As risadas foram inevitáveis. Artur sabia exatamente como me fazer esquecer qualquer preocupação, e o jeito como seus olhos brilhavam me fazia ter certeza de que ele já estava planejando uma de suas piadas. Ele segurou meu rosto entre suas mãos, os polegares acariciando minhas bochechas enquanto me olhava fixamente, com aquele sorriso meio convencido de sempre.
— Espero que tenha feito massa o suficiente pra nós três. Quer dizer, nós cinco, né? — ele disse, com uma expressão dramática e divertida, apontando para minha barriga e logo fingindo espanto. — Acho que eu comeria por cinco hoje.
Eu ri, e ele aproveitou para me puxar para mais perto e me dar um beijo suave. Depois, deu uma olhada para a mesa posta e soltou um assobio impressionado.
— Olha só... isso sim que é um retorno digno. Quer dizer, até parece um sonho! Minha mulher me esperando em casa com jantar, eu até sinto que casei com uma princesa italiana. — disse, e riu logo em seguida.
— Ou então, só uma grávida faminta que fez o que dava pra fazer. — retruquei, rindo e empurrando levemente o ombro dele. Ele pegou minha mão e me conduziu até a mesa.
— Antes que esfrie, vamos jantar. — disse, piscando para mim de novo. Sentamo-nos, e eu servi o fettuccine, o molho delicado cobrindo cada detalhe dos fios de massa, o aroma de manjericão e tomate fresco tomando o ar, até parecia um prato feito por Hermione, talvez os anos de convivência tenha feito eu aprender alguma coisa.
Enquanto comíamos, Artur fez questão de elogiar cada garfada, e eu me senti a mulher mais sortuda do mundo, quase uma chefe de cozinha. Era tão lindo o ver assim, sentado a minha frente em uma mesa posta, uma supresa preparada para comemorar os nossos bebês crescendo dentro de mim, o nosso amor se multiplicando.
— Nossa, Chloe, você se superou! Quer dizer, depois desse molho, tá difícil competir. Nem a Itália aguenta. — disse, enquanto me observava de lado, tentando segurar uma risadinha enquanto falava, como se a cada frase ele estivesse encenando um comercial exagerado para elogiar o jantar.
— Aí, Arturzinho, você só não deixa de ser bobo, né? — revirei os olhos, e sorri quase cuspindo a comida no meio da risada. Ele me lançou um olhar inocente, sem conseguir disfarçar o sorriso.
Terminamos o jantar, e ele me ajudou a limpar a mesa, ainda fazendo observações dramáticas sobre a "maravilhosa experiência gastronômica" enquanto empilhava os pratos e os levava para a pia, e eu continuava achando que ele só estava sendo irônico, porque eu definitivamente não sabia cozinhar, mesmo que tenha ficado tudo tão lindo e cheiroso.
Quando acabou, ele se virou para mim e estendeu a mão, cheio de pose. Eu segurei a mão dele, e ele me guiou até o sofá, onde nos acomodamos juntos. Artur deitou minha cabeça em seu ombro e, por um instante, ficamos em silêncio, apenas sentindo a presença um do outro.
— Eu tenho pensado muito, sabia? — ele murmurou, de repente, quebrando o silêncio com um tom mais sério.
— Pensado em quê? — perguntei, curiosa, enquanto desviava o meu olhar atentamente para aqueles olhos azuis.
— Em como vai ser quando os gêmeos chegarem. — suspirou e me olhou com um leve sorriso, meio envergonhado. — Confesso que estou meio assustado, Chloe. E se eu fizer alguma besteira? Tipo dar mamadeira pra Jade em vez do bebê?
Eu gargalhei, e ele riu junto, embora eu pudesse ver um certo nervosismo escondido por trás de sua brincadeira. Acariciei seu rosto, com um sorriso suave.
— Arturzinho, acho que o maior erro seria se você parasse de ser assim... engraçadinho. Nossos filhos vão amar isso. E eu também. — completei, beijando-o de leve. Ele relaxou e se inclinou para trás, me puxando junto.
— É, eu só quero que eles cresçam num lar cheio de alegria. Mesmo que signifique aturarem o papai fazendo piada todo dia. — ele fez uma pausa, me olhando com um carinho genuíno, antes de acrescentar abrir um sorriso sacana. — Mas nada de contar pra eles sobre as piadas de elevador, né?
— Definitivamente nada de elevador! — falei, rindo enquanto ele me apertava mais em seu abraço.
