Trinta e dois | Héroe

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And then a hero comes along
With the strength to carry on
And you cast your fears aside
And you know you can survive
So when you feel like hope is gone
Look inside you and be strong
And you'll finally see the truth
That a hero lies in you, oh, oh

Hero - Mariah Carrey

Jung Hoseok
Dois meses depois...

    
      Acho que, pela primeira vez em todo o nosso casamento, posso dizer que as coisas estavam dando certo. Não estavam fáceis, mas estávamos tentando fazer o certo, por nós. A terapia realmente nos ajudou a perceber nossas falhas, e, com o passar do tempo, começamos a ver os resultados dela e a passar mais tempo juntos.

       Agora, ao contrário de antes, eu e Taehyung saímos para jantar pelo menos uma vez por semana. Já fomos a vários restaurantes diferentes; o que mais gostamos foi o com tema de discoteca. Foi um verdadeiro caos tentar comer em cima de patins. Eu, pelo menos, quase caí umas vinte vezes. Já Taehyung parecia mais estável do que me lembrava.

      Mas não era apenas nos jantares que nos encontramos. Duas vezes por semana, nós dois saíamos para um passeio, um encontro só entre nós. Meu preferido foi o piquenique à noite na praia. O dele, por incrível que pareça, foi o passeio de carro até chegarmos à praia. Pelo menos foi isso que ele disse para mim enquanto voltávamos para casa.

        Graças às sessões de terapia individuais, consegui perceber que tive um problema sério de dependência emocional em relação a Taehyung. Consegui compreender melhor o motivo de não ter o deixado antes. Eu tinha necessidade dele, como se fosse um órgão meu do qual não conseguisse viver sem. Meu psicológico me recomendou passar mais tempo sozinho, fazendo coisas que gosto com pessoas que não sejam ele.

       Algo que percebi que Taehyung fez durante quase todo o casamento, enquanto eu ficava em casa. Porém, eu não tinha como culpá-lo por isso pelo resto da minha vida, principalmente depois de conhecer mais sobre sua infância através da terapia de casal. A cada coisa nova que eu sabia sobre isso, mais eu sentia raiva dos pais dele, porque eles simplesmente deixaram Taehyung acabado e destruído mentalmente.

       O que eles faziam com ele beirava a tortura, como se fosse bom para eles que ele fosse assim: capitalista, carente de atenção, desconfiado e amedrontado demais para pedir ajuda ou confiar em alguém.

       Não vou dizer que não brigamos nesses dois meses. Sim, brigamos. Porém, na maioria das vezes, conseguimos perceber que aquilo não levaria a nada ou que estávamos exaltados demais para conversar sobre aquilo naquele momento. Isso foi bem mais difícil para mim, porque, assim como minha mãe, eu odiava que me deixassem falando sozinho. Por isso, foi difícil ver ele dizendo que precisava de tempo para se acalmar. Mas, no final, eu entendi.

      A verdade era que ainda tínhamos muito o que mudar e muito a aprender sobre o outro. Principalmente porque essa chance de saber o que somos nós - além de casados - foi tirada assim que assinamos o contrato. Eu percebi que perdi muitas coisas na vida por causa do noivado com Taehyung. Muitas vezes, deixei de pensar em mim para pensar nele. Por isso, fui recomendado a cuidar mais de mim.

        E eu sabia que a mesma coisa tinha acontecido com Taehyung. Ele teve que moldar quase toda a sua personalidade e ações ao meu redor, como se eu fosse uma prisão, impedindo que ele se conhecesse de verdade. Esse foi um dos motivos que o fez se tornar outra pessoa em nosso casamento; ele queria ser alguém além de meu marido. E agora era a minha hora.

El Imitador - KTH × JHSOnde histórias criam vida. Descubra agora