Planos para o futuro

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— Eric, espera! — Emily gritou quando o rapaz chegou no corredor de sua sala.

Ele estacou, porém ficou de costas, perto das janelas. 

— Desculpa, Emily. Eu juro que tentei gostar ao menos um pouco da Victória, mas é impossível. Por vezes eu quis ser um caral legal e olha o que ganhei em troca. Isso é ridículo. 

— Ei, eu entendo — disse a garota, aproximando-se e colocando a mão em seu ombro. 

Eric se virou para ela. 

— Não queria que você tivesse a impressão errada sobre mim. Não sou um babaca, é que a Victória me tira do sério. Já tentei ter alguma conversa normal com ela e de alguma forma sempre acabamos em pé de guerra.

— Ah, bem-vindo ao time. Acontece a mesma coisa comigo. Acredita que ontem ela me acordou com um balde de água gelada na cara? Levantei num susto… Aí, tive que colocar as roupas de cama no varal pra secarem e o colchão ficou no quintal o dia todo. Minha tia até perguntou o que houve, mas acabei não falando do ocorrido. 

— Você protege demais sua prima, devia deixar ela se ferrar, pelo menos um pouco.

— Davi pensa da mesma forma, mas eu não quero piorar tudo. Quando vim pra São Paulo, nunca tive intenção de arrumar brigas. Além do mais, acredito que Victória esteja mudando.

Ele fez um som semelhante a uma breve risada. 

—  Pra mim, ela continua igual. E sinceramente, agora tô preocupado que faça amizade com minha irmã. A Brenda precisa de amigas que a incentivem nos estudos, leais, honestas e decentes. Não vejo como Victória seria boa influência pra ela. 

Emily se colocou ao seu lado e se sentiu levemente ofendida.

— Entendo.

Ele a encarou.

— Posso te perguntar uma coisa?

— Claro. 

— Tem alguma coisa rolando entre você e o Davi?

Emily deixou uma risada incrédula escapar. 

— Não, meu Deus. Seria até absurdo pensar nisso. Somos amigos.

— É que eu tenho a impressão de que esse cara tá sempre por perto. 

Ela deu de ombros.

— É porque somos amigos e Davi é muito prestativo, só isso. Na verdade, ele é tipo um lobo solitário. Acho que minha companhia faz bem a ele.

Enquanto ela falava, Eric se escorou na parede próximo às janelas e cruzou os braços, numa pose quase relaxada. 

— Se você diz… — O rapaz não soou nada confiante com o comentário, porém a garota não reagiu. 

Emily tentou não pensar que Eric estava enciumado. Nada mudou em sua expressão, pelo contrário. Ele fixou os olhos em um ponto através da janela e pareceu reflexivo. Como uma pessoa podia ser tão bonita? Ainda mais quando uma rajada de sol tocou seu rosto e iluminou seus olhos, deixando-os em um tom semelhante ao castanho-claro.

Ela coçou a nuca e notou que a garganta estava seca. Isso foi o bastante para piscar e tentar não se prender muito ao físico de Eric. 

— Eu… — Antes que pudesse completar a frase, ouviu o som abafado do sinal da escola tocando, em um lugar bem longe. — Vou pra minha sala.

Eric assentiu e ela sentiu que o rapaz a observava enquanto se afastava. Chegou na sala com o coração gritando e o rosto superaquecido, como se tivesse saído de uma sauna. Sentou em seu lugar cuidadosamente, lutando para que ninguém olhasse para ela.  

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