Silence

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Já tinha cometido um assassinato, mas durante a tarde quase fez outro com tamanha irritação que surgiu ao organizar as coisas com Melissa e Ortega.

Se não tivesse prometido a esposa que se comportaria, teria metido o atiçador de lareira na cabeça das duas nos primeiros minutos de organização.

Emma e Isabel ficaram apenas enchendo bexigas, não se sentindo muito confortáveis em ficar no mesmo ambiente que eu com objetos pontiagudos.

Elas poderiam ir embora, não faria diferença, mas o fato é que queriam tentar se aproximar de Enid. A regra de distância que impôs a elas ainda valia, elas estarem na mansão foi uma exceção para a segurança das duas que voltou a estar intacta.

Uma coisa agradecia sobre suas presenças, elas estavam sentindo tudo o que Enid sentiu ao ser desprezada por elas, pois quando ambas tentaram contato com Williams, ele tratou de ignorá-las, dando um olhar tão frio para elas que julgou que suas almas haviam congelado.

Não soube bem como foi o encontro delas com Lilith, mas pelo que o filho narrou quando eu e Enid acordamos e ele veio correndo questionar sobre a presença das tias na casa, teve certeza que ela também as ignorou.

Enid não estava brava, porque também estava evitando. Eram os limites impostos que ela ainda mantinha firme em seu peito.

Cordialidade, era essa a palavra para definir a relação das três. Cordialidade sem intimidade.

Bolos, salgados, doces, sucos e vinhos, tudo que uma festa tinha estava diante de nós perfeitamente arrumado e alinhado. Celline e a mãe não brincavam em serviço quando era para fazer um banquete.

Pugsley e David arrumavam as pequenas caixas de som, o irmão estava se tornando gente, o que um cargo indesejado não causava, não é mesmo?

Quando Blosson chegou, trazia com ela o presente de Lilith nos braços. Suas roupas novas mostravam que ela havia passado na sua casa, e pelo seu humor, ela não devia ter gostado de passar nela.

— Sua encomenda — Ela encarou a volta — Onde coloco?

— Deixa na ponta da escada, levo para cima quando subir — E ela fez, seu humor não estava nada agradável — O que você tem?

— Cansaço e a droga de um papagaio na delegacia de nome Barbara Lewis — Seus braços se cruzaram e ela admirou o trabalho árduo de toda tarde — Ela é insuportável, agora entendo o motivo do Turner ter usado a mordaça.

— Jefferson disse que ela quer falar com a Enid.

— Ah, com certeza ela quer falar com a Enid — Seu mau-humor quase me fez questionar se ela não estava na TPM.

— Devia ter deixado a desgraçada desaparecida.

— Sabe de uma coisa — Ela ponderou — Aquela mulher me parece doente.

— Com toda certeza ela é doente.

— Não desse tipo, o tipo realmente problema psicológico.

— Eu ainda não entendi seu parâmetro de comparação — Ela riu — Uma mulher que pensa em deixar um homem tentar algo com a própria filha, só pode ser uma maluca com problemas psicológicos.

— Tem um ponto.

O assunto se encerrou quando escutou os passos da esposa e viu sua presença sorridente surgir, o brilho em seus olhos tinha voltado e estava radiante com aquilo.

— Que bom ver vocês duas fofocando como melhores amigas — Olhou para a esposa com repreensão, enquanto Blosson apenas riu — Acho que perdi meu posto, vai se ver comigo, Addams.