Capítulo 5

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Dulce Maria

Alexandra nos guiou para dentro de uma casa luxuosa perto da praia de Malibu na Califórnia!

Mamãe estava furiosa com Alexandra e elas já tinham se desentendido algumas vezes, não que a mulher tenha dado tanto atenção a dona Blanca, o que estava me deixando estressada e ansiosa.

A forma com que eu percebia que Alexandra nos olhava, como se fossemos uma pedra em seu sapato, me doía o coração.

Eu tinha tomado a decisão de ter aquele bebê pela minha mãe.

No entanto, estava me sentindo uma idiota que foi manipulada por ter o coração mole. Não sei se qualquer mulher no meu lugar teria tomado outra decisão, no entanto.

Mas sinto como se tivesse perdido a confiança da mulher que me deu a vida, que apesar de tentar disfarçar, eu conseguia ver sua decepção toda vez que me encarava.

Foram horas de voo até chegarmos ali, e eu estava exausta. Mas ainda tínhamos que nos encontrar dentro da mansão.

— Dulce, descanse um pouco, está pálida, querida. — Minha mãe pediu e eu suspirei, eu me sentia fraca e nauseada mesmo, mas nada que precisasse de alarde.

— Estou bem! — falei com a voz fraquinha e Alexandra soltou um suspiro.

— Sente-se um pouco, vou examinar você, foram muitas horas de voo!

A médica mandou, fui até o sofá e sentei. Ela aferiu minha pressão, me fez tomar água e mandou eu colocar as pernas para cima. Me fez um monte de perguntas até ficar satisfeita.

— Você irá descansar por hoje, tem muitas pessoas que podem desfazer as malas para vocês. Vou mandar que preparem algo leve para que possa se alimentar melhor. — Mandou, como se fosse minha dona, de certa forma, acho que ela era.

Pelo menos enquanto carregasse seu neto... Meu filho! A criança teria meu sangue e eu teria que dá-la quando nascesse. Toda vez que pensava naquilo tinha uma vontade enorme de bater os pés no chão e espernear.

Eu não queria dar meu filho, principalmente depois de um exame incômodo em que fui capaz de escutar os batimentos dele e toda vez que eu pensava naquilo meu coração se despedaçava um pouquinho.

— Gravidez não é doença, se Dulce quiser andar por aí, ela vai! — Minha mãe falou com o tom alterado, provavelmente sabendo um pouco do que se passava em minha mente, ela tinha passado horas tentando me consolar quando contei tudo para ela.

Eu tinha noção do preço daquele contrato desde antes de assiná-lo. E me matava saber que mesmo não querendo eu teria que cumpri-lo e dar meu bebê.

Eu não era o tipo de mulher que não me apegava às pessoas, como eu faria para não amar aquela criança que crescia dentro de mim?

— E eu já disse que a Dulce assinou um contrato onde ela deve me obedecer até que meu neto esteja em meus braços? — Minha mãe fez um bico seguido de uma careta.

— Contrato esse que você a manipulou para assinar? Aposto que tem uma brecha na lei para isso e quando eu descobrir, juro que as coisas podem terminar diferentes! — Alexandra riu, e aquele som fez minha espinha arrepiar.

Meu coração estava doendo no peito, como se estivesse se comprimindo dentro da minha caixa torácica. Vê-las brigando era como escutar as discussões dos meus pais antes do meu pai morrer. Era torturante.

— Eu gostaria de ver uma morta de fome como você conseguir se dar bem num processo contra mim! — A mulher desafiou e minha mãe deu uma risadinha.

— Bom, eu sei que deve achar bacana pensar assim, mas se eu levar isso a público tenho certeza que não será tão bom assim para você! Além do mais, já ouviu dizer o quanto é difícil tirar um filho de uma mãe? — Alexandra revirou os olhos.

— Será que não leu o contrato? Dulce será a única prejudicada se esse caso vier a público. E vamos combinar... Ela vendeu a criança para mim. — Alexandra, que estava meio borrada de pontinhos pretos me olhou com um sorriso. — Querida, será que daria para você controlar sua mãe?

