39. Conclusão

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Milena estava com Evan quando rolou a seguinte conversa:

Milena: Evan... o que... exatamente foi isso que rolou entre tu e a Anna... tipo, eu nunca parei pra te perguntar e nem a ela, sei lá, de verdade, parecia tão sem nexo o que vocês tinham que eu nem entendi nada, só sentia lá no fundo que não ia durar... apesar de que esteticamente vocês eram lindos juntos e etc...

Evan: (risos) Sei lá... de verdade... no começo eu fiquei meio fissurado, talvez por ela ter sido a primeira que o Apolo assumiu e fez tudo aquilo, acho que todo mundo reparou nela, mas de fato ela tem algo... e daí já não era só meu ego, quando tive ela pra mim, toda humilde, sorridente, inteligente e cheia de si, eu senti o que nunca tinha sentido antes, mexeu com meu ego mas foi além disso, eu nunca tinha me sentido assim...

Milena: Você chegou a amar ou foi só ego?

Evan: Eu acho que ela foi a única que eu amei e não vai ter outra, nunca me vi como uma pessoa de ter laços com ninguém, e ainda não me vejo, olho pra ela com o Apolo e vejo que ela não era pra mim, mas lembro dela comigo e é como um sonho, que me serviu pra ensinar algo. Eu tô bem, e prefiro assim na verdade...

Milena: É estranho nunca ter sentido nada e do nada sentir tudo ao mesmo tempo, né?

Evan: Era exatamente isso, eu tava com a ex do cara que eu achava um ídolo, ela olhou pra mim, ele ficou doido de ciúmes na minha porta (risos), mas quando era só eu e ela, olhando nos olhos, conversando, eu me sentia nas mãos dela, e eu gostava, me permitia sem medo ou dúvidas... era como um mar inquieto, cheio de bichos do fundo do mar, onde eu flutuava sem fazer esforço e não me machucava...

Milena: E porque você acha que não pode viver isso de novo?

Evan: Porque eu vejo o que ela tem com Apolo, eu não sou assim, e que bom que ele ta dando isso pra ela, assim como também ninguém mais vai ter essa abertura comigo como ela teve, porque foi específico até pra ela conseguir ter isso, não tem como outra pessoa qualquer ser igual... nunca teve.

Milena: Eu acho que ninguém é igual, cada um tem sua forma de ser impactante, Anna não te escolheu por parecer com Apolo, e sim por ser diferente, eu lembro que ela se sentia manipulada e contigo ela achava mais suave a parada... Vai que tu encontra alguém que nem tu, te surpreende... tu é novo, tem muita coisa pra acontecer ainda...

Evan: Milena, eu ainda acho que Anna foi algo pra me reaproximar da minha moça, então talvez nem adiantaria lutar por ela, não era pra ser. E a missão já foi cumprida, então não tem mais nada que eu precise de ninguém... Mas porque ta me falando isso?

Milena: Evan, eu te conheço, e eu consigo ver que algo em você mudou depois da Anna, você parece menos brincalhão, mais homem, e com menos ego também porque o Evan que eu conheço jamais levaria um pé na bunda e estaria aqui comigo comprando as coisas do aniversário da filha da mulher que lhe deu o fora...

Evan: O Evan que você conhece nunca nem levou pé na bunda pra começar(risos)

Milena: SIM! (risos)

Evan: Tem isso, não dela ter sido meu primeiro pé na bunda (risos) como eu disse, eu já sabia que não era pra ser, mas era ela que tinha que decidir, eu não queria mais parecer o frouxo que não arriscava até o fim, e a Athenna, tu acredita que eu sempre senti que ela era minha?

Milena: Mas não tem hipótese né?

Evan: Não... (risos) mas mesmo assim, uma energia surreal quando Anna tava grávida, parecia que eu tinha uma missão, muito além do que meu ego pudesse se importar. E eu simplesmente não sinto rancor, é como se fosse minha única visão de amor, eu aprendi e aproveitei bastante, então sou grato... e isso me mudou sim, mas pra melhor, não sou mais carente, moleque egoísta ou inseguro. Agora eu sei bem o que sou e o que quero.

Milena: Hmm... bom, e dá pra ver amigo, por isso eu perguntei, eu sinto essa energia de homão da porra vindo de você e justo agora você decide ser o solteirão do século, não fode parceiro.

