PRÓLOGO

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No caminho de volta para casa, após um dia um tanto quanto estressante de estudo, me pego perdida em minhas próprias indagações.

Minha mãe sempre dizia que o amor dela era suficiente. "Você tem tudo o que precisa, Elle", ela me dizia, e eu acreditava, mesmo que a ausência de um pai sempre tivesse deixado um espaço vazio.

A presença de dona Judith era como um sol constante, iluminando cada canto da minha vida. Ela sempre estava lá, me apoiando, me ouvindo. "Se precisar de conselhos, estou aqui", ela dizia, e eu sabia que era verdade. Mesmo com um emprego exaustivo no hospital, ela encontrava tempo para mim. O pensamento de que, mesmo sem ter uma figura paterna, e de que a minha vida era repleta de amor, me trouxe um sorriso.

Por essa razão, não tenho do que reclamar.

Suspiro, um pouco cansada pela caminhada até a minha casa e procuro pelas chaves, em meio a confusão de coisas na mochila que uso habitualmente, repleta de livros e eletrônicos utilizados na universidade.

Ao abrir a porta, noto o quão silencioso se encontra a residência. O silêncio era desconcertante. Normalmente, o som da televisão preenchia o ar, com a voz de Meredith Grey, personagem principal de "Grey's Anatomy", ecoando pela casa. Era uma ironia pensar que a rotina da minha mãe, tão dedicada à medicina, era um reflexo daquelas histórias dramáticas.

- Onde você está, mãe? - Murmurei, abrindo a porta.

Acendo as luzes e caminho em direção a cozinha que também está vazia. Ok! Há algo de errado aqui. Volto a sala de estar e vou até as escadas que dá acesso ao segundo andar da casa.

- Mãe! Estou em casa! - A resposta foi um eco vazio, o que traz uma inquietação em meu coração.

Caminhei pelo corredor em direção ao quarto da mesma, e a ansiedade aumentava a cada passo. "Ela deve estar no banheiro", tentei me convencer, mas uma voz dentro de mim sussurrava que algo não estava certo. A casa, que costumava ser um abrigo de risos e histórias, parecia agora um início de um filme de terror.

Ao adentrar o quarto, o mundo ao meu redor desabou.

Ela estava lá, desacordada no chão, ainda de roupão, com uma mancha de sangue escorrendo do nariz. Meu coração disparou.

- Mãe! - gritei, desesperada. Corri até ela, caindo de joelhos ao seu lado. O pânico tomou conta de mim enquanto tentava lembrar tudo o que ela me ensinara sobre primeiros socorros.

Verifiquei sua pulsação, com minhas mãos trêmulas. O coração dela ainda batia, embora fraco.

- Por favor, mãe, não me deixe! - Exclamei, lutando contra as lágrimas que ameaçavam escapar. Respirei fundo, e com o telefone na mão, liguei para a emergência.

— 911, qual é a sua emergência? — perguntou a atendente, sua voz calma em contraste com meu desespero.

— Minha mãe... ela está no chão, não está acordando... — minha voz falhou, e as lágrimas escorriam.

— Entendo. Você pode me dizer o nome dela?

— Judith Smith. Por favor, ajudem! — eu estava chorando, as palavras saindo em soluços.

— Certo, Hellena. O que aconteceu exatamente? Ela estava doente?

— Eu não sei! Eu não estava em casa. Ela... já estava caída no chão quando a encontrei. Tem sangue... no nariz... — as palavras se entrelaçavam, e eu lutava para me manter focada.

— Tudo bem. Tente se acalmar. Você consegue verificar se ela está respirando? O peito dela sobe e desce?

Eu olhei para minha mãe, seu corpo imóvel. — Sim... eu... eu acho que ainda está respirando..., mas é muito fraco!

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⏰ Última atualização: Nov 02 ⏰

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