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Raphael Cavalcante Veiga
Apartamento 28, Tatuapé, 23:10

Neste momento, o fim de noite que menos cogitei está acontecendo. Carolina, com seu jeito naturalmente médica, coloca sob minha testa a bolsa de gelo. Ela se inclina um pouco, pede licença e passa um pano molhado na água gelada sob meus ombros e pescoço.

– Isso está muito gelado - Reclamo e quase resmungo pela sensação horrível do gelo na pele. - por que tenho que por esse treco na testa? Não basta só tomar remédio?

– É pra abaixar sua temperatura - Explica de forma natural e se afasta com o pano. - o remédio demora alguns minutos pra fazer efeito. E sua pressão está alta, então me preocupou...

– Hum... e quer dizer o que pressão alta? - Falo meio acanhado e fecho os olhos pra não ter que encarar aquela claridade. - tipo, é sério?

Ouço a breve risada da mulher, percebo que ela anda pelo quarto.

– Vai ficar tudo bem, tá? - Me tranquiliza e volta após colocar o pano em uma bandeja. - pode dormir, você meio que precisa disso... eu te acordo daqui um tempinho pra checar sua temperatura.

Observo a mulher e, mesmo com a dor na vista pela luz do quarto, consigo dar um breve sorriso: ela se tornou uma verdadeira médica.

– Ok, doutora. Obrigada.

Observo um sorrisinho em sua boca, que ela comprime e se afasta aos poucos do quarto.

– Ok. Eu volto - Dá uma piscadela e some do corredor.

Eu fecho os olhos e solto uma respiração presa. Meu Deus, a presença de Carolina é capaz de mexer com o ar do ambiente, isso é inexplicável.

– Alexa, por favor, desligar a luz e programar para a luz meio ambiente ao ser ligada novamente - Falo devagar para o robô entender.

– Desligando luz do quarto de Raphael - A voz ecoa pelo cômodo. Posso jurar que escutei uma risada. Deve ser a Carolina. Por que ela é assim? Sorrio só de pensar. - programando para ligar luz meio ambiente.

Quando o breu se instala no quarto, aquela sensação de que tem alguém apertando minha têmpora passa. É instantâneo. Meu sono vem como um caminhão de força. Rápido e imbatível.

E ele me carrega. Eu durmo e sonho coisas bem nada a ver. Sonho com o estádio, com a Europa, com o Gabriel... até a Carolina apareceu no meu sonho. Puta merda, viu?

Eu acordo todo suado e ainda sim com frio. Não sei como isso é possível, mas ao mesmo tempo que meu corpo soa horrores, eu tremo por inteiro. Abro os olhos e reviro na cama sentindo aquele incômodo característicos. Ainda é madrugada e provavelmente uma quatro da manhã.

Me levanto, ando pela casa e paro na cozinha. Pego um copo de água em temperatura ambiente e bebo de forma calma. Meu corpo treme por inteiro e tento ignorar isso. Aperto as mãos no balcão e abaixo a cabeça. Que merda. Eu deveria estar bem melhor do que estou.

– Tá tudo bem, Raphael? - A voz da mulher me causa um leve susto, ela acende a luz no interruptor e caminha até mim, para ao meu lado, mas eu ainda encaro o chão e tento puxar ar. - Raphael?

– Só estou com frio - Murmuro, tentando fugir dessa sensação.

– Percebi que está tremendo. Vou olhar sua febre, tá bem? - Carol se aproxima, puxa meu rosto e encosta no seu. - licença... cê' tá quente demais. Vou ter que administrar medicação... tudo bem por você?

Uma linda mulher - Raphael Veiga.Onde histórias criam vida. Descubra agora