Capítulo 7 - O chamado do destino

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O amanhecer trazia uma luz pálida, fria e silenciosa, contrastando com o peso dos acontecimentos da noite anterior. O grupo se encontrava em uma clareira, envolto pelo som calmo de um rio distante e o farfalhar das árvores ao redor. Era um momento de paz antes da tempestade que sabiam estar por vir. Adrian ainda repousava, sua respiração pesada e corpo frágil evidenciando o preço da batalha contra Kael.

Rion estava de pé, distante, os olhos fixos no horizonte. Havia uma determinação quieta nele, uma tensão que parecia crescer conforme o céu clareava. Ele sabia que a ajuda que buscavam não seria fácil de encontrar. Os deuses exilados tinham boas razões para temer Karmus; poucos ousariam enfrentar a ira do Panteão.

"Vou buscar alguém que pode nos ajudar," ele disse, mais para si mesmo do que para os outros. "Alguém que conheci antes de tudo isso começar... e que talvez esteja disposto a enfrentar Karmus novamente."

Leo olhou para ele, entendendo a gravidade do momento. "Esse alguém... é seguro?"

Rion balançou a cabeça, pensativo. "O que é seguro nesta guerra? Mas se ele aceitar nos ajudar, teremos uma chance. Ele é um deus que se escondeu entre os humanos, uma sombra da força que já foi, mas... mesmo assim, pode ser o único que nos dará vantagem."

Rion parou ao lado de Leo antes de partir, e o chamou de lado, em tom baixo para não acordar Adrian.

"Ouça, Leo. Se alguma coisa der errado, há um lugar onde vocês estarão seguros, pelo menos por um tempo," ele disse, segurando firme o ombro de Leo e inclinando-se para perto. "A oeste daqui, seguindo o rio, há ruínas antigas, um lugar de adoração a Krig, o deus da coragem. Mesmo os mais leais a Karmus evitam pisar ali. Esse lugar ainda carrega o que restou da vontade de Krig... Vocês estarão protegidos lá."

Leo assentiu, absorvendo a gravidade das instruções de Rion. "Então, se algo der errado... levamos Adrian e Lyra para lá."

"Exato," respondeu Rion, com uma firmeza tranquila. Ele então abriu um alforje, retirando uma espada e um arco com aljava. "Vocês vão precisar disso. Treine não apenas você e Adrian, mas Lyra também. Ensine-a o básico... e treine vocês dois sem parar."

Leo pegou a espada e o arco, examinando-os brevemente antes de encarar Rion com um olhar determinado. "Prometo que vou."

Rion deu um último olhar em direção a Adrian, que ainda repousava à sombra das árvores, e então de volta a Leo. "Cuide dele, Leo. E lembre-se: Karmus vai continuar mandando seu pior. É uma guerra, e vocês ainda estão no começo dela."

Com uma troca silenciosa de confiança e uma expressão de despedida, Rion virou-se e desapareceu entre as árvores, deixando Leo segurando as armas com um novo peso sobre os ombros

Leo ficou por um instante parado, observando o ponto onde Rion desapareceu entre as árvores, as palavras do amigo ecoando em sua mente. Olhou para a espada e o arco em suas mãos, sentindo o peso não apenas das armas, mas também da responsabilidade que agora carregava. Inspirou fundo, tentando conter a ansiedade, antes de se aproximar de Adrian e Lyra, que ainda estavam descansando.

Ele acordou Adrian primeiro, tocando-lhe o ombro com cuidado. Adrian abriu os olhos, confuso, mas rapidamente se recompôs ao ver o olhar sério de Leo.

"Temos que partir," Leo murmurou, evitando acordar Lyra abruptamente. "Rion deu instruções e não podemos esperar. A oeste, seguindo o rio, há um lugar seguro - ruínas de um antigo templo de Krig. É o único lugar onde ficaremos longe do alcance de Karmus, pelo menos por um tempo."

Adrian sentou-se, esfregando o rosto e assentindo, ainda sentindo o cansaço da batalha, mas compreendendo a urgência. "E Rion? Ele não vem com a gente?"

A mitologia de Karmus - A primeira chamaOnde histórias criam vida. Descubra agora