Karmus estava sentado em um trono imponente, esculpido em obsidiana e adornado com símbolos de poder e dominação. A atmosfera ao seu redor era densa e carregada de uma energia inquietante, refletindo a natureza do próprio deus. O ambiente escuro contrastava com os ecos distantes de risadas e celebrações, mas a alegria dos outros não lhe interessava.
Um mensageiro, pálido e trêmulo, se aproximou, sua voz hesitante cortando o silêncio pesado.
"Senhor Karmus, venho trazer notícias de Kael... ele foi derrotado."
A expressão de Karmus mudou, um sorriso frio e sutil se formando em seus lábios. A ideia de que um verme como Kael houvesse encontrado seu fim era um pensamento doce, mas a falha de seu servo o irritava profundamente.
"Então, finalmente aquele imbecil encontrou o seu destino" - Karmus disse, a voz repleta de desdém. "Uma pena que ele não teve a capacidade de cumprir sua missão."
O mensageiro hesitou, nervoso com a atmosfera hostil que o cercava. Karmus inclinou a cabeça levemente, um gesto que poderia facilmente ser interpretado como
um convite a falar ou uma ordem para que ele se calasse."E quem foi o responsável por essa... interrupção?" Karmus perguntou, sua voz baixa e gélida.
"Um grupo de jovens, senhor. Adrian, Leo e Lyra... eles foram os que acabaram com Kael."
A fúria começou a borbulhar dentro de Karmus. Esses jovens, tão desprezíveis, estavam conseguindo fazer o que seus servos falharam em realizar. O deus se levantou, seu olhar se tornando afiado e penetrante, como uma flecha prestes a disparar.
"Eles devem ser eliminados. E, para isso, não confiarei em mais nenhum dos meus antigos servos," Karmus disse, sua voz ressoando na sala. "Jakt! Traga-me Jakt!"
A presença do deus da caça era inconfundível. Jakt entrou na sala, sua figura alta e esquelética mal iluminada, uma sombra do que fora um dia. Os olhos, uma vez cheios de vida e determinação, agora eram opacos, reféns da corrupção que Karmus havia imposto a ele. Jakt era uma casca vazia da vontade de Karmus, mas ainda assim, ele era uma ferramenta útil.
- Ouça, Jakt, Karmus ordenou, com um tom firme. - Os jovens Adrian e seus amigos acabaram de eliminar Kael. Eu preciso que você vá atrás deles. Traga-os até mim, vivos, se possível. Não os deixe escapar.
Jakt apenas acenou, sem emoção, seu olhar distante. Ele se virou e saiu, sua mente ainda presa nas sombras de suas lembranças, mas sua missão clara como cristal.
Karmus se recostou em seu trono, um sorriso maligno surgindo em seus lábios. A caçada estava prestes a começar, e ele estaria a um passo mais próximo de eliminar qualquer um que se atrevesse a se opor a ele, principalmente aqueles que faziam parte do legado de Krig. Ele sabia que a vitória estava em suas mãos, e dessa vez, não haveria falhas.
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Os jovens avançavam por uma trilha estreita, com o som das águas caindo ressoando ao redor deles, criando uma sinfonia natural que preenchia o ar fresco. Quando finalmente emergiram de entre as árvores, ficaram boquiabertos diante do que viam. À sua frente, uma vasta depressão revelava-se como um verdadeiro espetáculo da natureza. Um grande lago, agora reduzido a uma série de cachoeiras majestosas, desaguava em um abismo profundo, onde as águas cristalinas formavam um espetáculo de cores vibrantes, refletindo o céu azul acima.
As cachoeiras despencavam de rochas altas, a água caindo em um espetáculo resplandecente, como se as próprias estrelas tivessem decidido descer para a terra. Os jatos de água espirravam como diamantes sob a luz do sol, criando um arco-íris que dançava nas gotas suspensas no ar. O cheiro de umidade e terra molhada preenchia o ambiente, enquanto o vento trazia um sussurro de magia que envolvia o grupo, como se a própria natureza estivesse ciente de sua presença.
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A mitologia de Karmus - A primeira chama
AdventureAdrian, um jovem habitante da pacata cidade de Larian, vive uma rotina dividida na fazenda da família. Quando pesadelos perturbadores começam a assombrá-lo e um mensageiro misterioso traz notícias de uma ameaça iminente, Adrian é lançado em uma jorn...