Evan: Vou ser o titio que ficou milionário vendendo foto do pau (risos escandalosos)

Atendente: Ajudo em algo casal?

Milena: AH! Moça que susto... não... quer dizer, sim ajuda, mas não, não somos um casal... (Evan caindo na gargalhada) a gente tem que escolher os drinks e docinhos personalizados... ta no nome de Apolo Skull...

Atendente: Certo, chegaram cedo, ele deixou marcado daqui meia hora a visita de vocês, é Milena e Evan, né?

Evan: Isso, é que a gente acabou cedo onde a gente tava antes e já viemos dar uma olhada aqui...

Atendente: Sem problemas, me acompanhem... estes são os modelos que temos, aqui a lista de sabores e separamos algumas degustações que o senhor Apolo e a esposa requisitaram pra vocês analisarem texturas, aromas e o que gostariam de personalizar. (ambos começaram a provar os doces quando...) espera, você é aquele rapaz que toca tambor e vende conteúdo? (Evan engasgou com o doce e Milena caiu na gargalhada)

Milena: Moça pelo amor de deus não me diz que tu é uma assinante? (risos)

Atendente: Gente me perdoem, não quero constranger ninguém... só achei que já conhecia de algum lugar e lembrei que já vi...

Milena: PELADO?

Atendente: Não! (risos) o rosto dele num vídeo tocando tambor...

Evan: Atabaque... sim... eu sou ogã... naquela casa que sofreu ataque de intolerância religiosa... peço desculpas, moça... se Milena tivesse com a boca ocupada pro que veio fazer não tava passando vergonha... (Milena comeu um docinho enxugando as lágrimas de riso e se abanando)

Sexta-feira, 10 de Abril de 2026, aniversário de 1 ano da Athenna.

O evento ocorreu na praia do Rio de Janeiro, onde ocorreu a primeira viagem do casal, que apesar de não ter terminado bem, foi uma memória incrível que gostariam de reconstruir. O tema foi bolofofos, um desenho animado brasileiro que canta músicas infantis e a pequena adorava, as cores pasteis, e os bichinhos de pelúcia, cada padrinho e madrinha, como os pais, vestidos de um dos bichinhos, tornou aquele momento mais fofo e inesquecível.

Uma mesa enorme beira mar, cheia de tudo do bom e do melhor a se comer, almofadas e cobertas na areia formando um círculo e a cada quatro acentos um cooler cheio de diversas bebidas, no centro uma fogueira. Tudo ocorreu as quatro da tarde, ao pôr do sol, cantaram os parabéns, pularam 7 ondinhas desejando uma benção para a pequena e jogaram uma rosa branca para Iemanjá conceder os pedidos.

Teve fogos de artifício e música ao vivo... violão sim, e atabaque também. A pequena dormiu e logo Apolo a colocou no carro que estava estacionado ao lado da roda com porta-malas aberto, já havendo lá o espaço preparado pra isso, banheira térmica com sabonete líquido de camomila, onde deram banho e a trocaram, ela nem sequer acordou e a deitaram no ninho bem protegida de insetos e com a babá eletrônica ao lado.

Anna: Eu queria agradecer a todos que puderam comparecer, e principalmente aos envolvidos em toda a organização, vocês tornam nossas vidas mais fáceis e divertida, que Oxalá abençoe de acordo com a bondade de cada coração. (aplausos)

Todos comeram e beberam, aproveitaram bastante e antes de irem embora iam pegando a lembrancinha da festa, que era uma pelúcia personalizada que de um lado sorria e do outro estava brava, e uma foto polaroide tirada no começo da festa de cada um com a bebê, num porta-retrato RGB escrito #1 a foto ficava dentro da hashtag, e na foto tinha uma legenda escrita para cada convidado à mão.

E ao chegarem em casa, Apolo viu o convite da Marcha pra Exu que estaria prevista para sábado dia 8 de agosto, seu aniversário. Anna achou um máximo a coincidência, que talvez não fosse coincidência e sim uma oportunidade da espiritualidade já que ano passado Apolo focou somente na bebê e no aniversário de Anna e nem comemorou o seu. Apolo então confirmou presença no grande evento.  

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