— Pare de jogar as responsabilidades de suas merdas em cima da minha filha — Alexandra levantou e encarou minha mãe de forma dominadora.

— Sua filha é maior de idade, aceitou tudo que pedi para salvar sua vida. Você deveria parar de dar esse chilique todo e agradecer a mim por ser a responsável por estar viva. Acha mesmo que estaria respirando com tanta facilidade se não tivesse recebido a vantagem que dei? A essa hora estaria no hospital definhando aos poucos.

— Você é uma...

— Mãe, por favor!

Pedi e Alexandra franziu a testa, quando minha mãe rapidamente me olhou preocupada, eu estava com as mãos nos ouvidos, tentando controlar a respiração pela ansiedade e pelos pontinhos pretos que cresciam em minha visão, estava ficando cega pelo nervoso, de novo.

— Você é quem está acabando com a saúde da sua filha. Eu as trouxe para essa casa para que Dulce tenha paz e para evitar que meu filho esbarre com vocês em Nova York, meus planos não incluem que eles se conheçam, nunca! — A mulher deu ênfase ao nunca.

— Ele sequer está doente ou sabe que terá um filho? — Minha mãe perguntou, pois quando eu disse que foi por isso que a mulher insistiu tanto, por querer salvar o filho dela. Blanca conseguiu entender um pouco o desespero de Alexandra, mas depois começou a suspeitar que a mulher tinha o semblante tranquilo demais para alguém que tinha um filho doente.

— Eu nunca disse que ele estava doente, e sim que precisava cuidar do futuro dele. E estou! — Ela me encarou com um pequeno sorriso. — E Dulce prontamente aceitou me ajudar.

Ah, eu não me lembrava das coisas terem sido da maneira que  ela dizia. Eu neguei tantas vezes que tinha perdido as contas. E em todas as suas investidas, me fez entender que o filho dela iria morrer. Como eu sou idiota.

— Nossa querida Dulce assinou um contrato em que ficarão muito bem de vida quando meu neto nascer...

— Eu falei que não quero esse dinheiro, você disse que iria mudar o contrato! — Minha voz embargou.

— Você é tolinha, mas eu não! Se tentarem me denunciar — Ela encarou minha mãe. — Vou dizer que foi Dulce quem me coagiu, será a minha palavra contra a de vocês.

— Você é esperta, mas fique tranquila, nesta vida todo mal que você faz a alguém, volta, e ainda irá topar com alguém mais esperto que você! — A mulher deu uma risadinha e vi o rosto branco da minha mãe se tornar vermelho.

— Estou louca para tomar um café com essa pessoa, amo pessoas espertas! — Ela deu uma piscadinha para mim, não levando minha mãe nem um pouco a sério. Suspirei.

Aquilo estava saindo do controle!

— Eu irei embora pela manhã, mas fiquem a vontade, podem usar toda a casa, aproveitem para conhecer a praia, é maravilhosa. Terá um motorista a disposição e os empregados também! Dulce, não esqueça dos relatórios diários sobre o bebê e seu estado de saúde. A minha obstetra de confiança aqui em Malibu irá cuidar de vocês e qualquer coisa, virei correndo! Se alguém perguntar, vocês são as caseiras responsáveis pelos empregados. Isso é tudo o que são aqui... Minhas empregadas! Certo, Dulce? Não foi isso que me pediu?

Achei que minha mãe pularia no pescoço da mulher quando bufou e balancei a cabeça em negação, aquilo estava cada vez pior. 

Alexandra deu mais um monte de orientações e eu tentei guardar todas aquelas informações. Torcendo para que ela terminasse logo e finalmente fosse embora nos deixando com a bagunça que se tornou minha vida, por causa da minha falta de habilidade em dizer não ou de confiar nas pessoas.

A VERDADE OCULTA DO MILIONÁRIOOnde histórias criam vida. Descubra agora