IX

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Rhaenyra

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Rhaenyra

A noite envolvia o quarto em um véu denso e sufocante. As sombras dançavam nas paredes, e, mesmo envolta em peles, o frio cortava fundo. A dor em meu peito era uma faca incansável que nunca parava de perfurar. Minha mente, porém, se recusava a aceitar... se recusava a deixar o rosto de Lucerys desaparecer.

Senti a presença de Daemon antes mesmo que ele falasse. Ele se aproximou, me envolveu com seus braços, mas seu toque era pesado, diferente das outras vezes. Quando ele finalmente quebrou o silêncio, sua voz tinha o tom duro de aço.

— Rhaenyra, eles tomaram o nosso Lucerys. E você sabe que isso exige uma resposta — ele disse, sua voz sombria, implacável.

Desviei o olhar, apertando a manta ao redor de mim como se pudesse me proteger das palavras dele, das imagens horríveis que tentavam se formar em minha mente. Meus dedos tremiam. A cada segundo, eu esperava ouvir o riso doce de Lucerys ecoando pelos corredores, ver o brilho nos seus olhos enquanto ele corria ao meu encontro. Mas o silêncio era tudo o que restava.

— Não — murmurei, a voz fraca, quase quebrada. — Ele... ele não está morto, Daemon. Eu sentiria... Eu saberia, se tivesse acontecido alguma coisa com ele.

Daemon soltou um suspiro áspero, a frustração em seus olhos tornando-se mais evidente. Ele segurou meu rosto, forçando-me a encará-lo, mas seus traços de impaciência e a ira em seu olhar quase me repeliam.

— Rhaenyra, ele se foi — insistiu, as palavras dele perfurando-me como lâminas. — Não podemos nos dar ao luxo de negá-lo. Lucerys está morto e se você não fizer algo, os outros filhos que você ama também estarão. É assim que funciona com os Verdes. É assim que se mantém o poder. Sangue por sangue.

Uma pontada de dor reverberou dentro de mim, ecoando pelas minhas entranhas como um grito mudo. As palavras dele eram cruéis demais, insensíveis demais, e tudo o que eu queria era afundar em um sono profundo, onde o pesadelo de perder Lucerys não pudesse me alcançar.

— Não — repeti, mais firme desta vez, embora ainda em um tom frágil. — Você não entende, Daemon. Eu... eu vejo o rosto dele todas as noites. Ouço sua voz. Se ele estivesse realmente... se ele tivesse partido, isso me consumiria. Não posso... não posso simplesmente aceitar, como se fosse um fato consumado. Ele ainda está lá fora, Daemon. Ele está.

Ele recuou por um instante, o rosto dele sombrio, mas claramente hesitante. A mão que segurava meu rosto caiu, e eu vi o cansaço em seus olhos, como se ele estivesse lutando contra a minha teimosia e também contra a própria dor.

— E se ele estiver realmente perdido, Rhaenyra? E se...?

— Não, Daemon! — Minha voz saiu em um grito, um grito que ecoou no silêncio frio. — Eu não posso fazer isso. Não posso aceitar isso. E, mesmo que fosse verdade, mesmo que ele estivesse... — Minha voz falhou, e a dor transbordou dos meus olhos em lágrimas silenciosas. — Lucerys era uma criança. Eu não posso responder com a morte de outra criança. Isso me tornaria como eles.

A SEMENTE DE DRAGAO | LUCERYS VELARYONOnde histórias criam vida. Descubra agora