Capítulo 02

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Ohanna Queiróz

Saí de casa a pé, aproveitando a leveza da manhã, com aquele ventinho fresco que vem logo depois da chuva. Onde moro é um condomínio fechado, daqueles luxuosos, sabe? Mansões enormes, jardins impecáveis, e um silêncio tranquilo que só é quebrado pelo canto dos passarinhos ou, de vez em quando, pelo som distante do mar. É um lugar onde muitos famosos decidiram construir suas casas, um refúgio da agitação do mundo. Cada mansão parece ter sua própria história e estilo, e eu não consigo evitar de imaginar as vidas que se desenrolam por trás de cada portão.

Caminhar por aqui me traz uma sensação boa, uma mistura de calma e de gratidão por tudo que já conquistei. Mas, ao mesmo tempo, eu sei que esse é apenas o começo de uma jornada que ainda quero trilhar. Hoje, o plano é me encontrar com Lara na praia para uma corrida, algo que sempre me ajuda a organizar as ideias e liberar um pouco da energia que guardo dentro de mim. Eu e Lara nos conhecemos há um bom tempo, e ela entende como ninguém esse meu lado de querer sempre mais, de lutar pelos meus sonhos. Ela sempre diz que minha determinação é inspiradora, mas a verdade é que ela também é uma força incrível na minha vida.

Enquanto caminho pelas ruas arborizadas do condomínio, olho para o céu que vai se abrindo aos poucos. A chuva já passou, mas as nuvens ainda deixam o ar mais fresco, e o cheiro de terra molhada misturado com o das flores do jardim me dá uma paz indescritível. Tenho a mochila pendurada no ombro, com minha garrafa d’água, meus fones e tudo que preciso para o treino. Mal posso esperar para encontrar Lara e sentir a areia sob os pés, a brisa do mar batendo no rosto e o som das ondas ao fundo.

Acho que essas manhãs são meu momento de reconexão, onde posso lembrar quem sou e o que quero alcançar. Caminho pensando em tudo isso, respirando fundo e sentindo que, mesmo com tantas conquistas, ainda tenho um longo caminho pela frente. Afinal, cada passo, cada dia é uma nova oportunidade de ser uma versão melhor de mim mesma.

Saí do condomínio, atravessando a rua com o coração acelerado, já sentindo a energia boa que só a praia consegue trazer. Assim que cheguei do outro lado, a vista se abriu diante de mim: o mar azul imenso, a areia úmida ainda escura da chuva da madrugada, e o céu, que começava a clarear enquanto o sol aparecia lentamente entre as nuvens. Logo, meus olhos encontraram Lara, minha ruivinha, já lá na frente, sentada na areia. Ela estava distraída, mexendo no celular, mas assim que me viu, o rosto dela se iluminou com um sorriso daqueles que aquecem o peito.

Sem perder um segundo, ela se levantou e veio correndo em minha direção, com o cabelo ruivo esvoaçando ao vento, e me envolveu em um abraço apertado, cheio de saudade. Aquele abraço, quente e sincero, parecia dizer tudo o que as palavras não alcançam. A amizade da gente é desse jeito, cheia de intensidade, de apoio e de momentos compartilhados que nos aproximam ainda mais. Sentindo aquele aperto, me dei conta de como era bom ter alguém com quem contar em qualquer situação.

— Ei, sumida! — disse ela, soltando uma risada enquanto ainda me segurava.

— Sumida? Você que chegou em Salvador e nem me avisou! — brinquei, tentando disfarçar a felicidade por revê-la.

Ela me deu um leve empurrão, rindo.

— Pois é, mas tô aqui agora! E aí, preparada pra nossa corridinha?

Revirei os olhos, fingindo desânimo.

— Só se for pra te ver com a língua de fora primeiro — retruquei, e ambas caímos na risada.

Lara me puxou pela mão, indo em direção à areia mais próxima do mar, onde a vista era ainda mais bonita. O horizonte parecia se estender até o infinito, e a brisa batia no rosto, trazendo aquela sensação de liberdade e paz. Esse momento, simples mas cheio de significado, era exatamente o que eu precisava.

No ritmo do amor /Mc Livinho Onde histórias criam vida. Descubra agora