Capítulo 109 - O Sol e o Relâmpago

4 2 1
                                    

Hermes estava sentado em seu camarim VIP, observando a luta de Santos Dumont e Rá se desenrolar na arena. Seus olhos estavam atentos, mas sua expressão era indecifrável, escondendo qualquer sentimento que pudesse trair o que pensava

De repente, um vulto entrou silenciosamente no camarim, e uma voz conhecida ressoou

- Interessante como até você decidiu entrar em uma guerra pessoal, Hermes. Será que se cansou de bancar o fiel servo? - A voz suave, mas carregada de ironia, pertencia a Lúcifer, que agora estava encostado à porta com um sorriso travesso no rosto - Estou curioso... O que leva o sempre obediente mensageiro a se rebelar contra o Pai? -

Hermes manteve o olhar fixo na luta, mas sua mandíbula ficou tensa. Ele suspirou, claramente irritado, e respondeu com um tom seco - É exatamente isso, Lúcifer. Cansei de vê-lo pensar apenas em si mesmo, tratar todos ao seu redor como peças descartáveis. Até nós, seus próprios filhos, somos nada além de objetos para o grande Zeus -

Lúcifer riu, cruzando os braços enquanto dava alguns passos na direção de Hermes - Objetos, sim... Sempre à sua disposição, moldados para agradá-lo e obedecer sem questionamentos. Você, o mensageiro perfeito, e eu... bom, você sabe minha história. E, no fim, ambos nos tornamos rebeldes, não é? -

Hermes virou-se para encarar Lúcifer. Seu olhar, pela primeira vez em muito tempo, mostrava uma mistura de amargura e determinação - Eu não sou mais o mensageiro dele. Ele que lute suas batalhas. Minhas lealdades não estão mais onde estavam antes -

De volta para a arena

Dumont encarava Rá, com um brilho determinado nos olhos e as novas manoplas elétricas de Tesla envoltas em faíscas azuis. Ele flexionou os dedos e ouviu o estalar de energia percorrendo as luvas

Rá observava, ainda sem mudar sua expressão serena, embora o brilho penetrante dos olhos demonstrasse uma leve curiosidade - então, finalmente decidiu fazer algo de útil com essas... invenções? - provocou Rá, mantendo seu tom calmo e levemente sarcástico

- Uma invenção sem ação é como o sol sem luz - respondeu Dumont, fechando o punho com força

Com um movimento rápido, Dumont avançou, desta vez com uma velocidade que parecia impulsionada pela energia das manoplas. Ele desferiu um golpe de direita, mirando o rosto de Rá. A eletricidade crepitou, cortando o ar. No entanto, Rá se esquivou no último segundo, desviando o rosto e deixando a mão de Dumont passar apenas alguns centímetros de seu rosto

- Interessante, mas ainda sem propósito - disse Rá com um leve sorriso enquanto recuava

Mas Dumont não cedeu. Ele utilizou o movimento do golpe perdido para girar o corpo e lançar um chute potente, que Rá bloqueou cruzando os braços. No impacto, faíscas das manoplas de Dumont irradiaram para o corpo de Rá, que sentiu o choque e sua expressão endureceu por um breve momento

Aproveitando o instante de distração, Dumont baixou os ombros e acertou um soco direto no estômago de Rá. A explosão de eletricidade fez o ar ao redor vibrar, e Rá foi empurrado alguns passos para trás, visivelmente impactado pela descarga - Então, essa é a invenção da ciência? Um poder de alcance limitado - murmurou Rá, esfregando o local onde foi atingido

- "alcance limitado" é isso... - Ele ergueu o punho direito, apontando a manopla para Rá, enquanto a energia elétrica começava a se acumular em torno dela. O ar ao redor começou a vibrar, com faíscas azuis crepitando de maneira cada vez mais intensa. Dumont concentrava-se, canalizando o poder das manoplas de Tesla. Uma esfera de energia elétrica começou a tomar forma, girando e pulsando com um brilho feroz - Então, experimente isso! - gritou Dumont, liberando a descarga elétrica em uma linha direta, um raio incandescente que cruzou a arena em um clarão

O ataque atingiu Rá com uma força imensa, perfurando seu escudo e abrindo um buraco de luz em seu torso. O deus soltou um som surpreso e recuou cambaleante. A eletricidade parecia se expandir por dentro, e a plateia reagiu, surpresa, ao ver um deus impactado de tal forma

Mas antes que Dumont pudesse comemorar, ele sentiu a pressão sobrecarregar sua manopla direita. Faíscas começaram a sair incontroláveis do dispositivo, e, num estalo final, a manopla explodiu, despedaçando-se em sua mão. Dumont foi lançado para trás pelo impacto, aterrissando com uma expressão de dor, mas mantendo-se firme

Rá por outro lado, começou a cuspir sangue, enquanto colocava a mão no burraco para tentar estancar o sangramento - Interessante... -

Fim do capítulo

Crepúsculo dos Deuses: O Último DesafioOnde histórias criam vida. Descubra agora