Dulce Maria
O quinto mês estava próximo, e eu estava começando a ficar ansiosa pelo momento que o bebê começaria a mexer. Minha mãe disse que me sentiu mexer no quarto mês, mas que ela também tinha mais barriga que eu.
Mas agora, a cada dia que passava, mais eu conversava com a barriga e me sentia idiota. A Alexandra veio me visitar na semana passada e mais uma vez tentou saber o sexo, mas parecia que o bebê não queria ser chamado por nenhum dos nomes que ela escolheu.
E Anahí era a mais nova visitante da casa, mas apenas quando Alexandra não estava.
Apesar de ela não ter "dito não" quando perguntei se podia trazer uma amiga, senti que ela tinha feito uma cara de nojo para o meu pedido, então evitava. Meu aniversário foi muito gostoso com ela presente, e eu senti uma energia especial com a presença da loira.
Hoje tinha tirado o dia para cuidar das flores que eu plantei. O jardim estava ficando a coisa mais linda e eu estava ficando cada dia mais apaixonada por aquela vida que estava dando no lugar.
Estava tão distraída que não percebi alguém chegando, até ver uma sombra grande atrás de mim. Virei com um sorriso achando que era um dos empregados gentis que trabalhavam na casa. Mas me deparei com um olhar de um profundo tom de castanho, com braços longos que estavam enfiados nos bolsos da calça olhando o jardim com atenção.
Eu nunca tinha visto aquele homem ali, e caramba... Existiam mesmo homens tão lindos fora da TV? Pisquei desnorteada e limpei as mãos sujas de terra no macacão jeans.
Ele finalmente desviou os olhos do jardim e encarou meu rosto, suas sobrancelhas se uniram e a testa franziu.
— Eu te conheço? — Engoli em seco e neguei.
— Não, senhor! — assim que disse aquilo, me peguei pensando que eu já tinha visto aqueles olhos antes. Aquele rosto não me era estranho. — Não que me lembre de onde...
— É, eu tenho essa impressão também... Lindo o trabalho que está fazendo aqui, aproveitou muito bem o espaço. — Elogiou e meu peito inflou de orgulho.
— Obrigada, estou trabalhando nesse jardim há meses e ele finalmente está ficando do jeitinho que eu queria. — Ele sorriu e caramba. Era ainda mais lindo quando sorria, como isso era possível?
— Vou ficar muito feliz de acompanhar o desabrochar de cada flor. — Abri um sorriso e ele encarou meu rosto com mais atenção.
— Bom, eu preciso ir em casa trocar de roupa e tomar um banho; Fique a vontade! — Seja lá quem fosse, devia ser convidado da Alexandra e eu não podia tratá-lo mal, no entanto, estava com medo dele arrancar alguma flor do meu lindo jardim.
Peguei minhas coisas correndo e pretendia passar por ele, mas o homem estava bem na minha frente. Ele foi para o mesmo lado que eu e então uma pequena confusão começou, o lado que ele desviava para sair da minha frente era o que eu ia também.
De repente ele riu alto, e eu senti meu corpo todo vibrar, até que ele segurou meu ombro, e deu um passo para o lado, mas então algo ainda mais importante aconteceu...
O bebê mexeu e eu dei um gritinho e um pulo. E comecei a rir soltando tudo no chão e colocando a mão no ventre.
— Você está bem? — Comecei a assentir rapidamente e senti as lágrimas descerem de emoção, meu Deus, como eu poderia não me sentir conectada a ela agora?
— Mexeu, o bebê mexeu, eu... preciso ir! — Comecei a andar rápido em direção a casa, segurando a barriga para sentir quando mexesse de novo, e assim que cheguei na entrada ouvi vozes diferentes de homens e paralisei.
O que estava acontecendo? Estavam dando uma festa?
Um menininho correu em minha direção, mas no último segundo desviou e se jogou nos braços do homem que estava ao meu lado e tinha me seguido.
— Tio Chris! — O menino chamou e mostrou um barquinho de papel, que eu sabia muito bem quem amava fazer, minha mãe.
