I'll Call you Mine

12

Dan mais uma vez encarou aquilo, não era usual receber qualquer coisa no trabalho, então receber flores não era exatamente o que esperava. Aproximou o rosto, sentindo o perfume das rosas brancas. Hyemi terminou de vestir o casaco esbranquiçado, amarrando o cinto marcando a cintura, olhando o amigo com um sorriso divertido. Por dias, Dan parecia distraído e um pouco intimidado com o fato de agora ser comum receber coisas no trabalho, e o buquê de rosas brancas era o que mais fez Dan corar. Era algo delicado. O alfa percebeu que podia juntar o útil com o agradável, Dan gostava de flores, então era um gasto equilibrado. Ainda assim, o ômega era firme em dizer que não sairiam juntos, não ainda.

— Oh, você está adorando isso. — Hyemi riu, fechando o sobretudo branco — Ele mandou presentes a semana inteira, vai continuar se recusando a ir jantar com o seu alfa?

— Eu preciso de um pouco mais de incentivo. — Dan ajeitou o buquê entre as mãos, a ponta dos dedos tocando a maciez das pétalas das rosas em um pequeno sorriso, erguendo o olhar para a amiga. — E-eu não estou fazendo de propósito, sabe qual foi o único gesto "cuidadoso" que ele fez quando nos conhecemos? O casaco. Ele jogou na minha cara dizendo "Está frio para caralho".

— Adorável, clássico do Jaekyung. — Hyemi ironizou, apontando para as rosas — Então, ele escolheu uma flor aleatória? Ou acertou em alguma coisa?

— Acertou. — Dan bufou baixinho, não sabia como Jaekyung acertou, mas ele realmente se lembrou. Ou foi um acerto por acaso. As rosas eram tão delicadas que Dan se sentiu um tanto influenciado em esperar pelo melhor já que era uma data especial, uma que não esperava passar em um turno noturno na clínica. Não quando aquele era o dia 13, o primeiro aniversário de quando cozinhou para Jaekyung pela primeira vez. Dan entendia, não era algo a se comemorar já que o alfa era tão atarefado que mal percebia as primeiras vezes tão importantes para o ômega. Ainda assim, se tratava do dia em que Dan acordou tão cedo e fez o melhor café da manhã que podia.

Amava Jaekyung e no fundo queria fazer algo bom, mas não houve nenhum elogio na época. Apenas um "Cadê o meu casaco? Tenho que ir treinar".

— É o aniversário da primeira vez em que cozinhei para ele.

— Dan, nem eu me lembro de quando fiz isso para o meu alfa. — Hyemi o olhou, sabendo que era uma aposta muito alta esperar que Jaekyung se recordasse disso. Discretamente, ela olhou o painel da clínica, o quanto que o horário noturno não tinha tantas pessoas. — Ele sabe que o chefe te colocou nesse horário por raiva?

— Eu bati nele, é um milagre não ter sido demitido.

— Estou dizendo que Jaekyung é uma pessoa influente, poderia fazer umas ligações e, sei lá, te arranjar um trabalho melhor? — Hyemi riu baixo ao ver a reação de Dan, assentindo positivamente. Conhecia aquele sorriso melancólico, Dan era orgulhoso, e sendo pai ômega se tornou uma necessidade mostrar que podia se virar sozinho. — Pedir ajuda não é uma fraqueza, Dan.

— Já me substituíram no Team Black, quando pensei em voltar eu vi que... Bem, eles adoram o novo fisioterapeuta. Jaekyung diz que ele "dá pro gasto" e isso já é um elogio incrível vindo dele. — Dan deu a volta no balcão, se acomodando nos bancos da recepção vazia, sentindo o aroma das flores mais uma vez — Eu gosto daqui, apesar de tudo.

— Meu alfa trabalha em um bom hospital, posso perguntar se o departamento da fisioterapia tem alguma vaga. — Hyemi tentou, e mais uma vez olhava Dan com receio — Meu deus, Jaekyung não sabe. — Concluiu, mesmo que fosse impensável que o alfa ainda não soubesse que Dan não podia trabalhar em um hospital, era ótimo no trabalho, mas o medo ainda o perseguia como um pesadelo vívido. Dan suspirou, olhando as flores mais uma vez.

— Tenho medo de encontrar aquele professor, eu soube que ele nem está mais em Seoul. Um colega me contou que ele foi para outra cidade, com família, filhos, tudo. Mas... Meu nome ainda deve constar em uma lista. Ou ele pode ter mentido e me forçado a pensar que eu estava mesmo condenado e que minha carreira já era. — Dan se acomodou na poltrona macia. — Olha, o que eu ganharia com isso? O que Jaekyung faria?