Eu ainda não acredito que aceitei isso. Relacionamento falso. Como é que eu me meti nessa?
Agora, aqui estou, na loja, rodeada por vitrines cheias de alianças de todos os tipos. Ouro branco, ouro amarelo, com pedras, sem pedras... Eu mal consigo me decidir sobre o que quero no almoço, quem dirá escolher uma aliança que vai simbolizar algo que nem é de verdade.
Olho para a vendedora, que sorri pacientemente, como se estivesse acostumada com casais indecisos. Ah, se ela soubesse. Finjo que estou empolgada, dou uma risada forçada enquanto experimento uma aliança fina e discreta. Não que o estilo realmente importe, mas parte de mim quer que isso pareça... real, talvez? Mesmo que eu saiba que não é.
Respiro fundo, observando meu reflexo no espelho com a aliança no dedo. É só uma fachada, eu me lembro. Mas, ainda assim, alguma coisa no peso dela me faz sentir como se estivesse mais comprometida com essa farsa do que eu pretendia.
Lembro das palavras de Milena ressoando na minha cabeça: "Pode ser uma aliança de amizade." Faz sentido. Quer dizer, de certa forma, tudo isso começou com amizade, e talvez seja exatamente assim que deva ser representado, para não complicar ainda mais.
Ando até outra vitrine, e é aí que vejo algo diferente. Alianças de sol e lua. Uma delas tem um desenho delicado de um sol gravado, e a outra, uma lua minguante, como se fossem complementos. As peças são simples, mas algo nelas me atrai. São símbolos que se completam, mas não são iguais. Assim como nós. A ideia de que ambos temos nossos momentos, nossas fases… parece perfeito.
Mostro as alianças para a vendedora, e ela sorri. Acho que sente que finalmente encontrei algo que faz sentido. Coloco a aliança com a lua no dedo e vejo como fica. Sinto uma estranha familiaridade, um conforto inesperado.
Talvez seja só uma fase.
Seguro as alianças nas mãos e me aproximo de Erick, um pouco nervosa. Tento não demonstrar, mas ele percebe o quanto esse momento é esquisito para mim, e seu olhar divertido não ajuda muito.
— Olha essas aqui — digo, estendendo a mão para que ele veja melhor. — Pensei que seria interessante algo simbólico, e… bem, uma é o sol e a outra é a lua.
Ele pega uma delas, o sol, e observa com uma expressão que não consigo decifrar. Erick sempre foi tão imprevisível, mas, agora, ele parece mais sério, quase pensativo. Passa o dedo pelo desenho gravado e depois me olha, o canto da boca levantando em um sorriso discreto.
— Gostei. Sol e lua, hein? Tem tudo a ver — ele responde, dando uma piscadela, mas sinto que, por trás da brincadeira, ele realmente se importa com a escolha.
— É, um completa o outro, mas… mantém a própria essência. Faz sentido para nós, né? — comento, tentando manter a voz leve.
Ele coloca a aliança do sol no dedo, e eu faço o mesmo com a da lua. Por um segundo, ficamos em silêncio, apenas olhando para nossas mãos, como se a pequena ação de usar essas alianças de mentira tivesse ganhado um significado muito maior.
— Então, parceiro, estamos oficialmente ‘falsamente comprometidos’ — brinco, tentando quebrar o clima.
— Sim, senhora — ele responde, sorrindo.
—Por um instante achei que você me faria usar algo rosa,ou roxo Erick fala rindo.
Reviro os olhos, mas não consigo evitar uma risada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O despertar do amor
RomanceDesde a infância, Ayla e Erick mantiveram uma amizade marcada por travessuras e implicâncias. Quando tinham 18 anos, um vínculo especial surgiu entre eles, mas, ocupados com questões pessoais, nunca perceberam a profundidade dos sentimentos que comp...