma mensagem. Era do Kai.

Podemos nos ver hj, Hee?
18:03

Eu estou em Busan a trabalho infelizmente não vou poder, me desculpa de verdade!
18:04

Tudo bem então, vou sentir sdds
😭
18:04

Desliguei o celular, encarando o teto do carro, tentando ignorar o nó na garganta. Pouco depois, Yoongi entrou, me olhando com uma expressão curiosa.

— Já falou com sua namoradinha? — provoquei, tentando parecer indiferente.

— Sim, por quê? Está com ciúmes? — ele respondeu com aquele sorriso presunçoso que me irritava tanto.

— Eu? N-não! — retruquei, desviando o olhar.

— Então, vai fazer bulgogi? — perguntou, mudando de assunto.

— Sim, vou, chato! — resmunguei, saindo do carro e indo direto para a cozinha.

Comecei a pegar os ingredientes e os temperos, focando em preparar o bulgogi o melhor possível, tentando esquecer a conversa anterior. Enquanto cozinhava, eu o via de relance, sentado no sofá, claramente ansioso para comer. Ele acompanhava cada movimento meu com olhos famintos, apreciando o aroma da comida que começava a preencher o ambiente.

Quando terminei, coloquei os pratos na mesinha e me virei para chamá-los.

— Calma aí! Vou chamar So Ah e Namjoon para comer com a gente.

— Não demore, senão vou comer tudo. Estou faminto! — ele respondeu, rindo, segurando o estômago.

Atravessei o corredor em direção ao apartamento deles, mas notei algumas pessoas estranhas na porta. Parei por um segundo, hesitante, mas decidi entrar quando vi que a porta estava entreaberta.

Ao entrar, fiquei paralisada com a cena diante de mim. Namjoon segurava So Ah no colo. Uma onda de choque percorreu meu corpo, e era como se o chão tivesse sumido sob meus pés. Sentindo-me sem ar, caí no chão, a respiração se tornando difícil e entrecortada, enquanto meu coração parecia bater fora do peito. Caio no chão desmaiada.

So Ah

Eu só queria poder ficar ao lado de Min Hee e Namjoon. Mas, com cada dia que passa, sinto que meu tempo está acabando. A realidade é dura, e, por mais que eu tente, não consigo afastar esse sentimento de tristeza e culpa.

Certo dia, fui ao hospital para continuar o tratamento que Min Hee estava pagando. Ao chegar, ouvi o médico conversando com uma enfermeira do lado de fora do consultório. Não pretendia ouvir, mas suas palavras foram como um golpe no peito.

— Senhor, daqui a pouco a paciente So Ah chega — informou a enfermeira, tentando manter a postura.

Ele apenas riu, debochado.

— Coitada da amiga dela, só vai perder dinheiro. A amiga dela não tem mais jeito! Aposto que fez um empréstimo e deve estar toda endividada — ele murmurou, sem qualquer empatia.

A enfermeira o olhou, incerta.

— Senhor?

— Você prefere ser demitida ou ficar calada? — ele respondeu com frieza.

A enfermeira baixou a cabeça e saiu, impotente. Aquilo me deixou sem chão. Me senti culpada e sem saber o que fazer. Queria contar tudo para Min Hee, mas sabia que, se ela soubesse, enfrentaria o médico sem pensar duas vezes. E ele não deixaria barato.

Eu não queria que ela se afundasse em dívidas por minha causa, nem que sofresse ainda mais. Ficar em silêncio parecia a única opção, mesmo que isso destruísse o pouco de esperança que ainda restava em mim.

A culpa parecia pesar mais a cada dia. Eu me sentia dilacerada por dentro, sabendo que teria que partir e deixar as pessoas que amo para trás. Min Hee, minha amiga que sempre esteve ao meu lado, já havia passado por tantas perdas... primeiro seus pais, depois a avó... e agora, estava prestes a perder a mim também.

Eu quero viver. Quero poder continuar ao lado dela, compartilhar risadas, segredos e momentos que ainda não tivemos. No início, pensei que, quando a hora chegasse, seria mais fácil, que eu estaria em paz com isso. Mas agora que o momento se aproxima, tudo o que sinto é uma vontade desesperada de permanecer. Não quero partir… não agora, não desse jeito.

Contrato Com Sentimentos - Min Yoongi Onde histórias criam vida. Descubra agora