— Que lindo o seu barquinho de papel. Sabia que ele também pode virar um chapéu? — Eu ainda segurava a barriga, que não tinha mais dado sinal de vida, quando desviei para a cena do homem para o olhar preocupado da minha mãe que servia um senhor e um ruivo tão lindo quanto o homem de cabelos pretos e olhos azuis ao meu lado.
O que estava acontecendo e quem eram aquelas pessoas?
— Christopher, você precisa tomar o café da Blanca! — O senhorzinho chamou e eu pisquei com força, esse não era o nome...
— Vamos lá, garotão, eu preciso experimentar um café gostoso nesse calor infernal! — Engoli em seco quando percebi a merda que estava acontecendo.
Christopher era o nome do filho da Alexandra, aquele com quem eu não deveria falar, aquele que eu não deveria ter qualquer contato, ele estava ali, e ele não era, aparentemente, nada do homem que eu havia pintado em minha mente.
Parecia gentil e amoroso...
O homem passou por mim, e deu uma leve encostada, meu bebê começou a mexer, como se soubesse. Como se quisesse que o pai soubesse que ela estava ali, e o reconhecesse.
Será que o bebê sabia que Christopher era o pai dela?
— Filha, esses são os donos da casa, assim como senhora Alexandra nos orientou, iremos ficar agora na casa dos empregados... — Minha mãe me fez sair de meu transe e eu finalmente concordei.
— Oh, sim! — Falei um pouco desnorteada. — Sejam bem- vindos, eu vou desocupar o quarto ainda hoje!
Olhei minha mãe que assentiu com um sorriso.
— Não vejo a menor necessidade disso, até porque, estávamos falando da senhora nos ajudar com o pequeno Jaden! — O senhor comentou e eu percebi que estavam falando do menininho.
— Ah, mas somos as empregadas, não vejo porque ficar circulando pela casa com os patrões! Posso vir cuidar do Jaden a hora que precisarem!
— Faço questão que continuem a rotina de vocês como caseiras, além do mais o quarto que Alexandra deu a vocês faz parte do quarto de empregados! — explicou o senhor. — Sou dono dessa propriedade, portanto, eu decido essa parte! Podem ficar à vontade!
Respirei fundo, minha mão ainda protetoramente sobre o meu ventre. Estava apavorada do que poderia acontecer se eles descobrissem que sou uma barriga de aluguel ilegal!
Tudo mudou, eu tinha certeza de que Christopher não fazia ideia de que teria uma mulher que estava grávida dele naquela casa. Por um bom tempo pintei em minha cabeça que o pai do bebê só não queria me conhecer enquanto estivesse grávida, que ele não queria se apegar.
Alexandra era com toda certeza muito pior do que eu pensava.
Nenhum deles parecia saber da nossa existência, Alexandra enganou todos eles assim como nós e agora, aparentemente teríamos que conviver todos juntos com aquela mentira pairando sobre nós.
Vi Jaden esfregar os olhos e ir em direção ao único homem na sala que era a cara dele. O homem o pegou e beijou o topo de sua cabeça.
— Vou me acomodar com Jaden, dar um banho e colocar para dormir! — O homem falou, bagunçando os cabelos do menino.
— Podem deixar conosco! — Minha mãe estendeu a mão para o menino que a olhou um pouco enviesado! — Vamos fazer mais barquinhos, querido?
O menino deu um sorrisinho e aceitou passar pro colo da minha mãe.
— Venha, filha, me ajude com o neném!
Mamãe chamou minha atenção e eu corri para acompanhá-la, sem coragem de olhar para o trio de homens.
— Mãe, o que vamos fazer? — minha voz saiu rouca e chorosa.
— Ligue para a mocreia, ela precisa nos tirar daqui, imediatamente! — respirei fundo, já pegando o celular do bolso.
E liguei para Alexandra!
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A VERDADE OCULTA DO MILIONÁRIO
Fanfiction(+18) FANFIC VONDY Dulce viu sua vida virar de cabeça para baixo em um instante. Sempre protegida de forma intensa por sua mãe, agora ela se vê sozinha, incapaz de ajudar sua maior defensora, recentemente diagnosticada com câncer de mama. Em busca d...