Capítulo 19

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ANTHONY PETERSON

Para conseguir ter paz, tive que abrir mão de muitas coisas

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Para conseguir ter paz, tive que abrir mão de muitas coisas. Confesso que não foi fácil,porém, a paz que procurava só encontrei sozinho nesta casa, longe de tudo e de todos.

Tive depressão e várias crises de ansiedade misturadas com outros tantos transtornos. Depois disso, vivo em uma espécie de bolha, privando-me do convívio social.

As lembranças daquele dia vagueiam na minha mente todos os dias. Perdi meus pais em um acidente trágico de helicóptero. Eles eram os melhores pais que alguém poderia ter: amorosos e gentis. Tive sempre o amor deles. Sou filho único, minha mãe teve problemas para engravidar, então foram vários tratamentos e frustrações. Depois de muito tentar, ela ficou grávida de mim. Foi uma gestação difícil; nasci com pouco peso, sem completar os 9 meses. Ela dizia que eu era o pequeno guerreiro dela.

Meu pai, meu melhor amigo, sempre esteve próximo, me ensinando tudo que sei hoje para, no futuro, assumir a empresa.

Eu tinha 25 anos quando tudo aconteceu. Eu os perdi e fiquei sozinho para cuidar de um patrimônio enorme: uma grande empresa com vários funcionários. Fui direto para a presidência e não tive tempo de fazer luto. Eram muitas responsabilidades, muitas reuniões. As empresas queriam saber como seria agora que o presidente havia morrido, estavam com medo. Eu era jovem e, para eles, inexperiente à frente de tudo. Tive que tranquilizar a todos, tudo isso dois dias depois do enterro. Por dentro, eu estava destruído, por fora, tinha que ser forte o tempo todo.

Eu tinha uma noiva, a Hazel. Estávamos juntos há mais de 2 anos. Ela era uma mulher luxuosa, gostava de viajar, comprar roupas de marca e joias. Quando meus pais faleceram, o casamento estava marcado, mas, pela morte deles, eu quis adiar. No começo, ela aceitou, mas, vendo que o tempo passava, começou a insistir muito. Ela já havia preparado tudo: o local da festa, a igreja, o vestido e os padrinhos.

Sinceramente, a minha cabeça não estava pronta para fazer uma festa, mas para ela tudo era motivo para discutir. Não bastava o trabalho, onde eu estava lançando novos produtos, o mercado de cosméticos só falava nisso, e ela, nas horas em que vinha à minha casa ou à empresa, só falava na festa.

Foi aí que começaram as crises de ansiedade. Do nada, meu peito apertava, eu suava e tinha vontade de sair e ficar em casa sozinho. Meu coração acelerava, era como se o escritório estivesse se fechando.

Hazel era uma socialite de família rica. Seu casamento comigo, que já durava meses, era notícia em todas as revistas de fofocas. A partir do momento em que o casamento não chegava, começaram a inventar fofocas sobre traição da minha parte.

Minha assessoria de imprensa teve que desmentir várias vezes mentiras falsas, isso era desgastante. Minha surpresa aconteceu quando a Hazel deu uma entrevista a uma revista de fofoca, falando que no próximo mês o casamento aconteceria. Em nenhum momento ela falou comigo, aliás, fazia dias que eu não a via. Nossa relação há tempos já não estava bem, fazia meses que não a tocava, ela era fria e não tive nenhum apoio dela na morte dos meus pais.

Nervoso, fui perguntar por que ela fez aquilo, se nós não estávamos com data marcada. Ela simplesmente disse que era o momento de "esquecer" a morte dos meus pais, já que não havia como eles voltarem,eu tinha que continuar vivendo. Suas palavras foram frias. No mesmo momento, terminei tudo. Ela reagiu muito mal, gritou e disse que eu estava traindo-a.

Pensei que, com a ausência dela, tudo ficaria calmo. Aí foi meu engano. Começou a circular nas revistas e sites de fofocas mentiras, dizendo que eu havia traído ela. Não sei como a imprensa soube do término,só sei que tudo virou culpa minha. Fui seguido em todo canto, tinha repórter até no portão da minha casa.

Meu psicológico já estava ruim, mas piorou muito. Para a imprensa, eu era um vilão que traiu uma mulher ingênua depois de anos de noivado.

As crises aumentaram muito,eram sintomas físicos e psicológicos. Eu tentei ficar e continuar, mas não consegui. Então, comprei uma casa afastada, deixei Carlos como chefe na empresa. Ele era de confiança do meu pai e do meu também, e sumi da vida de todos. Eu só queria paz.

Tive depressão e passei dias de cama. Sorte que levei Dona Maria e meu segurança particular, Christopher, comigo,eles cuidaram de mim, mesmo eu estando mal-humorado e na defensiva.

Procurei ajuda psicológica e contratei o melhor psicólogo da cidade, o Dr. Teodoro. Com a ajuda dele, melhorei muito, as crises passaram. Graças a Deus, em nenhum momento tive vontade de tirar minha vida, isso eu jamais faria.

Quatro anos em completa solidão até aquele dia, quando "ela" entrou na minha sala de jantar. Meu coração acelerou, ela é linda, doce, tudo nela era bom. Foi amor à primeira vista.

Eu sentia ansiedade de vê-la todas as manhãs, sentia ciúmes quando a vi com outro homem, e quando a elogiaram no almoço, eu queria que eles ficassem longe dela.

Eu tentei me afastar dela, não queria que ela fizesse parte do meu caos interno, mas ela foi chegando com seu jeito doce e simples.

Quando fiquei doente, ela cuidou de mim. Ela fez por mim o que meus pais fizeram tantas vezes. Ela é paciente e não pergunta sobre meu passado, mesmo já sabendo que é estranho alguém viver como eu vivo.

Nunca senti antes o que sinto por ela. O sentimento que tinha pela Hazel nem se compara ao que sinto por ela, é tudo tão intenso, bom, sem cobranças.

Ela me trouxe a paz que eu precisava. A alegria de tê-la em meus braços é como estar no céu. Estou com alguém que, em nenhum momento, me julgou.

Pretendo viver novamente por ela. Sei que essa vida de reclusão não é saudável e pretendo mudar, porque a vida que desejo ao lado da Elena é completamente diferente da que vivo hoje.


"O amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim em olhar juntos na mesma direção."

Antoine de Saint-Exupéry ✍️

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