Você começa a se questionar se em algum momento de sua vida você já se imaginou chegando em sua cidade natal, a qual você nasceu e cresceu, mas depois você foi embora, sua mãe fez questão de os ignorar o resto da vida e então com oito anos seu pai começa a ter comportamentos extremamente agressivos e ninguém podia perceber nem mesmo você, você foi criada pela imagem de que seu pai era um ótimo pai, um exemplo de homem e alguém que sua mãe amava.
Em um dia você vai se deparar com suas malas cheias de roupas, pertences , fotos, maquiagens, perfumes e acessorios, em um carro enorme com um motorista que você mal conhece, ele provavelmente tem uma vida, e muito dificilmente tem problemas com a sua filha.
Suas malas estão cheias de tudo que você possa utilizar por um tempo indeterminado, você volta para aquela casa que você nasceu com as melhores pessoas do mundo, isso não deveria ser bom? Ah claro que deveria, mas se não fosse pelo fato de que eu estou indo por que meu pai tentou me matar.
Não, eu não estou falando em outros sentidos, estou falando no sentido literal, tudo começou em um teste de atuação que eu fiz para um filme, e eu soltei uma fala errada, naquele momento o mundo ficou em silêncio completo e eu só podia ver meu pai ficar vermelho de ódio, meu peito se apertou e eu só queria chorar, assim meu tempo acabou meu pai me empurrou para um banheiro e me deu um tapa com tanta força que eu caí no chão com a mão sobre o rosto.
Depois disso, tudo que era "errado" virava uma surra, tudo que eu fizesse sem pensar ou sem ser perfeito ele usava contra mim na hora de me agredir, foi assim por longos anos, até que há dois meses atrás ele tentou me afogar na piscina, por Deus minha mãe estava chegando em casa e o impediu de me matar.
Minha mãe o expulsou de casa, mas ela não tinha capacidade de cuidar de mim, eu tinha 16 anos e eu tinha certeza de que eu era um peso para ela, quando minha família sobe do assunto eles me quiseram imediatamente.
Minha mãe pareceu amar a ideia, ela já considerou muito sua família mas quando começamos a subir na vida, ela acabou com a ligação com eles, oque era triste, eu era muito apegada a todos eles, meu avô principalmente.
Meus longos pensamentos foram tirados da minha cabeça quando ouvi a música do rápido tocar forte, o motorista sussurrava baixinho, quase que eu não poderia ouvir, suspirei e me perguntei quanto tempo eu poderia aguentar a ansiedade de saber oque eles achariam, oque iriam pensar de mim? Teriam pela? Eu estou aqui só por pena?
O carro parou na frente da casa mais linda de São Francisco na minha opinião, dei um sorriso fraco enquanto desci do carro, o motorista tirou minhas malas e me ajudou a levá-las até a porta, ele se despediu de mim e eu o agradeci.
Respirei fundo, coloquei a minha mão sobre o peito e mordi meus lábios, logo bati na porta e em pequenos segundos a porta se abiu com ela pude ver o sorriso doce de minha tia DJ animada que me puxou me abraçando tão forte que eu pude sentir meus braços amortecidos, em seguida eu o retribui e dei um sorriso também, percebi as outras pessoas se movimentarem e pegarem minhas malas, assim que me soltei da minha tia DJ, Stephanie veio até mim e me abraçou.
-Minha garotinha –Step falou em meu ouvido enquanto eu deitei a minha cabeça em seu ombro me sentindo mais calma, fechei meus olhos e logo nosso abraço se encerrou, Kymmy era a próxima da fila, me abraçou, me girou no ar e assim que ela me soltou no chão eu dei um sorriso.
-Você tá uma gata garota! –Ela beijou minha bochecha e depois disso eu recebi imensos abraços demorados e palavras de afirmação, a casa estava do jeitinho que estava quando eu fui embora, oque mudou era o tapete e o tamanho das crianças.
-Como você foi de viagem? –Meu primo Jackson me perguntou e então eu o olhei por alguns segundos, achando tão estranho o fato de que ele parecia tão velho, ele estava alto, bonito, arrumando.
-Fui muito bem Jackson, obrigada! –Uma sensação de nostalgia atingiu meu corpo enquanto eu me sentava no sofá, percebi meus olhos encherem de lágrimas enquanto eu me segurava para não chorar, me machucava o fato de eu ter ficado tão carente por carinho que apenas alguns abraços me faziam querer chorar, vi meu primo Max me abraçar de lado e deitar a cabeça sobre meu ombro, Ramona se sentou do outro lado e segurou a minha mão, minhas tias rodeavam o sofá juntamente dos seus maridos, meus tios.
Jackson se sentou em meio as minhas pernas e Sophie correu para meus braços se sentando em meu colo.Minhas lágrimas começaram a descer pelo meu rosto e então fechei meus olhos sentindo o carinho deles adentrar em mim.
-Não precisa chorar Nova York! –Meu tio Fernando, marido de Kimny falou com seu sotaque Argentino e conseguiu me tirar uma risada sincera.
-É só que..–Eu ia começar a falar mas fui interrompida pela minha tia que parecia querer me reconfortar.
-Nos sabemos pequena, mas estamos aqui pra você agora. –DJ falou e então eu não pude evitar que um sorriso saísse de meus lábios, logo vi Tommy tentando subir em meu colo também, deixei uma perna para Sophie e outra para Tommy.
-Mamae disse que seu papai não foi muito legal com você, por que? –Max perguntou inocente e então eu fiz um pequeno carinho em seu cabelo.
-Ele só não estava em um bom dia meu amor. –Falei e em seguida suspirei sentindo que era ruim mentir, mas se eu contasse tudo provavelmente traumatizaria Max.
As conversas continuavam altas, nossa animação era constante, meus olhos as vezes queriam derramar algumas lágrimas, mas tudo parecia no lugar, até que eu ouvi a pergunta que eu temia.
-E a titia Michele? –Sophie perguntou e eu dei um sorriso sem graça.
-Ela ficou trabalhando meu amorzinho –Falei e dei um beijo em sua cabeça oque a fez sorrir de lado de uma maneira muito fofa.
-E sobre vocês? Quais as novidades? –Questionei olhando para todos eles que estavam ainda sorrindo.
-Ramona estava namorando, mas terminou, por que ele estava com outra – Jackson falou e então eu soltei um olhar agressivo para ele oque logo se tornou uma risada, Ramona parecia não se importar muito com essa situação oque me deixava mais calma.
-Pois é Liv, mas acontece. –Ramona deu ombros e todos rimos.
Algumas horas se passaram e as crianças precisavam tomar banho para o jantar, eu subi as escadas com a ajuda do Fernando e do Dimmy, que colocaram minhas malas no quarto das garotas.
Essa seria a primeira vez que eu iria dividir quarto com alguém por tanto tempo, iria dividir com Ramona e Sophie, ele não era enorme, mas parecia confortável para nós três.
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Lívia Tanner - The little girl.
FanfictionA garota de Nova York, ou seria São Francisco?