OS DEFENSORES DA FLORESTA MÁGICA

A REFEIÇÃO PERFEITA

Depois da morte de seu líder, as bruxas de piche e os lobisomens retornaram correndo aos seus habitats imundos e úmidos, tomados pelas sombras, deixando o acampamento do Cristal Ancião e seus moradores em paz.

Naquela mesma noite, após a vitória, os defensores apagaram todos os focos de incêndio da vila, e puseram-se a ajudar os moradores que estavam feridos e abalados com o ataque.

Matilde ficou uns dias de cama, abrigada na moradia de Costa, tomando poções preparadas com muito esmero por Tiffo.

Depois de mais ou menos uma semana de repouso, a moça ficou bem, e pôde se reunir aos amigos para ajudá-los a preparar o jantar daquela noite.

Assim que ela saiu da cabana, tapou os olhos com as mãos, buscando evitar toda aquela claridade do céu. Então sentiu um cheiro maravilhoso de javali assado, e seguiu pelas ruas de terra batida até a origem do odor.

Viu Leon (bem arrumado, com os cabelos lavados e brilhosos), Tiffo, Costa e Joca, todos reunidos em torno de uma grande fogueira.

— Olha ela aí! — exclamou Tiffo, levantando-se do banco de madeira e apontando para a moça.

Ela sorriu e se aproximou deles, juntando-se à refeição convidativa que acontecia.

Pegou um espeto de carne de javali e sentou-se com os amigos. Eles estavam conversando sobre o dia da batalha final.

— Eu só não sei onde o Joca foi parar no meio daquela bagunça! — exclamou Leon, lambendo os beiços engordurados. — Você estava do meu lado, e de repente sumiu!

O homenzinho vermelho terminou de engolir a carne e disse:

— É que eu fiquei sem lanças. Gastei tudo com os gigantes e tive que fazer mais no meio daquele caos todo!

— Céus! — disse Tiffo.

— Pois é... Quando terminei de confeccionar todas, a batalha já tinha acabado, e agora estou com todo este estoque sobrando. — Mostrou as lanças no cinto, tantas que nem se podia contar.

— E o que vai fazer com elas agora? — disse Matilde. — Já que não há mais criaturas das trevas pela região...

Eu não sei — disse Joca, coçando a cabeça. — Acho que abrir uma loja.

Todos riram, mesmo que não houvesse muita razão para isso. De repente, sem nada com o que se preocupar, tudo fica muito mais engraçado.

FIM