Azul como a cor dos seus olhos

Capítulo 32

A saída de Joon-woo deixou o ambiente pesado, a tensão palpável no ar. Jungkook ficou parado por alguns momentos, a mente em um turbilhão de pensamentos e emoções. Ele se perguntava como seu irmão, que sempre fora uma parte essencial de sua vida, havia se afastado a tal ponto. Joon-woo estava consumido por ciúmes e ressentimentos, e a revelação de que ele poderia estar por trás do envenenamento de Jimin tornava tudo ainda mais complicado.

Após alguns minutos, Jungkook decidiu que não poderia deixar a situação assim. Ele precisava agir, não apenas como príncipe, mas como irmão. Era seu dever entender o que estava acontecendo com Joon-woo e impedir que mais danos fossem causados a quem ele amava.

Nos jardins do castelo, Jungkook encontrou Jimin sentado em um banco sob uma árvore frondosa. O jovem plebeu estava absorto em seus próprios pensamentos, um livro aberto em seu colo. O ar estava fresco, e o perfume das flores ao redor era uma doce lembrança da beleza que ainda existia, mesmo em tempos difíceis.

Jungkook aproximou-se com cuidado, sem querer interromper o momento de tranquilidade de Jimin. No entanto, ao sentir a presença do príncipe, Jimin levantou os olhos e sorriu, o calor em seu olhar fazendo o coração de Jungkook acelerar.

— Oi, Jungkook, — disse Jimin, fechando o livro. — Como foi a conversa?

Jungkook hesitou, sua mente cheia de dúvidas. Ele não queria preocupar Jimin, mas também não poderia esconder a verdade.

— Foi... difícil. Eu não sabia que Joon-woo se sentia assim. Ele está machucado, Jimin. Ele se sente deixado de lado.

Jimin inclinou-se para a frente, a preocupação estampada em seu rosto.

— Ele sempre foi muito próximo de você. É compreensível que ele se sinta assim, especialmente agora que você se tornará rei.

Jungkook respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos. A dor em sua voz era evidente quando respondeu.

— Mas isso não justifica o que ele fez. Ele pode estar amargurado, mas não posso permitir que essa amargura coloque você em perigo.

Jimin estendeu a mão e segurou a de Jungkook, seu toque era calmante.

— Jungkook, eu confio em você. Não importa o que acontecer, vou ficar ao seu lado.

Essas palavras trouxeram um alívio imediato ao coração de Jungkook. Ele precisava lembrar que, independentemente das dificuldades que enfrentavam, o amor deles era mais forte que qualquer obstáculo.

— Obrigado, Jimin. Sua força me inspira. Eu só espero que Joon-woo possa ver isso.

— Talvez seja hora de você se abrir para ele, Jungkook. Às vezes, tudo o que precisamos é de um pouco de compreensão.

Jungkook assentiu, refletindo sobre as palavras de Jimin. Ele percebeu que precisava encontrar um caminho para restaurar o relacionamento com seu irmão, mas não tinha certeza de como fazer isso.

Mais tarde, Jungkook decidiu se encontrar com Joon-woo novamente. Ele queria entender o que realmente estava acontecendo na mente do irmão. Ao entrar nos aposentos de Joon-woo, encontrou o jovem sentado na escrivaninha, com o olhar distante, perdido em seus próprios pensamentos.

— Joon-woo, precisamos conversar.

Joon-woo virou-se lentamente, seu olhar frio e defensivo.

— O que mais você quer de mim, Jungkook? Já não basta o que você já tem?

Jungkook se aproximou, tentando parecer calmo.

— Quero entender por que você está fazendo isso. Não estou aqui para discutir poder ou amor. Eu só quero ser seu irmão novamente.

— Irmão? Você fala como se ainda fôssemos crianças, Jungkook. Você se tornou o príncipe que todos adoram e eu... eu sou apenas um fardo.

— Isso não é verdade. Você nunca foi um fardo. Eu sempre admirei você, Joon-woo. Você é forte, inteligente e tem um coração bom.

Joon-woo soltou uma risada amarga.

— E quem se importa com isso? O povo ama o príncipe. Eles não se importam com o que está por trás das paredes do castelo.

Jungkook franziu a testa, percebendo que as palavras de seu irmão estavam repletas de dor. Ele não poderia deixar que isso continuasse a crescer.

— Eu sei que você está magoado. Mas eu não estou aqui para te substituir. Estou aqui para te ajudar. O que você acha que posso fazer para consertar isso?

Por um momento, Joon-woo hesitou. A defensiva que ele erguera ao longo do tempo começou a ruir diante da sinceridade do irmão.

— Eu só queria que você pudesse ver as coisas do meu ponto de vista. Nunca quis ser o vilão da história, Jungkook.

Jungkook deu um passo à frente, olhando nos olhos do irmão.

— Então me diga, Joon-woo. O que você realmente deseja?

Joon-woo se virou, encarando a janela. As palavras saíram de seus lábios, embora hesitantes.

— Eu só queria um lugar ao seu lado. Não em sombras, mas como seu igual.

A sinceridade da declaração de Joon-woo atingiu Jungkook em cheio. Ele percebeu que, por trás da rivalidade, havia um desejo comum de conexão e pertencimento.

— Então, vamos trabalhar juntos. Podemos governar juntos. O reino precisa de nós dois, Joon-woo.

Os olhos de Joon-woo brilharam com a possibilidade, mas a insegurança ainda pairava no ar.

— Você realmente acha que isso pode funcionar?

— Sim, acredito que sim. Precisamos nos unir, não apenas como irmãos, mas como líderes. Precisamos de um propósito maior do que nossas disputas pessoais.

Joon-woo suspirou profundamente, a luta interna visível em seu rosto. Ele estava prestes a responder quando a porta se abriu abruptamente, revelando Taemin com uma expressão de preocupação.

— Majestade, temos um problema.

Os irmãos se voltaram para o conselheiro, a tensão instantaneamente retornando ao ar.

— O que aconteceu? — perguntou Jungkook, sua preocupação crescendo.

— Recebemos notícias de que o servo responsável pelo envenenamento de Jimin fugiu. Ele está em liberdade e... — Taemin hesitou, claramente relutante em continuar. — Ele tem informações sobre quem o contratou.

Jungkook e Joon-woo trocaram olhares, ambos entendendo a gravidade da situação.

— Precisamos encontrá-lo antes que ele desapareça completamente. Joon-woo, você está comigo? — perguntou Jungkook, estendendo a mão.

Joon-woo hesitou, mas em seguida, tomou a mão do irmão, um símbolo de que estavam juntos nessa luta.

— Sim, vamos. Precisamos proteger Jimin e descobrir a verdade.

Com essa determinação, os dois irmãos deixaram os aposentos, prontos para enfrentar o que quer que estivesse à sua frente.