AMOR EM CORES VIVAS - JENNA ORTEGA / GP!

CAPÍTULO 8 - ME ACORDE QUANDO SETEMBRO ACABAR

A caminhada com Jenna era tranquila, como quase sempre. Cada passo, guiado por sua voz, me trazia uma mistura de conforto e inquietação. Eu não podia negar que estar ao lado dela me fazia sentir uma paz que eu raramente encontrava em qualquer outro lugar. Mas essa paz vinha acompanhada de uma constante luta interna, uma batalha entre o desejo de manter nossa amizade intacta e o anseio de algo mais.

- Eu acho que a primavera está finalmente chegando. - Jenna comentou, enquanto sentíamos o ar fresco e o farfalhar das folhas ao nosso redor.

- Sim, dá para sentir a diferença. - respondi. Minha mente, no entanto, estava a quilômetros de distância. O retrato que eu havia lhe dado mais cedo ainda pesava na minha cabeça. A maneira como ela havia reagido fora tão genuína, tão cheia de afeto... mas era o tipo de afeto que eu não sabia se poderia suportar por muito mais tempo, se permanecesse apenas dentro dos limites da amizade.

Continuamos andando, em um silêncio que não era desconfortável, mas para mim, era carregado de significados ocultos. Jenna estava ao meu lado, e eu me perguntava se ela sentia o mesmo peso que eu. Se ela também questionava o que existia entre nós, ou se para ela, tudo era exatamente o que parecia: uma amizade sincera e nada além disso.

- Julia? - Jenna chamou meu nome, tirando-me dos meus devaneios.

- Hm?

Ela parou de caminhar, e eu também. Mesmo sem poder ver seu rosto naquele momento, senti a intensidade de seu olhar em mim, uma sensação que sempre me fazia arrepiar. Ela hesitou antes de continuar, como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras.

- Você sabe que pode me contar qualquer coisa, né? Eu sinto que... tem algo que você quer dizer e está guardando pra si. E isso me preocupa.

Engoli em seco. Lá estava ela, sempre tão perceptiva. Por mais que eu tentasse esconder meus sentimentos, parecia impossível fazer isso por muito tempo quando se tratava de Jenna.

- Eu... é complicado. - murmurei, meu coração acelerando com o que estava por vir. Ela esperou, paciente, sem pressionar, e isso tornava tudo ainda mais difícil. - Jenna, eu não sei exatamente como dizer isso... mas nos últimos tempos, eu estive pensando muito sobre o que significa estar perto de você. E... - minha voz falhou, mas eu sabia que não podia parar ali. - Às vezes eu sinto que, pra mim, o que temos é mais do que amizade. Eu... gosto de você, de um jeito que vai além disso.

O silêncio que se seguiu foi quase insuportável. Eu sabia que Jenna estava processando minhas palavras, mas o vazio entre nós parecia durar uma eternidade. Cada segundo de sua hesitação aumentava meu nervosismo.

- Julia... - ela finalmente começou, sua voz tão suave que mal era audível. - Eu... não sei o que dizer.

Me preparei para o pior. Jenna era carinhosa e atenciosa, mas eu sabia que isso não significava que ela compartilhasse os mesmos sentimentos. E se eu tivesse apenas interpretado seus gestos de forma errada? Se eu tivesse confundido sua amizade com algo mais?

Ela continuou: - Eu me importo muito com você. De verdade. Mas acho que não estou no mesmo lugar que você.

As palavras caíram sobre mim como uma onda gelada, e, apesar de eu já ter antecipado algo assim, a realidade ainda me atingiu com força.

- Eu não quero te magoar, Julia. Eu valorizo tanto o que temos. Mas eu não sei se consigo ver além dessa amizade.

Meu peito apertou. Eu queria poder responder de forma leve, disfarçar a dor que estava sentindo, mas as palavras simplesmente não vinham.

- Está tudo bem. - consegui dizer finalmente, minha voz falhando um pouco. - Eu só... precisava ser honesta com você. Eu não quero perder nossa amizade por isso. Eu só... não queria guardar isso pra sempre.