OS DEFENSORES DA FLORESTA MÁGICA

A FORÇA DA ESPADA SAGRADA

Imediatamente, Kristanus notou algo se movendo atrás de si, e virou-se, enxergando o guerreiro humano com aquela arma na mão.

O coração do demônio tremeu de pavor quando ele reconheceu a Espada. Soltando o Cristal Ancião, o dracônico alçou voo, fazendo com que Leon errasse o golpe, acertando apenas as raízes que envolviam a pedra.

VASH! — Ainda no ar, o homem-dragão abriu a boca cheia de dentes, soltando um jato de fogo sobre o guerreiro.

Leon rolou para o lado, escapando por pouco das labaredas mortíferas, que explodiram bem onde ele estivera segundos antes, deixando um grande buraco negro no solo.

— Humano insolente! — berrou Kristanus. — Você não tem chance alguma contra mim, paspalho, nem com essa Espada amaldiçoada! — Ele parou num ponto fixo, na altura das copas das árvores, apertando os olhos de esmeraldas para Leon.

O guerreiro suava frio, o rosto pálido, tomado pelo medo.

Então, antes que Kristanus atacasse novamente, uma nuvem de fumaça surgiu na frente de Leon, numa explosão laranja-forte.

— Tiffo! — exclamou o guerreiro, sorrindo de alívio.

O mago que tinha se teletransportado nem olhou para ele, pois mantinha sua atenção em Kristanus, o qual cerrara os dentes de ódio.

— Ele não está sozinho — disse Tiffo, erguendo o cajado.

— Então terei de matar os dois... Como queiram! — Num piscar de olhos, lançou três bolas de fogo sobre eles.

Tiffo tentou pará-las com um feitiço-escudo, mas as labaredas vieram em tamanha velocidade, que quando o mago se deu conta, duas explosões ocorreram a seus pés.

CABOOM! CABOOM! — Tiffo foi jogado aos ares, colidindo com o Cristal Ancião e perdendo a consciência.

Leon nem teve tempo de compreender o que acontecera. O homem-dragão de repente estava sobre ele, escancarando a boca cheia de fumaça.

Num reflexo instintivo, Leon correu para dentro do riacho mais próximo, ouvindo as explosões atrás de si. Mergulhou em seguida, desaparecendo no meio das águas.

— Não pode fugir de mim! — gritou Kristanus, louco de fúria. — Pelo menos, morra com coragem! — Procurava pelo guerreiro, correndo os olhos verdes pela paisagem.

Até que viu bolhas emergindo de um pequeno filete de água abaixo, acompanhadas duma luminosidade amarela, oscilando na correnteza.

Kristanus deixou escapar um sorriso de triunfo, sabendo ter encontrado seu alvo. Respirou com vontade, enchendo o peito de ar.

Lá embaixo, Leon podia ver o demônio através da transparência da água, meio embaçado e trêmulo.

Ao perceber que Kristanus iria lhe lançar outra bola de fogo, o jovem guerreiro segurou bem a Espada, movendo-a para trás com o braço direito, como se estivesse pronto para arremessar uma lança.

Então, assim que percebeu a primeira fagulha na boca do inimigo, jogou a arma com toda a força.

VASH! — A Espada voou como uma flecha, perfurando o vento em seu caminho.

Kristanus arregalou os olhos, completamente incrédulo. Fez que ia mover o corpo para escapar do projétil, mas não foi rápido o bastante, e a lâmina dourada atravessou seu peito, saindo pelas costas do demônio.

O homem-dragão arregalou as pálpebras, cambaleando no ar, suas asas perdendo força.

SPLASH! — No mesmo instante, Leon saiu do riacho, ofegando, sorvendo o ar ao seu redor.

Então atentou-se para o dracônico, vendo-o cair como um tufo de poeira. Kristanus por fim bateu no solo, a face voltada para cima, encarando as copas das árvores.

Leon aproximou-se dele, as roupas encharcadas, pingando pelo trajeto, até que o guerreiro parou diante do monstro, observando o estado miserável da criatura.

O antes destemido Kristanus agora não passava de um cadáver com a pele pálida, estático e inofensivo.

Leon manteve-se de pé ali por alguns instantes, até que finalmente agachou-se, puxando a Espada pelo cabo. Como da outra vez em que atacara o gigante, ela não estava suja... continuava bela e límpida.

— Bom trabalho — disse uma voz meio fraca.

Leon virou-se para a direita, dando um sorriso ao notar que era Tiffo quem se aproximava, meio manco e cansado.