Conforme a noite avançava, nos aconchegamos juntos no sofá, prontos para adormecer ali mesmo, embalados pela segurança do nosso amor, pelas piadas intermináveis do Artur e pelo futuro que aguardava ansiosamente para se vivido. Antes de cochilar, levantei-me, dei dois tapinhas em Artur e o puxei para subirmos juntos para o quarto, sabia o quão cansado estava e, dormir no sofá, por mais que estivesse aconchegante e gostoso, não seria o mais confortável. Então, nosso descanso no sofá não durou muito.
O toque insistente do celular quebrou a tranquilidade da noite, e eu realmente despertei com Artur resmungando ao ver o nome "Tyler" brilhando na tela. Seus olhos se estreitaram por um instante, mas ele atendeu e colocou no viva-voz, provavelmente querendo que eu escutasse cada palavra.
— Tyler... você sabe que horas são, não sabe? — Artur falou, com a voz firme, tentando esconder o cansaço e a pontinha de irritação.
Do outro lado da linha, a voz de Tyler soava levemente desorientada. Tinha tido uma longa noite e, mesmo com o tempo que já passara desde o acidente, ainda estava em recuperação, sem conseguir se movimentar sozinho. Ele explicava que o táxi havia deixado-o próximo à nossa casa, mas o motorista se recusou a ajudar com a cadeira de rodas. Com um pedido meio desconfortável, Tyler pediu para Artur buscá-lo.
Artur respirou fundo e, sem dizer uma palavra, desligou o telefone. Ele parecia um pouco contrariado, mas mesmo assim levantou-se da cama, vestiu-se rapidamente e me olhou com aquele misto de cansaço e paciência.
— Fique aqui, Chloe. Eu vou buscar o Tyler. — ele sorriu levemente, ainda que fosse um sorriso cansado. Eu sabia que ele se incomodava, mas que também se sentia responsável por cuidar do irmão, especialmente agora, na situação em que ele estava.
Artur saiu, me levantei e o acompanhei, mesmo que desobedecendo em partes, eu fiquei esperando, ajeitando algumas coisas na casa. Por mais que tivesse prometido me afastar um pouco de Tyler, não podia evitar me sentir preocupada. A recuperação estava sendo difícil para ele, e, mesmo com o ciúme ocasional de Artur, sabia que o irmão precisava de apoio nesse momento.
Alguns minutos depois, ouvi o som do carro na entrada e o barulho da porta. Artur entrou primeiro, empurrando a cadeira de Tyler com um pouco de impaciência visível, mas ainda assim ajudando-o a entrar.
— E aí, Tyler, conseguiu o show particular do meu noivo? — brinquei, tentando quebrar o clima. Tyler sorriu meio sem graça, e Artur soltou uma risada breve, embora ainda houvesse um pouco de tensão.
— Digamos que eu ainda sei como incomodar, não é? — Tyler respondeu, rindo, embora evitasse olhar muito para mim, talvez tentando respeitar o acordo silencioso que havíamos estabelecido, sabia que ele sempre queria falar a verdade em meio a brincadeiras.
— Sim, certamente você sabe! — Artur resmungou, era notório o seu olhar incomodado juntamente com o seu tom de voz, mas não era da natureza de Artur negar ajuda, ainda mais ao irmão, mesmo depois de tudo.
Artur fez questão de instalar Tyler no seu antigo quarto, sem muita cerimônia, quando finalmente nos vimos livres para voltar ao quarto, ele soltou um suspiro de alívio.
— Eu juro, Chloe, só por uma noite. — Artur falou, tentando soar descontraído, mas eu percebia o leve incômodo em seu tom. — E depois posso te contar o que aconteceu, ou se quiser ir conversar... não, com certeza conversaremos amanhã, os três juntos, melhor amanhã!
Me aproximei dele, segurando sua mão e sorrindo.
— Só por uma noite, Artur. E você fez o que qualquer irmão faria. — toquei o rosto dele, tentando acalmá-lo, e ignorando a segunda parte do assunto. Não queria saber de Tyler, tampouco me preocupar e quebrar cabeça com ele, isso definitivamente iria atrapalhar o momento e a fase que eu e Artur estávamos vivendo. — E amanhã é só nós dois, não é?
Artur assentiu e me puxou para um abraço. Estava claro que tudo o que ele queria era ter nossa noite tranquila de volta. Com Tyler aqui novamente, por mais que uma noite, seria um pouco diferente, mas estávamos juntos, e isso era o que mais importava.
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Meu Amado Vizinho
Любовные романы• Livro 3 • Continuação de "Meu Inesquecível Vizinho" +18 Recomeçar depois de todo o cenário horrendo de morte seria uma tarefa difícil para todos os envolvidos naquela tarde. Mas apesar e depois de tudo, Chloe e Artur estavam juntos, finalmente. D...