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seungmin e bang chan se encontravam na biblioteca da igreja. eles estavam encarregados de limpar todos os livros religiosos e os organizar novamente nas estantes. estavam fazendo aquilo por que, segundo suas mães, tinham pecado.

o pecado de seungmim era ser homossexual. aquilo, na visão da senhora kim, era um dos pecados mais graves que um ser humano poderia cometer. para tentar "trazer o filho de volta", conversou com o padre da igreja que frequentava e ele disse que poderia dar algumas aulas sobre os pecados e depois fazer ele pagar por ter pecado. as aulas já tinham acontecido, e agora só faltava pagar.

o pecado de christopher tinha sido parecido. depois que um garoto espalhou para a escola inteira que bang chan era bissexual, e espalhar várias mentiras ao seu respeito, o bang se descontrolou e acabou espancando o garoto, o deixando com um nariz e um braço quebrado. sua mãe fez o mesmo da mãe de seungmin; negociou com o padre algumas aulas sobre pecados e pagar por pecar.

os três dias de aula que tiveram foram engraçados. eram dois marmanjos de dezessete e dezoito anos no meio de um monte de criança de onze anos, que estavam ali fazendo catequese. agora, no quarto dia, estavam na biblioteca arrumando exatamente todas as prateleiras. o trabalho era simples: tirar o livro da estante, passar um paninho para tirar o pó e organizar por ordem alfabética. eles só não esperavam que demorariam tanto, e que precisariam interagir um com o outro.

a biblioteca era enorme. tinham muitos livros, todos eles de religião, mas divididos nos assuntos mais distintos. livros de orações, edições antigas e novas de bíblias, livros infantis, livros sobre demônios, sobre Deus, sobre todos os santos, tinha de tudo. então o trabalho que eles teriam com certeza não acabaria tão rápido, precisariam de no mínimo uns três dias.

bom, dizer que o bang e o kim eram amigos era uma mentira enorme. eles estudam na mesma escola des dos cinco anos, e nunca se deram bem. sempre implicaram pelas mínimas coisas, então aprenderam a lidar um com o outro sendo idiotas e infantis. eles sabiam que aquela briguinha sem motivo não duraria tanto, e a prova daquilo era que eles estavam bem distantes, mas principalmente da parte de christopher.

quando entraram no ensino médio, as zoações e brigas iniciadas do bang para o kim tinham diminuído drasticamente. seungmin tinha estranhado, e ficado até meio chateado, por mais que não fosse admitir jamais que sentia falta de chan. não entendia o que tinha acontecido, mas apenas aceitou a ideia de não ter alguém em seu pé o tempo todo. mas nesses últimos dias que tinham convivido- por obrigação- juntos, toda a babaquice do mais velho tinha voltado, como se nunca tivesse ido embora.

— olha, seungmin — chan chamou o mais novo, que revirou os olhos e bufou pela décima vez naquela hora. — parece você — apontou para um desenho de demônio na capa de um livro. o kim revirou os olhos mais uma vez e ignorou, igual tinha feito pelas últimas três vezes com situações exatamente iguais. — ei, seungmin-

— porra, bang chan! dá pra calar a boca por favor? eu quero acabar com essa merda logo 'pra nunca mais olhar na sua cara, então vamos fazer isso quietos, cada um na sua! — seungmin pediu, de braços cruzados, bravo. chan arregalou os olhos, vendo seungmin voltar a organizar os livros da sessão infantil.

passava das sete de noite, e ambos estavam cansados. de manhã tiveram duas provas, e logo que bateu uma da tarde, foram - juntos - para a Igreja, tiveram uma aula de religião até as três e meia e foram liberados para almoçar na cantina da igreja - sim, além de biblioteca a igreja também tinha cantina. isso que foi Jesus que disse que não gostaria se transformassem sua fé em comércio, enfim... - e estavam des das cinco arrumando os livros.

seungmin estava com dor de cabeça e queria ir embora, além de que christopher não parava de encher o seu saco. sua vontade era de pegar a maior bíblia que tinha ali e enfiar na boca do mais velho, para que ele parasse de falar. mas é óbvio que não, que bang chan ia irritar ele até não poder mais.

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