Capítulo 8

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ELENA GARCIA

Esperei ansiosamente pela segunda-feira. Acordei cedo,minha mala já estava pronta ao lado da porta de entrada. Tomei um café animada com a minha tia. Ela adorou o encontro, parece que agora vai dar certo. Termino o café, saímos. Ela vai em direção ao táxi dela e eu entro no meu. O motorista dirige em direção à mansão.

O táxi para no portão da mansão. O carro sai e vejo o portão abrir. De lá sai um segurança que nunca tinha visto antes. Ele é moreno, alto, forte, com cabelos curtos e barba por fazer.

— Senhorita Elena, bem-vinda — diz, abrindo o portão.

— Obrigada! — falo, passando por ele

— Posso levar sua bolsa?—

— Está leve, não precisa — falo, negando a ajuda

— Faço questão — diz, pegando a bolsa— A propósito, sou Mikael. — Assinto sem muito papo.

Caminhamos até a mansão em silêncio.

— Tá entregue — coloca a bolsa na entrada da cozinha.

Muito obrigada – falo. Ele concorda, saindo. Entro na cozinha.

Dona Maria já estava lá. Coloco minhas coisas no quarto, visto meu uniforme e vou preparar o café. Faço um pão caseiro, tapioca e pão de queijo, arrumo a mesa com frutas e outras comidas, deixando-a bem bonita. Anseio, esperando ele entrar na sala de jantar. Ouço passos; ele entra, e seu perfume inunda o ambiente. Ele veste um terno cinza, seu olhar cruza com o meu, ele desvia e senta. Nem um "bom dia", ele diz.

Pego o café para servir na xícara.

—Pode deixar, eu mesmo me sirvo—ele praticamente rosna comigo. Tomo um susto, colocando o café no lugar.

—D-desculpa, senhor—falo nervosa, afastando-me dele.

Falo das coisas que fiz, uma por uma. Ele não diz nada, no final, em silêncio, ele come. Dona Maria percebe minha tristeza e toca meu ombro. Engulo minha frustração.

Depois de comer, ele sai da sala como entrou: em silêncio. Recolho tudo, bem desanimada,minha animação de hoje cedo se foi.

—Acho que ele está de mau humor hoje! — falo, entrando na cozinha.

— Filha, não liga não, ele é assim mesmo —

Depois do café da manhã, vou ao jardim, sento na grama. Não sei por que a atitude dele me deixou tão triste. Passei o fim de semana lembrando dele sozinho aqui, assim que ele me trata, igual a um cavalo dando coices.

Durante a semana seguinte, ele continua na mesma atitude: em silêncio, ele come e não diz nem um "bom dia".

Devido ao tédio daqui, resolvi fazer academia. Quem sabe, indo mais cedo, ele não está? Acordo às cinco horas, escovo os dentes, visto uma roupa de academia, pego celular e água, saio de fininho, entro e vejo uma academia preta, tudo preto.

—Ôh, homem que gosta de preto! _falo, começando a malhar.

Não tenho muito costume de academia, fazia só corrida na praia. Raramente eu ia a uma, pedalava na bicicleta. Ouço uma porta abrir no fundo da academia e congelo. É ele, meu chefe, entra vestido com uma típica roupa de malhar.

—Meu Deus! O que eu faço!? _sussurro, morrendo de vergonha.

Ele percebe a minha presença, me olha, passa por mim indo até a esteira. Ele liga e começa a correr, ele é bom nisso. Desso, pego minhas coisas e vou saindo de fininho.

—Tá com medo de mim!? _diz, ofegante. Só nego com a cabeça, voltando a olhar para ele.

—Termina seu treino! _ele diz

—Não quero atrapalhar sua privacidade—

—Não precisa ter vergonha de mim, pode continuar seu treino. _Vergonha, que vergonha, o que?

Volto a fazer agachamento com peso. Meu bumbum é típico de brasileira, herança da minha mãe. Eu não tenho problemas, mas não custa nada tentar aumentar, né?

Começo a levantar o peso. Nunca fui boa nisso, acho que faço errado.

— Você vai se machucar, não é assim? — sinto ele atrás de mim. 
— Os joelhos afastam mais — ele segura minha cintura— Afasta os joelhos—Não coloca peso neles — faço tudo bem nervosa.

— Tá bom! — falo, sentindo seu cheiro, dessa vez tão perto, suas mãos na minha cintura.

— Abaixa! — faço o que ele manda. Ele afasta e volta a malhar.

Ao longo dos dias, vou todos os dias à academia. Ele também. Diferente do outro dia, não fala nada, apenas treina. Tento ao máximo não olhar para ele, o que geralmente é impossível, já que estamos no mesmo ambiente.

Acordo sonolenta. Ontem fiquei até tarde lendo, então praticamente arrasto-me até o banheiro para fazer minha higiene. Visto um conjunto rosa, calça e top, pego água e vou para a academia. Cerca de dez minutos malhando, ele chega e corre na esteira. Observo que não deve ser difícil. Ele sai e vai para outro aparelho, aproveito e vou tentar a esteira também.

Ligo em uma velocidade baixa e começo a caminhar. Acho bom, aumento a velocidade e começo a correr. Distraio um instante e tropeço.

—Aí...— grito caindo

—O que aconteceu?! —Ele corre até mim. Não aguento e explodo em uma gargalhada.

— Eu caí! — falo rindo, nem percebi sua mão na minha cintura.

—Sou um desastre na academia — falo ainda rindo, olho seus olhos de perto, eles são mais lindos. Ele sorri, e que sorriso!

— Acontece, só presta atenção, pode ser perigoso. — Só concordo, minha bunda lateja.

— Sente dor em algum lugar? — me ajuda a levantar do chão.

— Na bunda — falo sem pensar. Ele ri

— Meu Deus, que vergonha! — sussurro. Acho que ele ouve porque ele sorri ainda mais.

—Acho que já deu de academia por hoje _Recolho minhas coisas

—Amanhã você tenta de novo. _Aponta para a esteira, rindo, nego.

—Óh, não! Deixa só na bicicleta mesmo.

O milionário Recluso Onde histórias criam vida. Descubra agora