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Fui andando pra casa e pensando no que falaria para os meus pais, eu não iria falar pra eles, nessa altura do campeonato que eu vim ver o Joca. Até porque eu só vim pois sabia que o Joca não ia me dar paz, e se ele viesse aqui em casa ia ser pior.

Cheguei em casa, abri a porta e entrei pra dentro, olhando só minha mãe na sala.

Diana: Aonde você estava? - Falou com tom de voz baixo, mas ríspido. Ela estava muito brava. - Isís, eu te fiz uma pergunta.

Isís: Lá em cima, no mirante. - Olhei no fundo dos seus olhos, era o minuto mais longo da minha vida. - Cadê meu pai?

Diana: Laje. - Falou direta e se levantou, subindo as escadas.

Fui pra laje e meu pai tava lá, sentado e fumando.

Coronel: Aonde tu tava? - Perguntou sem me olhar e eu me sentei do seu lado.

Isís: Mirante. Tudo bem com você e a mamãe? - Olhei pros seus olhos vermelhos, eu poderia dizer que era da maconha, mas estavam inchados, ele tinha chorado. A primeira vez que vejo meu pai chorar.

Coronel: Tua mãe disse de ir embora de casa. - Falou baixo e eu senti meu coração cortar em pedacinhos. Meus olhos encheram de lágrimas e eu engoli o choro, abraçando meu pai.

Isís: Por minha culpa? Me desculpa papai, eu nunca quis causar isso, eu juro. Me desculpa, pai! - Pedi chorando e ele me abraçou forte, beijando minha cabeça.

Coronel: Não foi porque tu brigou, nem por tua culpa. Tua mãe acha que eu tenho outra pô, por história de 16 anos atrás, que ela ainda não superou! - Sequei as lágrimas, me sentindo um pouquinho aliviada por não ser a causadora da separação dos meus pais.

Isís: Ela tá certa? - Questionei baixo e a sua risada rouca fez meu coração ficar em paz, eu conheço meu pai, ele tá sendo sincero.

Coronel: Tu acha que eu trocaria tua mãe, minha família, por vagabunda de rua?

Isís: Vou ir falar com ela, te amo. - Beijei sua bochecha e ele me abraçou apertado, muito apertado.

Me levantei e desci, indo pro quarto da minha mãe. Entrei empurrando a porta que estava escorada, e minha mãe tava deitada, chorando. Meu coração doía muito em ver meus pais assim, e eu tava entrando em desespero sem saber o que fazer.

Isís: Mamãe, eu conversei com o papai.. - Falei baixo e me deitei do seu lado. - Porque você acha que ele faria isso com você?

Diana: Ah meu amor, já tem uns dias que eu venho recebendo avisos, da mesma forma de antes. - Limpou as lágrimas me olhando. - Mas você não precisa se preocupar com isso, vai ficar tudo bem. - Beijou minha testa.

Diana.🩷

Coronel: Minha joia. - Chamou da porta do quarto e a Isis levantou, saindo. - Eu te amo cara, tu é a minha vida porra. Tu sabe quem fez aquilo aquela vez, e sabe quem tá fazendo agora.

O cheiro de maconha invadiu o quarto e eu suspirei encarando aqueles olhos vermelhos, eu sou tão apaixonada nesse homem, que as vezes fico cega de amor.

Diana: Vinicius me mandaram foto sua pô, tava no bar pô. Disse pra mim que tava em esquema pra ajudar morro do Bilu, aí me mandam foto sua em bar. Você mentiu cara! - Falei baixo sentindo as lágrimas vir novamente.

Eu me sentia traída, pela mentira.

Coronel: Era surpresa, mas eu tava no bar com o Maltês, organizando isso aqui. - Foi até nosso armário e tirou 3 passagens de dentro de uma caixinha. Passagens de avião. - Fui limpar minha ficha, garotinha.

Diana: Não tenta me enganar. - Me levantei indo até ele e peguei as 3 passagens da sua mão. "Buenos Aires" - Vinicius!

Coronel: Eu te amo pra caralho, 16 anos juntos minha vida, não tem esse de ter outra, nunca tive e nem vou ter. E a Carolina vai rodar, e eu vou pegar ela bem bonitinho pra aprender.

Entrelaçados.Onde histórias criam vida. Descubra agora