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POV Tijana

As derrotas estavam se acumulando, e o peso parecia crescer a cada treino, a cada ponto perdido. Perder para o Fenerbahce foi... difícil de engolir. Eles são nossos maiores rivais, e falhar contra eles sempre dói, mas dessa vez foi especialmente frustrante. Eu sentia que o time estava ali fisicamente, mas algo dentro de nós não estava funcionando. Cada jogada parecia desconectada, como se estivéssemos perdendo o que fazia do Eczacibasi o time que é. Isso estava me consumindo.

Nos jogos seguintes, ainda conseguimos vencer, mas sempre no sufoco. Times menores, que normalmente seriam superados com facilidade, estavam nos dando trabalho, e tudo estava mais complicado do que deveria ser. Ferhat, nosso técnico, parecia estar em outra frequência. Ele falava como se estivesse tentando nos controlar, mas não conseguia enxergar o que estava errado. Sentíamos que ele não nos ouvia, e eu sabia que algumas meninas já estavam começando a questionar sua liderança.

Eu nunca fui muito de demonstrar o que sinto, mas não conseguia esconder minha frustração. Quando estávamos em quadra e errávamos uma jogada que eu sabia que era nossa, que normalmente sairia perfeita, eu sentia meu coração afundar. E então, ao olhar para o lado, lá estava Hande. De algum jeito, ela conseguia encontrar os meus olhos em meio ao caos. Ela sempre tinha esse olhar que dizia que as coisas iam melhorar, mas eu não sabia se ela realmente acreditava nisso ou só queria me animar. De qualquer forma, só o fato de ela estar ali, tentando me dar forças, me fazia respirar fundo e seguir em frente.

Depois do treino, estávamos todos exaustos. Algumas meninas murmuravam insatisfações e, honestamente, eu entendia o que estavam sentindo. Eu mesma estava frustrada, e até mesmo o vestiário parecia pesado, tenso, como se ninguém soubesse realmente o que fazer para sair dessa fase. Era o Eczacibasi, meu lar por tantos anos, o time pelo qual eu sempre dei tudo, mas, de repente, algo parecia estar desmoronando.

Assim que o treino acabou, enquanto me preparava para sair, senti uma mão no meu ombro. Era Hande, e ela tinha aquele sorriso tranquilo, quase despreocupado, que me lembrava por que eu amava fazer parte disso aqui.

— Vai melhorar, Tica.— ela disse, me dando uma piscadela.— A gente é o Eczacibasi, lembra?

Eu queria responder com otimismo, mas tudo que consegui foi assentir em silêncio, deixando que o peso da situação se acomodasse em mim. Ela não desistia de nós.

As notícias começaram a chegar como uma tempestade que eu nunca tinha visto antes. Propostas milionárias, de times que eu sabia que eram gigantes na cena mundial, começaram a aparecer. A primeira que recebi foi do Conegliano, da Itália. Um time forte, um dos maiores da Europa e que quase sempre estava entre os finalistas das competições. E era a Itália – uma liga competitiva, fãs apaixonados, e um país onde o voleibol feminino realmente brilhava. Seria uma mudança incrível.

Depois veio a proposta da China. Esse time estava oferecendo cifras que pareciam até surreais. Nunca imaginei que um dia teria uma chance assim, de uma liga tão forte e de um país onde o esporte é levado tão a sério, com uma cultura tão diferente da nossa. Mas, claro, teria a questão da distância, o isolamento. Não era apenas uma mudança de time, mas de mundo.

E, por fim, veio o VakifBank. A proposta deles mexeu comigo mais do que todas as outras. Vakif é um dos nossos maiores rivais, o time com quem travamos batalhas épicas, e a torcida de ambos os lados é muito intensa. Ir para lá seria visto como uma espécie de traição. Por outro lado, eles são incrivelmente competitivos e têm uma estrutura que impressiona. Fazia sentido como uma escolha esportiva, mas eu sabia que ninguém no Eczacibasi aceitaria isso bem. E, claro, eu mesma tinha o meu orgulho, a minha história aqui.

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